CIÊNCIA & TECNOLOGIA

1º mamífero brasileiro tinha tamanho de gambá, diz pesquisadora

Animal foi descoberto em parceria da USP de Ribeirão Preto com estrangeiros.

Em 12/07/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O primeiro mamífero do Brasil viveu há até 87 milhões de anos e tinha o tamanho de um gambá, aponta um estudo feito em uma parceria de pesquisadores da USP de Ribeirão Preto (SP) com outros cientistas brasileiros, argentinos e americanos.

Batizado em homenagem a um personagem do cantor britânico David Bowie, o Brasilestes stardusti tinha 50 centímetros de comprimento, pequeno para os padrões atuais, mas o suficiente para ser três vezes maior do que qualquer outro animal da mesma classe que viveu no mesmo período dominado pelos dinossauros.

Publicada no final de maio pela "Royal Society Open Science", a descoberta foi possível graças ao fóssil de um dente encontrado em uma fazenda de General Salgado (SP) em 2016, poucos meses antes da morte de Bowie, que eternizou o personagem Ziggy Stardust.

A presença de raízes nos dentes, o que não se encontra em crocodilianos e dinossauros, acendeu o alerta para que os pesquisadores aprofundassem os estudos.

"Ficamos dois anos comparando com materiais de várias localidades do mundo começando com materiais sul-americanos e partindo pra todo o mundo. Chegamos à conclusão que se tratava de um material diferente de tudo que se conhece pra esse período e por isso nós chegamos à conclusão que se tratava de uma nova espécie", afirma Mariela Cordeiro de Castro, paleontóloga líder do estudo.

Maior do que o encontrado até então referente àquela época, as características do fóssil de 3,5 milímetros ajudam os pesquisadores na compreensão do modo de vida do Brasilestes stardusti.

"Uma é ter uma cúspide [extremidade aguda] que na mastigação serve pra rasgar e uma parte que parece um morteiro que é pra esmagar, pra moer. Essa característica permite atribuir essa nova espécie a esse grupo maior que inclui os marsupiais e os placentários", explica.

Para Mariela, a descoberta é um importante avanço na classificação dos animais que viveram na era dos dinossauros e na compreensão de sua evolução, sobretudo por manter ligações com bichos ainda existentes, diferente de outros casos conhecidos.

"Tem a questão taxonômica. Os mamíferos da Patagônia não deixaram representantes viventes, então a fauna que tem lá nesse período é totalmente diferente do que se conhece hoje em dia. Enquanto o Brasilestes é afim a um grupo que contém os marsupiais e os placentários."

(Foto: Reprodução/EPTV)