ECONOMIA INTERNACIONAL
BC da Turquia eleva juros de 1,25% para 17,75% ao ano
Lira já caiu 16% neste ano com dúvidas sobre política monetária e inflação do país.
Em 07/06/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O banco central da Turquia elevou sua taxa de juros referencial em 1,25 ponto percentual, para 17,75%, nesta quinta-feira (7), dando mais um passo para afirmar sua independência semanas depois de uma alta emergencial nos custos de empréstimo.
Preocupações sobre a crescente influência do presidente Tayyip Erdogan na política monetária e dúvidas sobre a capacidade do banco central de conter a inflação de dois dígitos fizeram com que a lira despencasse cerca de 16% este ano.
A lira firmou-se em 4,4516 contra o dólar após a decisão, de 4,5799 antes do anúncio do banco central.
"Na nossa opinião, elevar os juros em 1,25 ponto percentual é um forte sinal 'hawkish' de que o banco central é totalmente comprometido em retomar o controle sobre a inflação ao tentar estabilizar a lira", disse Piotr Matys, estrategista de câmbio de mercados emergentes do Rabobank.
Com isso, o banco elevou os juros em 4,25 pontos percentuais em pouco mais de duas semanas, após alta de 3 ponto em reunião de emergência na semana passada. Em um esforço para elevar a transparência, também voltou a adotar uma única taxa de juros.
O banco central afirmou nesta quinta-feira que permanece pronto para apertar a política monetária novamente se necessário para conter a inflação.
Os investidores esperavam a segunda alta, particularmente após na segunda-feira terem mostrando que a que a inflação anual subiu para 12,15% em maio.
"Apesar das perspectivas moderadas para as condições de demanda, os elevados níveis de inflação e expectativas de inflação continuam a representar riscos ao comportamento de precificação", disse o banco em comunicado divulgado após a última reunião do comitê de política monetária antes da eleição nacional em 24 de junho.
"Assim, o Comitê decidiu reforçar ainda mais o aperto monetário para sustentar a estabilidade de preços".
Onze dos 16 economistas entrevistados pela Reuters esperavam que o banco aumentaria sua taxa de recompra de uma semana, entre os quais cinco esperavam um aumento de 1 ponto percentual e um previa alta de 0,75 ponto. Outros cinco consultados não viam alteração na taxa.
Argentina
A Argentina decidiu também elevar as taxas de juros para conter os estragos causados pela forte valorização do peso argentino. A taxa chegou a 40% ao ano no dia 5 de maio.
Para efeito de comparação, a taxa básica de juros no Brasil, a Selic, está em 6,5% ao ano.
Desde que o presidente Mauricio Macri tomou posse, em dezembro de 2015, e acabou com o controle cambial instituído em 2011, os índices de preços dispararam.
A inflação bateu 41% em 2016, desacelerou a 24,8% no ano passado e voltou a subir, atingindo 25,4% nos 12 meses até março.
Depois do aumento dos juros nos EUA no fim de março, para o intervalo 1,5% a 1,75%, o dólar disparou na Argentina e, depois de algumas tentativas fracassadas do Banco Central de conter a alta com instrumentos de intervenção no mercado de câmbio, viu-se obrigado a subir juros.
(Foto: Huseyin Aldemir/Reuters)