AGRICULTURA

Brasil caminha para contabilizar carbono de produtos de madeira

Os dados brutos de produção madeireira são obtidos do banco de dados estatísticos da FAO.

Em 12/03/2023 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Vera Eiflerr/Embrapa

Pesquisadores da Embrapa Florestas começam a mensurar dados em todo produto florestal, como um móvel, um livro ou tábua.

Um estudo inédito da Embrapa Florestas, unidade localizada em Colombo (PR), começou a mensurar os dados de acúmulo de carbono em produtos florestais madeireiros, os chamado PFM no jargão técnico, como madeira serrada, painéis de madeira e papel e papelão, bem como resíduos descartados desses materiais.

O primeiro levantamento foi elaborado em 2020, utilizando o ano de 2016 como referência, e contabilizou 50,7 milhões de toneladas de CO2 equivalente no país. O número obtido, apesar de ser considerado ainda pequeno, quando comparado a outros países, representa 3,5% do total de emissões de GEEs (gases de efeito estufa), e é deduzido da conta final de emissões brutas, o que pode ser cada vez mais estratégico para o Brasil.

Esses dados foram incluídos no Inventário Nacional de GEE enviado à Convenção-Quadro das UNFCC (Nações Unidas sobre Mudança do Clima, na sigla em inglês). O relatório, publicado a cada cinco anos, apresenta um panorama sobre a implementação no país da chamada Convenção do Clima e tem como um dos principais componentes a revisão e atualização do Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de GEEs não Controlados pelo Protocolo de Montreal.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Florestas Luiz Marcelo Rossi, responsável pela coordenação do relatório sobre a remoção dos PFM, a metodologia do IPCC-2006 (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) estabeleceu modelos, cálculos e dados de referência, como, por exemplo, a densidade de cada madeira considerada e o teor de carbono dos produtos.

“A madeira é composta por carbono em cerca de 50%, assim todo PMF, como um móvel, um livro, uma tábua contém carbono que foi retirado da atmosfera pelas árvores. Dessa maneira o carbono permanece armazenado no produto até que inicie a decomposição e consequente emissão e CO2 após o uso”, afirma Rossi. “Assim, a produção e uso de PMF é uma forma de aumentar a remoção de CO2 da atmosfera contribuindo para redução dos efeitos das mudanças climáticas.” A contribuição dos produtos florestais na remoção de CO2 representa cerca de 13% das emissões brutas do setor Uso da Terra, Mudança do Uso da Terra e Florestas (LULUCF, na sigla em inglês).

Produtos contabilizados para carbono

Os dados brutos de produção madeireira são obtidos do banco de dados estatísticos da FAO (Agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) e usados nos cálculos do carbono dos produtos florestais. O banco de dados possui informações desde 1961, com atualizações periódicas. “Para o cálculo das estimativas de carbono, considera-se a produção e as perdas de madeira anuais, além do descarte dos produtos em uso e a taxa de decomposição da madeira, a qual emite CO2 para a atmosfera, obtendo-se assim o balanço de carbono desses produtos a cada ano” explica o pesquisador.

Para a estimativa final do estoque de carbono dos produtos florestais madeireiros é considerada a produção de toras que se destina a vários processos industriais, exceto madeira e carvão, já que, pela metodologia do IPCC, essas categorias geram emissão imediata de carbono.

“A madeira em tora produzida pelos plantios é transformada em três tipos principais de produtos industriais: produção de papel e papelão, painéis, chapas e laminadose madeira serrada”, afirma Rossi. Os produtos são contabilizados até essa etapa de processamento, apesar de a madeira seguir por outros processos de transformação como, por exemplo, painéis que viram móveis, papéis para confecção de livros e madeira serrada para construção de casas. (Por Redação Forbes Agro)

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