ECONOMIA NACIONAL
Banco Central eleva Selic a 9,25% e sinaliza nova alta de 1,5
Banco Central subiu a Selic em 1,5 ponto percentual pela segunda vez consecutiva, a 9,25%.
Em 09/12/2021 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
A magnitude da elevação foi ao encontro de expectativa unânime do mercado, de acordo com pesquisa Reuters com 31 economistas.
O Banco Central subiu a Selic em 1,5 ponto percentual pela segunda vez consecutiva, a 9,25% ao ano, em mais um passo de seu agressivo aperto monetário para conter a inflação, e indicou novo ajuste do mesmo tamanho na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em fevereiro.
Em comunicado, o BC também afirmou que agora passará a trabalhar para ancorar as expectativas de inflação em torno da meta, e não mais no alvo central definido pelo governo, estimando IPCA de dois dígitos neste ano e mais perto do topo da meta em 2022.
“O Copom considera que, diante do aumento de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista”, disse.
“O Comitê irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.”
A magnitude da elevação foi ao encontro de expectativa unânime do mercado, de acordo com pesquisa Reuters com 31 economistas.
Com a investida, o BC fecha 2021 com a Selic 7,25 pontos acima da mínima histórica de 2%, nível atingido em meio à pandemia e que vigorou até março, numa tentativa de recolocar a inflação nos trilhos em meio ao galopante avanço de preços na economia.
O BC reiterou que a inflação ao consumidor continua elevada, surpreendendo para cima tanto nos componentes mais voláteis como nos itens associados à inflação subjacente, ao mesmo tempo em que apontou que os mais recentes indicadores de atividade mostraram evolução “moderadamente abaixo da esperada”.
A autoridade monetária piorou suas projeções para o IPCA nesta quarta-feira, enxergando alta de 10,2% em 2021 e de 4,7% em 2022, acima dos percentuais de 9,5% e 4,1% calculados no último Copom e também acima das metas centrais de 3,75% e 3,5%, respectivamente, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Para 2023, a estimativa subiu a 3,2% (3,1% antes), contra meta de 3,25%, também com banda de 1,5 ponto.
Com as alterações, os cálculos da autoridade monetária ficaram mais próximos aos traçadas pelos agentes econômicos no boletim Focus mais recente: IPCA estourando o teto da meta tanto em 2021 (+10,18%) quanto em 2022 (+5,02%), e ficando acima do alvo central em 2023 (+3,50%).
Apesar de o tamanho do ajuste na Selic não ter causado surpresa, o mercado aguardava a decisão para ter mais clareza quanto aos próximos passos do BC e sua visão sobre a tarefa de guiar as expectativas de inflação, num cenário em que elas têm se distanciado cada vez mais das metas, mesmo em meio à fraca atividade econômica.
No fim de outubro, data da última reunião do Copom, o discurso do BC era de que, com o ritmo de aperto de 1,5 ponto, mas mirando uma taxa terminal diferente, ainda seria possível fazer o IPCA de 2022 convergir para a meta de 3,5% –alvo que já era visto com ceticismo pelo mercado.
De lá para cá, a inflação mostrou persistência, a economia deu sinais retumbantes de desaceleração e o governo abraçou oficialmente a defesa de uma flexibilização da regra do teto de gastos na PEC dos Precatórios para conseguir acomodar mais gastos no ano eleitoral de 2022. O mecanismo, que limita a expansão anual dos gastos públicos, era encarado como a única âncora fiscal efetiva do país. (Por Marcela Ayres; edição de Isabel Versiani - REUTERS)
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