SAÚDE

ANVISA aprova terapia inovadora para o tratamento de câncer gastrointestinal.

A terapia é responsável por uma taxa significativa de controle da doença.

Em 06/06/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Chega ao Brasil um novo tratamento aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para pacientes adultos com tumor estromal gastrointestinal (GIST) ou câncer gastrointestinal inoperável ou metastático que evoluiu ou é intolerante à outros tratamentos. A terapia é responsável por uma taxa significativa de controle da doença e redução de 73% do risco de progressão ou morte, de acordo com os testes clínicos do Estudo GRID realizado com 199 pacientes.
 
O regorafenibe (Stivarga®) age como um inibidor de multi-quinase oral que coibe várias quinases (enzimas catalizadoras da fosforilação) dentro dos mecanismos envolvidos no crescimento e progressão do tumor - a angiogênese, a oncogênese e o microambiente tumoral - e, durante o Estudo GRID, a terapia apresentou resultados positivos sobre a progressão do GIST (tempo de evolução e controle da doença/ taxa de resposta tumoral e duração) em comparação ao grupo placebo.
 
"O tratamento para o GIST depende da fase da doença em que se realiza o diagnóstico. Em fases iniciais o tratamento ideal é ressecção cirúrgica com intuito curativo. Porém em fases tardias, ou quando a doença recorre, geralmente estamos diante de uma doença crônica. Nessa fase existe poucas opções de tratamento sistêmico para combater a doença. Dessa forma a aprovação do regorafenibe disponibiliza um avanço importante no controle desse tipo de câncer para pacientes previamente tratados, no momento sem opção de tratamento sistêmico", afirma a Dr. Tulio Pfiffer, oncologista do Hospital Sírio Libanês.
 
Esse tipo de tumor é a forma mais comum do sarcoma, que é localizado no trato gastrointestinal (GI), composto por boca, faringe, esôfago e estômago (trato GI superior) e intestino delgado e intestino grosso (trato GI inferior), e se desenvolve a partir de tecidos moles de células conjuntivas, chamadas de intersticiais de Cajal. Essas células constituem parte do sistema nervoso autônomo, responsável por regular processos corporais, como a digestão de alimentos, e são chamadas de marca-passo do trato gastrointestinal, pois enviam sinais aos músculos do sistema digestivo de quando devem se contrair para impulsionar os alimentos e líquidos através do trato GI.
 
Dados internacionais indicam que 40% a 70% dos casos se originam no estômago, 20% a 40% ocorrem no intestino delgado, 5% a 15% surgem no colón e reto e menos de 5% ocorre no esôfago. No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) aponta que esses tumores correspondem a aproximadamente 1% das neoplasias primárias do trato digestivo, e a estimativa é de que a incidência seja de 7 a 20 casos por milhão de habitantes.
 
O MS também reforça essa constatação médica e indica que cerca de 20% dos casos são assintomáticos, e o diagnóstico é geralmente feito por meio de endoscopias, exames de imagem do abdômen ou procedimentos cirúrgicos, como gastrectomias. Considerada uma neoplasia rara, ligada a alterações genéticas, pode ocorrer em ambos os sexos e em qualquer idade. Porém, segundo a Sociedade Americana de Câncer a taxa de incidência aumenta com o avançar da idade, sendo mais comum em pessoas entre 50 a 80 anos de idade.  O GIST metastático representa de 15% a 47% dos casos diagnosticadas.
 
A cirurgia é a principal opção de tratamento para casos em que a doença que não se espalhou ou se expandiu apenas para tecidos próximos. Os pacientes podem receber ainda uma terapia alvo sistêmica - responsável por bloquear a multiplicação das células do tumor - se o mesmo não puder ser removido por meio de cirurgia ou se já tiver alastrado. Contudo, em alguns casos, ao longo do tempo, essas drogas perdem a sua eficácia, pois ocorrem novas mutações ou vias de sinalização alternativas se desenvolvem nas células tumorais.
 
 
Sobre o Regorafenife (Stivarga®) no mundo
Regorafenibe está disponível em mais de 100 países ao redor do mundo na indicação de GIST e também CRC (câncer colorretal) com aprovação pelo FDA e EMA.  O câncer colorretal é 2º tipo mais comum de câncer entre homens e 3º tipo mais comum entre mulheres, excluindo-se melanoma, segundo a Organização Mundial de Saúde. Para o câncer colorretal, foram realizados 2 estudos fase III. Ambos mostraram um benefício de Sobrevida Global favorável ao regorafenibe em comparação com o placebo, com perfil de efeitos adversos conhecidos dos estudos anteriores, manejável e toleráveis. Outro tumor em que houve benefício em usar Stivarga foi o hepatocarcinoma. O estudo Resource, de fase III, comprovou melhora na sobrevida nesta população quando utilizado como segunda linha de tratamento, após falha de Nexavar (sorafenibe). Os resultados deste estudo serão pela primeira vez apresentados no próximo mês, durante congresso mundial de tumores gastrointestinais (WCGI), em Barcelona.
 
Sobre o Estudo GRID
Trata-se de um estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, multicêntrico, Fase lll do Stivarga® para o tratamento do GIST, com 199 pacientes, cuja doença teve progressão apesar dos tratamentos anteriores (imatinibe e sunitinibe).
 
Durante a investigação, pacientes foram separados numa proporção de 2:1 para receberem o Stivarga® (160 mg uma vez ao dia, 3 semanas on/1 semana off) mais MTS (Melhor Terapia de Suporte) ou placebo mais MTS para avaliar a eficácia e segurança, tendo como objetivo primário SLP (Sobrevida Livre de Progressão), e os secundários incluíram SG (Sobrevida Global), tempo de progressão, controle das taxas da doença, taxa de resposta tumoral e duração da resposta. Os pacientes inicialmente randomizados para placebo foram autorizados a receberem Stivarga®, uma vez que a doença progrediu, o que aconteceu com 85% dos pacientes do grupo placebo.  O perfil global de segurança e tolerabilidade para o Stivarga® foi consistente com os resultados de estudos anteriores.
 
Fonte: Bayer