ESPORTE INTERNACIONAL
Atlelas indígenas começam a disputar modalidades de integração no JMPI.
As provas do arco e flecha, arremesso de lança e cabo de força abriram os jogos competitivos.
Em 26/10/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Um dia depois do previsto, os atletas indígenas começaram a disputar as primeiras baterias eliminatórias das modalidades de integração. As provas do arco e flecha, arremesso de lança e cabo de força – masculino e feminino – abriram os jogos competitivos e o programa esportivo dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI).
De acordo com os organizadores, o desabamento de parte do teto do refeitório dos indígenas adiou o início das sessões esportivas. Embora nenhum participante tenha se ferido, houve um pedido para que as provas começassem nesse domingo (25) em solidariedade aos trabalhadores que se machucaram no acidente.
Prática nobre entre os indígenas, o arco e flecha foi o primeiro esporte do dia. Cada flecheiro teve direito a três tiros, a 30 metros de distância. O alvo – um desenho de um peixe – conferia pontuações distintas, de acordo com o grau de dificuldade: a soma dos acertos indicaria a pontuação final de cada um. O olho do peixe é a região que confere mais pontos ao atleta.
Vinte e três atletas, de 15 etnias brasileiras e oito países, foram inscritos na eliminatória. Até o fechamento desta matéria, a organização não havia divulgado a lista de classificados. Danny Romero, flecheiro da Nicarágua, contou que seu instrumento de competição foi barrado pela imigração do Panamá em seu deslocamento e precisou entrar na prova com um tipo de equipamento bem diferente do que estava acostumado: “Tivemos que comprar outro e treinamos por dois dias com ele”.
A primeira bateria de arremesso de lança contou com a participação de 12 indígenas. As lanças padronizadas – para evitar que alguém trouxesse uma lança mais leve que a outra – poderiam superar os 60 metros de distância, em até três arremessos. Itaguari Pataxó acabou superando a marca alcançada pelo representante norte-americano, vencendo a prova com a marca de 45,31 metros.
“Não esperava jogar a lança tão longe assim. Foram três meses de treinamento e a técnica é mais importante do que a força. Na hora, eu me concentrei bem, dei uma relaxada na mão e senti a energia e o carinho da torcida. Já mostramos a que viemos. Agora é só treinar mais um pouco”, vibrou Itaguari, que teve o nome de sua etnia gritado pela arquibancada durante sua série de arremessos.
As disputas de cabo de força levantaram o público na arena. A torcida foi intensa, com muitos gritos e aplausos. A animação era maior ainda em embates contra equipes estrangeiras. A disputa entre os índios Manoki e um combinado de atletas dos Estados Unidos e Filipinas fez o público gritar a cada centímetro avançado. A disputa parecia interminável e a bandeirinha mal se movimentava para um lado ou para outro. Os Manoki, por fim, cansaram e foram derrotados, mas não faltaram aplausos.
Enquanto atletas puxavam a corda, membros de cada tribo incentivavam ao lado, motivando com gestos e gritos. Outro embate que levantou o público foi dos Kura Bakairi, campeões nacionais de cabo de força, contra os Maori, da Nova Zelândia.
Os neozelandeses assumiram a dianteira na disputa, puxando a corda com força, em movimentos coordenados. Parecia uma disputa resolvida, quando a tribo da oceania perdeu gás e os Kura Bakairi mostraram porque são campeões nacionais. Recuperaram os metros perdidos e venceram o confronto. Muita festa dos índios brasileiros. Ao final, as duas tribos se abraçaram, mostrando espírito esportivo.
As mulheres também entraram na arena para a competição. Destaque para as índias Pataxó, que contaram com o grito das arquibancadas e dos membros da tribo, com seus manacás, no cabo de força contra as peruanas. Já as Bororo Boe não deram chance às panamenhas. Cinco mulheres que passaram mal durante os confrontos receberam o atendimento médico, que estava a postos nas areias da Arena Verde.
Manifestação
Um grupo de cinco indígenas das etnias pataxó, krikati e xacriabá entraram na arena de competições trazendo cartazes em inglês e português contra a PEC215, denunciando o genocídio indígena e cobrando a demarcação de terras indígenas. Um deles chutou uma das bandeiras de marcação da área de lançamento da lança. O protesto foi pacífico.
Fonte: EBC