Augusto Ruschi recebe título honorário em centenário.

O naturalista Augusto Ruschi completaria 100 anos neste sábado (12), dia em que recebe, em memória, o título de Doutor Honoris Causa da Ufes, durante um dia de celebração no Museu de Biologia Professor Mello Leitão, fundado por Ruschi, em 1949, em Santa Teresa. A Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi, também fundada pelo naturalista, promove uma observação de beija-flores, das 7h às 17h, em Aracruz.

Augusto Ruschi nasceu em Santa Teresa, município da região Noroeste do Espírito Santo, em 12 de dezembro de 1915, e começou a estudar a natureza aos 14 anos. Ele é, até hoje, o principal autor de obras científicas sobre beija-flores do país. Ruschi classificou 80% das espécies brasileiras de colibris, catalogou mais de 600 espécies de orquídeas, além de identificar 50 novas espécies.

Ruschi se formou em Agronomia, em 1940, e em direito, em 1950. Ele publicou mais de 500 trabalhos científicos e escreveu 22 livros. Aos 22 anos já era professor na UFRJ. Seu trabalho foi importante para a criação de várias reservas ambientais no Brasil e no mundo.

Morte
Ruschi morreu no dia 3 de junho de 1986, após passar 10 dias internado com cirrose hepática. Ele foi velado na câmara municipal de Santa Teresa por parentes e amigos. Poucas pessoas compareceram ao velório. Ruschi era defensor ferrenho da natureza e provoucou ódio de industrialistas ao longo da vida.

O corpo do naturalista foi enterrado na reserva de Santa Lúcia, em uma sepultura localizada ao lado de uma cascata. A região é a maior reserva de orquídeas e bromélias do mundo. O caixão foi carregado por dois quilômetros em uma trilha na mata.

Colibri
Em 1998, pesquisadores do Museu Mello Leitão retomaram a pesquisa de Augusto Ruschi, procurando pelos colibris catalogados pelo naturalista. Eles fizeram um levantamento de toda a pesquisa de Ruschi, procurado pelas 27 espécies que foram catalogadas em Santa Teresa.

O colibri é um símbolo do Espírito Santo e tem importante papel na natureza, sendo responsável pela reprodução de inúmeras espécies de planta. O beija-flor bate as asas 80 vezes por segundo e é o único pássaro que consegue pairar no ar.

Filho
André Ruschi é filho de Augusto. Ele seguiu o caminho do pai e trabalha como biólogo, ecólogo e educador ambiental, coordenando a Estação Biologia Marinha em Aracruz. Segundo André, o pai foi um pioneiro e um exemplo que tem prazer em seguir.

"Ele foi o pioneiro da tese de que era necessário preservar a biodiversidade original das espécies nos ambientes originais delas, para que fosse possível trabalhar a resistência das doenças, das pragas agrícolas das espécies que a gente usa para se alimentar. Antes só existiam reservas para preservar monumentos culturais. Foi a partir da tese, que ele apresentou em um congresso, que começou um programa mundial de preservação", conta o filho.

O biólogo também afirma que o pai foi o primeiro cientista a cogitar a existência do aquecimento global. "Ele foi o primeiro a dizer que ia ter aquecimento global,. Ele foi muito combatido por que dizia que ia virar deserto, que ia secar, que ia acabar a água no Rio Doce", conta.

André Ruschi diz que se sente honrado em comemorar os 100 anos do pai. "Sinto-me privilegiado. É muito bom, graças a Deus estamos trabalhando na mesma área. Estou honrando a memória de meu pai e da minha família. É uma maneira de servir muito interessante, isso traz um crescimento pessoal muito grande", explica, emocionado, Ruschi.

Título
O título de Doutor Honoris Causa foi concedido pelo Conselho Universitário no dia 26 de novembro, acolhendo proposta do reitor Reinaldo Centoducatte apresentada em 5 de agosto de 2015. O título é atribuído a personalidades que tenham se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos.

Programação
8h - Sessão Solene com exibição do documentário O Guanambi (1976), de Orlando Bonfim
9h30 - Celebração ecumênica
17h - Outorga do título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Espírito Santo, seguida por comemoração com concertina e agnoline (capelete)
Local: Museu de Biologia Professor Mello Leitão - Av. José Ruschi, 4 - Santa Teresa
Entrada gratuita

Fonte: G1-ES