ESPORTE INTERNACIONAL
Brasil vence prova masculina do evento-teste da maratona aquática no Rio.
A competição é o único evento-teste da modalidade para os Jogos Olímpicos Rio 2016.
Em 25/08/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Com maré alta e temperatura em torno de 18,5ºC (abaixo dos 16 graus não há competição), 25 atletas de nove países largaram na manhã de sábado (22) para cumprir os 10 km do percurso montado ao lado do Forte de Copacabana para a primeira prova do Aquece Rio Evento Internacional de Maratona Aquática. A competição é o único evento-teste da modalidade para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Participaram da prova competidores do Brasil, República Tcheca, Canadá, Hungria, Japão, Itália, Grã-Bretanha, Irlanda e Holanda.
Apesar do apelo midiático da prova, que teve predominância de brasileiros (15 atletas do País participaram da prova masculina), o resultado não foi o que mais importou. Ainda assim, o Brasil fez a festa com a vitória do baiano Allan do Carmo, que protagonizou uma chegada emocionante e superou, na batida de mão, o japonês Yasunari Hirai.
O canadense Richard Weinberger foi o terceiro colocado, com o italiano Simoni Ruffini em quarto. Allan terminou a prova em 2h03min53s9. Hirai fez o tempo de 2h03min54s4 e Weinberger cravou a marca de 2h03min57. Medalha de prata nos 5km por equipe no Mundial de Kazan, no início do mês, Diogo Villarinho não completou o desafio.
“Foi uma prova disputada e difícil também por conta das condições do mar, que estava movimentado e mexido”, analisou Allan. “Fiz uma prova de recuperação e pelo mar estar mexido tem que ter muita referência e um senso de direção grande, mas essa é uma das minhas características”, continuou o nadador.
Como a prova não contava pontos para o ranking mundial, o mais importante, tanto para os atletas quanto para a organização foi, de fato, testar não só o percurso (que deve ser oficializado pela Federação Internacional de Natação para os Jogos Olímpicos Rio 2016), mas toda a logística que será exigida para a competição olímpica no ano que vem.
De acordo com Gustavo Nascimento, diretor de gestão de instalações do Rio 2016, cerca de 400 pessoas (entre staff do Rio 2016, da Prefeitura e terceirizados) estiveram envolvidas na organização da prova, de modo que todas as situações possíveis para os Jogos Olímpicos pudessem ser testadas.
“A gente escolheu fazer em agosto para testar tudo, inclusive temperatura da água, condições de maré, até para prover aos atletas as condições mais próximas de competições que eles vão encontrar no ano que vem”, explicou Gustavo.
Segundo ele, o principal desafio na prova do sábado foi a operação dos barcos na hora da prova. Ele explicou, inclusive, que o atraso de meia-hora em relação ao horário inicialmente estipulado para a largada (era para ser 9h e passou para 9h30) se deveu a um atraso na chegada dos oficiais de prova, que vieram da Marina da Glória. Segundo o dirigente, por conta das condições do mar o trajeto de barco teve que ser feito em uma velocidade mais baixa do que a prevista.
Como os atletas estranharam um pouco o fato de o circuito ter um percurso diferente para a primeira volta em relação às demais, Gustavo não descartou a possibilidade de ajustes serem feitos para a competição olímpica no ano que vem. Segundo ele, os atletas ainda serão ouvidos e apenas depois do fim do evento (em uma ou duas semanas) é que a Federação Internacional de Natação irá analisar a competição para se pronunciar.
Sem poluição
Um aspecto muito indagado pela imprensa no evento-teste da maratona aquática aos atletas foi a avaliação sobre as condições da água. Ao contrário do evento-teste da vela, em Copacabana não houve queixas sobre poluição.
O japonês Yasunari Hirai e o italiano Simoni Ruffini, que pela primeira vez competiram no Rio de Janeiro, além de Allan do Carmo, não tiveram qualquer reclamação e elogiaram a prova e a organização.
“A água estava ok. Achei a água bem clara e deu até para ver a minha mão (na hora das batidas). Não vi qualquer sinal de poluição”, declarou Hirai. “Gostei muito da prova e do circuito. Eu gosto de condições difíceis de prova. As condições do Mundial de Kazan e daqui foram muito difíceis e acho que no ano que vem podemos ter surpresas”, continuou o japonês, que ainda não tem vaga assegurada para os Jogos Rio 2016.
Campeão dos 25 km do Mundial de Kazan e com vaga garantida para os Jogos Rio 2016, Simoni Ruffini elogiou não só a água e a prova como a cidade do Rio de Janeiro. “Foi tudo muito bom. Eu amo o Rio e estou feliz por estar aqui. A água estava muito boa e correu tudo bem”, declarou o nadador.
Para Allan, o mais difícil foram a temperatura e as condições do mar. “A água estava muito fria, com 18,5 graus. Ainda mais para mim, que sou da Bahia e acostumado com água de 24 a 26 graus. Sobre sujeira não deu para ver nada. Eu não bati em nada sólido durante a prova e o mais complicado mesmo foi a dificuldade de o mar estar mexido”, analisou o brasileiro.
Amadores vivem dia histórico
Por ter sido feita em agosto e pouco após o Mundial de Kazan, a maioria dos atletas que largaram para o evento-teste neste sábado foi do Brasil. Mas para dois nadadores em particular o dia foi muito especial.
Com o número 12 no braço, Christian Smith Alves, e seu amigo, Thiago Salles Martins (número 15), são nadadores amadores, que foram chamados de última hora depois que dois atletas acabaram desistindo de competir. Como não estavam acostumados a nadar os 10 km, os dois concordaram em disputar apenas uma volta (2,5km) e, assim, completar o número de 25 atletas na largada.
“Nós competimos mais em campeonatos estaduais”, explicou Thiago. “Como faltaram dois atletas e tinha que ter 25 atletas para completar a largada para testar o evento como um todo, nos chamaram para participar”, continuou o nadador, que se disse orgulhoso por ter feito parte de um evento-teste olímpico. “Eu era o número 15 e o Allan do Carmo era o número 16. Então fiquei do lado dele o tempo todo. Foi muito legal. Tenho história para contar agora por muito tempo”, comemorou Thiago, 41 anos e economista, que nada regularmente há cinco anos.
“Surgiu o convite e a gente pensou: Ué, vamos encarar junto com os melhores do mundo para ver como vai ser”, divertiu-se Christian, 23 anos, que trabalha em um banco com análise do mercado financeiro. Ele contou que os dois treinam de segunda a sábado, sempre antes de ir trabalhar. “Tem que gostar muito mesmo. Atleta amador sofre mais do que profissional. Eles treinam e descansam. A gente treina e tem que ir trabalhar depois. Eles têm preparação física e tudo. A gente nada porque gosta mesmo”, comparou Christian.
O percurso
Em resumo, a prova funciona como qualquer outra da natação. Os atletas largam de uma plataforma e devem percorrer os 10 km de um percurso delimitado por bóias. No evento-teste, os atletas nadaram em um circuito que consiste em uma reta e, depois, três voltas por um percurso de cinco boias. O percurso é um dos grandes testes do Aquece Rio: a expectativa é de que a Federação Internacional de Natação (FINA) dê a sua aprovação para que o mesmo circuito seja utilizado nos Jogos Olímpicos.
Fonte: Brasil 2016.