POLÍTICA INTERNACIONAL

Boris Johnson aposta sua carreira política no Brexit

Segundo sua irmã, Rachel, quando criança, ele queria ser rei do mundo.

Em 12/12/2019 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: REUTERS/Francois Lenoir/17.10.2019

Boris Johnson se tornou primeiro-ministro prometendo o Brexit “custe o que custar” e espera ser reeleito nesta quinta-feira para poder levá-lo adiante, mas se for derrotado, não só vai perder, mas porá em risco a saída da União Europeia, junto com sua carreira política.

Alimentando sua imagem de jovialidade, durante a campanha trocou pneus de carros de Fórmula 1, tosou ovelhas e degustou whisky na Escócia.

Mas embora seja um dos políticos mais populares do país, este homem de 55 anos com uma cabeleira loira revolta, desperta muitas críticas por uma retórica populista que lhe valeu a comparação com Donald Trump e uma falta de rigor que muitos denunciam como mentiras.

“A verdade importa?”, questionou a moderadora durante um debate eleitoral. “Acho que sim”, respondeu Johnson, arrancando risadas do público.

Apesar de tudo, as pesquisas sugerem que seu Partido Conservador se dispõe a obter a maioria absoluta necessária para dar uma guinada na situação adversa que viveu desde sua eleição, em julho, para o lugar de Theresa May.

Em seus primeiros meses no poder teve uma série de reveses: 21 deputados conservadores se rebelaram contra ele, a justiça anulou por considerar “ilegal” sua suspensão dos trabalhos parlamentares, perdeu moção após moção e acabou obrigado a pedir um terceiro adiamento do Brexit, apesar de ter dito que preferia “estar morto em uma vala”.

Bisavô turco

No referendo de 2016, este grande fã de Winston Churchill – sobre quem escreveu uma biografia – surgiu como um dos principais defensores do Brexit, mas só após realizar um exercício incomum.

Colunista do jornal conservador The Daily Telegraph, havia preparado um artigo anunciando que apoiava a permanência no bloco e outro afirmando o contrário, o que deu a impressão de que sua decisão escondia um cálculo político.

“O único em que Boris Johnson acredita é Boris Johnson”, disse à AFP o ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) Pascal Lamy, que conhece a família Johnson desde que Boris era um rapaz que estudava na Escola Europeia de Bruxelas, onde seu pai foi um eurodeputado.

Conhecido popularmente como “BoJo”, Alexander Boris de Pfeffel Johnson nasceu em 1964 em Nova York, no seio de uma família de políticos, jornalistas e celebridades.

Um de seus bisavós era turco e foi ministro do último Império Otomano.

E ele sempre se refere a ele quando é acusado de islamofobia. Como quando comparou as mulheres vestidas de burca a caixas dos correios, declarações que junto com outras lhe renderam também a acusação de misoginia, embora seus partidários as qualifiquem como simples brincadeiras.

“Rei do mundo”

Segundo sua irmã, Rachel, quando criança, ele queria ser “rei do mundo”.

Seguindo a trajetória clássica das elites britânicas, estudou nas prestigiosas Eton e Oxford.

Em 1987 iniciou uma carreira de jornalista no ‘The Times’, que o demitiu um ano depois por inventar algumas declarações. Entre 1989 e 1994 foi correspondente do Telegraph em Bruxelas, onde escreveu artigos que ridicularizaram as regulações europeias.

“Não inventava as histórias, mas sempre caía no exagero”, lembra Christian Spillmann, jornalista da AFP em Bruxelas nestes anos.

Eleito deputado em 2001, ele perdeu um cargo na cúpula conservadora três anos depois por mentir sobre um caso extraconjugal. Um dos vários escândalos pessoais de um político que não quer dizer quantos filhos tem… além dos quatro reconhecidos.

Divorciado duas vezes, agora mora em Downing Street com a namorada, Carrie Symonds, de 31 anos.

Ganhou status de estrela após ser eleito prefeito de Londres em 2008 e, embora lhe atribuam alguns projetos desastrosos, brilhou com os bem sucedidos Jogos Olímpicos de 2012.

Na mente de todos ficou a imagem do prefeito Johnson, engasgado em uma tirolesa durante os Jogos e agitando uma bandeirinha enquanto aguardava ser despendurado, uma situação ridícula que, graças ao seu carisma, conseguiu tornar favorável.

Foi nomeado ministro das Relações Exteriores por May em julho de 2016. É acusado de ter cometido erros diplomáticos graves antes de pedir demissão dois anos depois por desavenças sobre a estratégia do Brexit. (AFP)