ECONOMIA NACIONAL

Após 2 anos de saídas, Brasil tem ingresso de US$ 9,4 bilhões em 2015.

Fluxo de dólares, porém, não impediu a disparada da moeda dos EUA.

Em 06/01/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Após dois anos de retiradas de recursos da economia brasileira, os dólares voltaram a entrar no país em 2015. Segundo divulgou o Banco Central nesta quarta-feira (6), o ingresso de divisas superou a saída de valores no Brasil em US$ 9,41 bilhões em todo ano passado. Em 2013 e 2014, respectivamente, US$ 12,26 bilhões e US$ 9,28 bilhões saíram do país.

A entrada de recursos favoreceria, em tese, a queda do dólar. Isso porque, com mais moeda norte-americana no mercado, seu preço tenderia, teoricamente, a ficar menor. Entretanto, o ingresso de recursos não impediu a disparada da moeda norte-americana, que avançou quase 50% no ano passado, a maior alta em 13 anos.

Além do fluxo de recursos, outros fatores também influenciam a cotação do dólar no Brasil. Entre elas, estão as sinalizações sobre a política de juros dos Estados Unidos, os indicadores da economia brasileira – que registraram desempenho ruim em 2015 – além de tensões políticas e notas das agências de classificação de risco (no ano passado, o Brasil perder o grau de investimento por duas das três maiores agências de rating).

Tendência de alta
Segundo o especialista no mercado de câmbio, Sidnei Moura Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora, a disparada do dólar no ano passado se deve à queda das importações (que geram menos retiradas de recursos do país), por conta da recessão na economia brasileira, e, também, aos problemas políticos e às perspectivas ruins para a economia brasileira.

Embora o mercado financeiro esteja prevendo o dólar em R$ 4,20 no fim de 2016, segundo pesquisa com mais de 100 instituições financeiras realizada na semana passada pelo Banco Central, Nehme acredita que o dólar terminará este ano por volta de R$ 5.

"Temos dois problemas sérios. Temos o problema politico, que é insuperável. A presidenta Dilma vai conviver com isso o seu mandato todo. Não vai chegar a um acordo. Tem uma base frágil e o governo não tem recrusos para atender às demandas dos políticos e temos uma crise econômica severa, com retração da atividade industrial. A perspectiva que a gente tem para 2016 não é diferente do que 2015, com um fato novo se destacando: o desemprego. Em 2016, vamos ter acentuadamente mais desemprego e isso impacta na renda e no consumo", avaliou ele.

Fluxos comercial e financeiro
O fluxo cambial brasileiro possui duas contas: a comercial, na qual são fechados os contratos de câmbio para operações de exportação e importação, e a conta financeira, que inclui as demais operações, como os investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos (parcelas dos lucros) e empréstimos tomados no exterior, entre outros.

Segundo o BC, a entrada de dólares do Brasil, em 2015, está relacionada unicamente com a conta comercial (que contabiliza os pagamentos das importações e exportações). Neste caso, com a queda de compras do exterior, houve um saldo positivo de US$ 25,48 bilhões em 2015. Pela conta financeira, onde transitam as demais operações, houve uma retirada de US$ 16,07 bilhões no ano passado.

Swaps cambiais
Outro fator que influencia a cotação do dólar é a decisão do Banco Central de não renovar o programa de oferta diária de swaps cambiais (que funcionam como uma venda futura de dólares). O programa vigora desde agosto de 2013. O Banco Central, no entanto, continua realizando estas operações em 2016.

Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período.

Com a disparada do dólar em 2015, o BC registrou prejuízo recorde de R$ 89,66 bilhões com as operações de "swaps cambiais". Foi a maior perda anual da série histórica, que começa, para anos fechados, em 2003. Até então, o maior prejuízo, em todo um ano, havia sido registrado em 2014 (R$ 17,32 bilhões).

Fonte: G1