EDUCAÇÃO
Alunos passam a madrugada em escola ocupada na Zona Oeste de SP.
Pai tentou buscar aluna na madrugada, mas foi impedido por policiais.
Em 11/11/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Cerca de 30 estudantes ocupam a escola estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, na manhã desta quarta-feira (11). O ato é contra a reorganização do ensino no estado. Duas faixas da Rua Pedroso Alvarenga estão bloqueadas para o trânsito. Os alunos passaram a noite dentro da escola. A ocupação começou na manhã da terça-feira (10).
Na madrugada, segundo o Bom Dia São Paulo, o pai de uma aluna foi buscá-la e houve princípio de tumulto. Ele chegou a subir na grade, mas foi impedido de entrar pelos policiais. Pouco depois, a adolescente saiu da escola.
A Procuradoria Geral do Estado vai entrar com pedido de reintegração de posse da escola.
Em assembleia na noite da terça-feira, os estudantes decidiram que continuariam dentro da escola por tempo indeterminado. Outro grupo também ocupa uma escola estadual em Diadema, no ABC, desde a noite da segunda-feira (9).
Hoje, a escola Fernão Dias Paes tem turmas do ensino fundamental dos anos finais (6º ao 9º ano) e do ensino médio. Em 2016, com a reorganização do ensino, a escola passará a ter apenas o ensino médio. Os alunos do ensino fundamental serão transferidos, segundo a Secretaria da Educação.
Manifestação
A PM diz que os estudantes começaram a manifestação às 6h55 e impediram a entrada de funcionários. Policiais cercaram a escola.
Mesmo os alunos que chegaram pela manhã para assistir às aulas, sem participar do protesto, precisaram esperar a chegada dos familiares para a liberação da saída pela Polícia Militar.
De acordo com estudantes que estavam no local, outras escolas da região serão fechadas e, por isso, haverá um remanejamento na quantidade de alunos na escola Fernão Dias Paes. Os alunos reclamam que poderá ter pelo menos mais 10 pessoas por sala e que estudantes que moram em outros bairros podem ser obrigados a sair do colégio.
Pais preocupados
Maria Aparecida Pires, de 47 anos, foi ao local para buscar o filho Juarez, de 16 anos. "Sou a favor e contra. Acho que no período de aulas isso [protesto] só atrasa eles". Segundo a mãe, o filho ligou para ela ir buscá-la.
A mãe da estudante Júlia Helena Oliveira, de 15 anos, ficou preocupada com a quantidade de policiais que estão em frente à escola. “Até manifestar, acho tranquilo. O que me preocupou foi a polícia chegar nessa proporção. Quem tem que estar aqui conversando com eles não são esses policias. A mudança veio de cima para baixo. Ela não foi discutida", disse Juliana Oliveira, de 41 anos.
Juliana é professora de outra escola estadual, mas diz que estudou no Fernão Dias quando criança. A filha dela estuda no colégio ocupado e também participa da manifestação. Procurada pelo G1, a PM disse que apenas acompanha o protesto na escola.
A mãe Lúcia Helena Gonçalves Pereira, de 38 anos, foi buscar a filha. Ela estuda de manhã na escola e a mãe ficou preocupada com a demora da jovem. “Ninguém me ligou, ninguém me falou nada. Eu fiquei sabendo porque ela me ligou agora há pouco em casa, eu estava preocupada. Se, em vez de fazerem aqui, fossem até o palácio encher o saco do Alckmin, eu até concordo [com as reivindicações]”, afirmou.
Boletim de ocorrência
Segundo a Secretaria da Educação, por meio de sua assessoria de imprensa, há estudantes que ocuparam a escola que não são alunos da unidade. A pasta registrou boletim de ocorrência por depredação ao patrimônio público e afirmou que os alunos não quiseram conversar com representantes da secretaria.
De acordo com a diretora de ensino da região Centro-Oeste, Rosângela Valim, os funcionários da escola foram "surpreendidos por cerca de 40 pessoas que não são da escola". "É um grupo radical que está lá dentro e não deixam que as crianças saiam do prédio. Eles invadem o prédio público, colocam funcionários para fora da escola e não deixam ninguém entrar e sair. Isso é cárcere privado", afirmou.
"As crianças que estão lá dentro, não sabemos como elas estão. Os pais não sabem. Não temos acesso ao grupo de alunos. De 60 a 80 alunos. Não faz parte da rede. A escola é tranquila, não tem esse tipo de radicalismo. A diretora está estarrecida", disse Rosângela.
De acordo com ela, a direção quer entrar para conversar com os alunos, mas eles não "aceitam o diálogo".
Caso em Diadema
Na Escola Estadual Diadema, 18 alunos ocuparam o refeitório na noite desta segunda-feira (9), por volta das 19h, o que impediu as aulas do período noturno. Eles montaram barracas e tocaram bumbo, segundo a diretora de ensino de Diadema, Liane Bayer. Durante a madrugada, alguns pais foram buscar os filhos.
A E. E. Diadema tem Ensino Fundamental e Médio. No ano que vem, os alunos que irão para o 1º ano do Ensino Médio irão ser transferidos para a Escola Estadual Filinto Miller. Os que estão no 2º ou 3º ano concluirão os estudos na E. E. Diadema.
Fonte: G1-ES