ESPORTE NACIONAL

Bastidores desagradam Muricy Ramalho: Se quiser, me manda embora.

Eu comecei aqui no São Paulo com nove anos de idade. É a minha primeira casa.

Em 22/02/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Muricy Ramalho foi bastante pressionado após a derrota do São Paulo para o Corinthians, na última quarta-feira, em Itaquera, pela primeira rodada da Copa Libertadores da América. O técnico viu a Independente, principal organizada do clube, publicar texto pedindo a sua saída nas redes sociais, mas, neste sábado, testemunhou reação diferente dos torcedores presentes ao Morumbi na goleada tricolor por 4 a 0 sobre o Grêmio Osasco Audax, pelo Campeonato Paulista: foi ovacionado pelas arquibancadas e teve o seu nome gritado até mesmo por membros uniformizados.

Este paradoxo chamou a atenção não só de jornalistas, como também do próprio treinador. Após a partida, Muricy concedeu entrevista coletiva um tanto quanto calma, mas, no fim, elevou o tom de voz ao relatar que movimentos internos no clube estão o desagradando. O comandante são-paulino colocou o dedo indicador em riste e pareceu usar o microfone da sala de imprensa do Morumbi para mandar um recado direto a quem quer vê-lo fora do clube em breve.

“Eu comecei aqui no São Paulo com nove anos de idade. Não é nem a minha segunda casa. É minha primeira. A torcida sabe do trabalho que eu faço aqui. Ela é muito grata. Claro que tem pessoas que querem fazer o torcedor pensar diferente. Mas eu estou aqui há anos e sei de todos os movimentos. E eu não estou gostando dos movimentos. Mas estou atento a tudo isso aí. Estou ligado. A gente tem de ser mais São Paulo. Eu incomodo mesmo. O que me interessa é o clube em primeiro lugar. Se me quiser fora, tem de mandar embora. É simples”, avisou, claramente irritado.

Especula-se que, neste momento, a relação entre Muricy e Carlos Miguel Aidar não seja a das melhores. Tudo por causa da amizade que o treinador tem com o antigo presidente tricolor, Juvenal Juvêncio – desafeto do atual principal dirigente são-paulino. Isto, contudo, não assusta o técnico, que, em outro momento “tenso” da coletiva deste sábado, enfatizou que sua vida e relações pessoais não devem interessar a ninguém.

“Eu falo com quem eu quiser”, declarou, antes de repetir esta mesma frase em torno de quatro vezes ao longo dos minutos seguintes. “Tenho meu emprego e não preciso agradar ninguém. Ninguém me proíbe de nada. O negócio aqui é trabalhar. Respeito e gosto do Juvenal para caramba. É a minha vida. Se as pessoas não estiverem satisfeitas, eu saio. Sou um cara sério e é difícil para caramba ser assim. Estou sofrendo por ser deste jeito”, acrescentou.

Muricy Ramalho começou a sua terceira passagem como treinador do São Paulo no segundo semestre de 2013. Ele foi contratado para evitar o rebaixamento tricolor à Série B e conseguiu. No ano seguinte, foi vice-campeão brasileiro, semifinalista da Copa Sul-Americana, mas passou a sofrer pressão pela ausência de títulos. O ano de 2015, então, é crucial para a sua permanência no clube – até porque seu contrato se encerra em dezembro. No primeiro desafio da temporada, contudo, Muricy escalou time questionável e perdeu para o Corinthians em Itaquera, antes de ele mesmo dizer que o São Paulo “só tinha técnica”. Ataíde Gil Guerreiro, vice-presidente, deu respaldo ao técnico, mas, ao que parece, tal confiança não é nutrida por Carlos Miguel Aidar.

Por Bruno Landi/Terra