MOTOR
Argo Drive 1.3 se destaca pela boa dirigibilidade e agilidade.
Segundo a marca, esta motorização será a mais procurada pelos clientes.
Em 01/06/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Nem Mobi, nem Uno, muito menos Palio. O próximo Fiat a concorrer ao pleito dos carros mais vendidos do país é o Argo. Para ganhar o voto (e a garagem) dos consumidores, o discurso escolhido é o de novidade, de um carro que chega para revolucionar um segmento.
Sem populismos, a versão mais popular do Argo será a Drive, de entrada. De acordo com a Fiat, ela vai representar 75% das vendas do hatch, sendo 35% com motor 1.0, 30% com motor 1.3 de câmbio manual e 10% com motor 1.3 e câmbio automatizado.
Como não havia unidades com motor 1.0 para teste, o G1 avaliou o Argo 1.3 manual e automatizado.
As propostas do candidato
Para levar o Argo 1.3, a Fiat pede R$ 53.900 para o veículo manual e R$ 58.900 para o automatizado. Os dois modelos são equipados com ar condicionado, direção elétrica, vidros e travas elétricas, sistema start-stop, computador de bordo com tela colorida, fixação Isofix, cinto de 3 pontos para todos os ocupantes, volante multifuncional e central multimídia de 7 polegadas.
A opção sem o pedal de embreagem ainda conta com controles de tração e estabilidade, controle de velocidade de cruzeiro, vidros traseiros elétricos, retrovisores elétricos e auxílio de partida em ladeiras.
Além disso, há como opcionais rodas de liga leve de 15 polegadas (R$ 1.900) e sensor de estacionamento e câmera de ré (R$ 1.200). O Drive manual possui um outro pacote, com retrovisores externos elétricos, luzes integradas, rebatimento e vidro elétrico traseiro (R$ 1.200).
Campanha de sucesso
Não é preciso propaganda eleitoral para descobrir que o Argo é o melhor veículo que a Fiat produz em Betim (MG). A qualidade da construção se aproxima dos produtos fabricados em Goiana (PE), Toro, Renegade e Compass.
Algumas peças são até mais bem montadas do que nestes modelos maiores e bem mais caros, caso das alavancas de seta com acionamento mais suave e dos botões de comando do ar condicionado, envoltos em material emborrachado.
Há margem para melhoria em alguns encaixes de painéis, mas os materiais utilizados ficam acima da média do segmento, tanto em qualidade como em variedade. O moderno design interior é outro ponto positivo.
A maior surpresa da cabine talvez seja a central multimídia com tela de 7 polegadas. Isso porque a Fiat estava anos luz atrasada no quesito conectividade – oferecendo equipamentos ultrapassados e de uso complicado.
Esta nova central, além do uso simples e intuitivo, oferece recursos como o espelhamento via Android Auto e Apple CarPlay.
O espaço interno também é superior ao de Palio e Punto. São 4 metros de comprimento, com 2,52 m de entre-eixos. No porta-malas, vão 300 litros.
Hatch ‘esperto’
Ao volante do Argo, os pontos positivos são o acerto da suspensão, voltada para o conforto, mas bem ajustada para uma tocada mais agressiva e o eficiente motor 1.3 Firefly. Com seus 109 cavalos, ele é mais potente do que o 1.4 do Chevrolet Onix, e entrega a força de forma mais linear.
O câmbio manual está com engates mais precisos, mas ainda fica um passo atrás das caixas de Volkswagen, Ford e Hyundai. Por fim, a direção elétrica é muito leve – até um pouco demais, e transmite as irregularidades do solo na medida certa, deixando a condução mais natural.
Já o câmbio automatizado...
A transmissão GSR passa por constantes melhorias. Ela tem como base a Dualogic aplicada pela primeira vez no Uno, no final de 2016. Já foi melhorada no Mobi GSR, e segue evoluindo.
Ainda assim, não consegue competir com uma caixa automática – nem com as mais simples, como a do Toyota Etios, de apenas 4 marchas. Em certas ocasiões, não há como evitar os trancos, e a função creeping (que acelera ligeiramente o carro para ajudar na saída) ainda é falha.
Outros postulantes ao cargo
Agora que o Argo foi devidamente apresentado vem a principal questão: ele tem condições de encarar os concorrentes estabelecidos? A ambição da Fiat é acabar com o mandato do Chevrolet Onix de veículo mais vendido do Brasil desde 2015.
A marca reconhece que, com a versão de entrada Joy (que não tem equivalente na linha Argo), a situação fica mais difícil. Por outro lado, a estimativa de emplacar 5 mil unidades por mês até o final de 2017 parece um tanto conservadora.
Comparando versões diretas, o Argo Drive 1.3, de R$ 53.900 fica entre as versões 1.4 do Onix. A LT, menos equipada, custa R$ 51.650. A LTZ, mais próxima do Argo, sai por R$ 56.650. Ainda assim, só o Fiat oferece mais itens exclusivos.
O confronto com o HB20 (segundo mais vendido do Brasil) é um pouco menos óbvio. O concorrente produzido em Piracicaba (SP) tem na versão Turbo a motorização mais próxima do Argo 1.3. Com 105 cv, o motor 1.0 é oferecido apenas na versão Comfort Plus. Sem central multimídia custa R$ 49.830. Com o equipamento, o valor vai para R$ 52.530. Mesmo sendo mais barato, ainda deve muito em equipamentos.
Concorrência dentro do ‘partido’ Fiat
A preferência pelo Argo dentro da Fiat se deu praticamente por aclamação. Pior para o Bravo e o Punto, que deixaram de ser produzidos e sumiram das concessionárias há meses. Também sobrou para o Palio.
O projeto mais importante da Fiat entre o fim dos anos 90 e o começo dos anos 2010 praticamente deixará de existir. A marca afirmou que, na linha 2018, restará apenas uma versão do Palio, Drive.
“O Palio vai continuar com motor 1.0, como opção para um cliente que procura algo mais tradicional”, disse Adriano Rezende, diretor de marketing da Fiat. Como comparação, o Palio 2017 possui 4 versões e 3 opções de motor – 1.0, 1.4 e 1.6.
Ainda assim, é difícil imaginar que o veterano consiga sobreviver tendo que dividir showroom com um rival muito mais moderno e custando praticamente o mesmo. Não seria difícil imaginar que ele desapareça nos próximos meses.
Conclusão
O Argo pode ser o ponto de virada da Fiat. Depois da decepção com o subcompacto Mobi, a marca italiana acertou com seu novo hatch. Ele possui boa oferta de equipamentos, é gostoso e dirigir e tem bom padrão de acabamento.
Com preços competitivos, eleva o nível do segmento de compactos, e vai dar trabalho para Onix e HB20. Que comece a competição.
(Foto: Peter Fussy/G1)