POLÍTICA INTERNACIONAL

Atual presidente da Croácia perde eleições para ex-premier

Resultados mostram Zoran Milanovic com 52,73% e Kolinda Grabar-Kitarovic com 47,27%.

Em 05/01/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: HRTVijesti/Reprodução

O ex-premier social-democrata Zoran Milanovic, que prometeu tornar a Croácia um país mais tolerante, foi o vencedor das eleições presidenciais no país, derrotando a atual presidente, conservadora, neste domingo.

Segundo resultados quase definitivos da Comissão Eleitoral, Kolinda Grabar-Kitarovic, que tentou durante a campanha atrair a direita radical, obteve 47,27% dos votos, contra 52,73% para seu rival, defensor de uma Croácia “normal”, com foco na Europa.

Os 3,8 milhões de eleitores escolheram entre dois enfoques para o país, banhado pelo Adriático: a “Croácia autêntica”, que Kolinda afirma representar, e a “Croácia normal”, defendida pelo social-democrata Milanovic.

O segundo turno eleitoral ocorreu dias depois que a Croácia assumiu a presidência rotativa de uma União Europeia que terá que gerenciar a era pós-Brexit. A participação era de 44% duas horas e meia antes do fechamento das urnas, cinco pontos menor do que em 2014, indicou a Comissão Eleitoral.

A eleição de hoje evidenciou a ascensão da direita em um país que enfrenta a pressão dos migrantes em suas fronteiras e, como seus vizinhos dos Balcãs, um êxodo em massa de seus habitantes. Isso sem contar a corrupção endêmica.

Croácia próspera

Na Croácia, a função presidencial é, em grande parte, honorária. Para conseguir um segundo mandato, Grabar-Kitarovic, de 51 anos, terá que atrair a ala dura do eleitorado de direita que, no primeiro turno, votou em um cantor populista.

“Vamos construir uma Croácia mais próspera, que olha para o futuro e não para o passado”, disse após votar.

Uma derrota complicaria a situação para o partido que a apoia, p HDZ, e para o primeiro-ministro moderado Andrej Plenkovic nas legislativas do outono.

Grabar-Kitarovic, que recebeu 27% dos votos no primeiro turno, confiou em seus apelos de “unidade”. Durante a campanha, enfatizou seu patriotismo e a guerra de 1991-1995, uma questão muito sensível no país. “Temos que nos unir como em 1990” antes da declaração de independência, repetiu esta semana.

Ela se apresentou como uma mãe igual às demais e destacou sua origem humilde. Seus detratores a repreendem por seus muitos erros.

Um país normal, honesto

Seu rival Zoran Milanovic, com uma reputação de arrogante e elitista, considera perigoso o conceito de “Croácia autêntica”.

O social-democrata, que dominou o primeiro turno com um terço dos votos, reiterou neste domingo que a eleição “não é uma batalha contra alguém, mas uma tentativa de tranformar o país em normal e honesto”.

Defensor de uma “Croácia para todos, para cidadãos iguais”, insiste que seu país “não está mais em guerra”, deve se voltar para o futuro e “lutar por seu lugar na Europa”.

Seus apoiadores aplaudiram em 2011 a chegada ao poder deste homem isento de acusações de corrupção. Mas seu governo desapontou, incapaz de lutar contra o clientelismo e de desenvolver a economia.

A Croácia foi o último país a entrar na UE, em 2013, mas sua economia, muito dependente do turismo, é uma das mais fracas do bloco. A adesão acelerou o êxodo dos croatas em busca de uma vida melhor, mas também por causa da corrupção, do clientelismo e da baixa qualidade dos serviços públicos. (AFP)