ECONOMIA CAPIXABA
Café importado ameaça plantações do ES com 8 pragas.
Estudo do Incaper revela que entrada de grãos põe plantações em risco.
Em 03/02/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Um estudo inédito do Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Agropecuária (Incaper) identificou pelo menos oito pragas que têm potencial capacidade para destruir cafezais capixabas e brasileiros, caso a importação dos grãos seja liberada pelo governo federal.
“São doenças que vêm na embalagem e nas sacarias. Se não for feita uma avaliação de risco desse material, essas pragas têm grande chance de vir para o Brasil”, alertou o presidente do Incaper, Marcelo Suzart.
Os resultados do estudo vão ser apresentado para o governo do Espírito Santo e para a bancada capixaba na Câmara Federal e no Senado, na próxima semana.
O material, com mais de 200 páginas, foi desenvolvido pelos pesquisadores José Aires Ventura e Romário Gava Ferrão. A ideia é que os resultados sirvam de ferramenta para impedir que o mercado brasileiro seja inundado com café do exterior, o que diminuiria a competitividade dos nossos grãos e prejudicaria os produtores locais.
Nos cálculos do Incaper, a importação de café robusta para o Brasil vai afetar 120 mil famílias do setor, que trabalham numa área de 400 mil hectares de sete estados, com maior impacto para o Espírito Santo, Rondônia e Bahia.
No estado, a cafeicultura é a principal atividade agrícola, estando em aproximadamente 60 mil das 90 mil propriedades. São 133 mil famílias vivendo do ramo, sobretudo pequenos produtores de base familiar.
O governo do Espírito Santoé contra a importação de café. “Somos completamente contra. Não vamos aceitar qualquer tipo de liberação da importação. Vamos atuar na defesa intransigente do nosso produtor rural. Há um conjunto de fatores que justificam a posição contrária do estado”, destacou o secretário de estado da Agricultura, Octaciano Neto.
Além das questões fitossanitárias, ele destaca fatores como a seca histórica dos últimos três anos, que fez com que o custo da produção aumentasse. “Não faz sentido importar café para prejudicar um produtor rural que trabalhou e sofreu nos últimos três anos. O segundo problema é o aumento dos custos, que elevaram demais.”
O secretário também rebate o argumento da indústria, que justifica que o estoque interno de grão é insuficiente, de 2,2 milhões de sacas.
“Nós olhamos com o conjunto do governo nos estoques particulares, cooperativas, empresas e temos mais de 4 milhões de sacas de café disponíveis para a indústria comprar. Não dá para admitir essa conversa da indústria de que não há café suficiente”, completa.
Doenças mapeadas pelo Incaper
1) Coffee Berry Disease
Causa perdas de até 75% na produção. A infecção dos grãos é mais claramente diagnosticada nos frutos jovens. Os grãos são destruídos e acabam ficando chocos e sem valor comercial.
2) Coffee Wilt Disease
A severidade da doença chegou a 90% nas plantações do Congo e, mais recentemente, em Uganda e na região do Lago Vitória, na Tanzânia. Causa a morte das plantas.
3) Brocas dos Ramos e Tronco do Cafeeiro
Várias espécies de besouros têm sido relatadas em países da África e da Ásia, causando elevadas perdas nas plantas e consequente redução da produtividade. Os ovos destas pragas poderão vir aderidos à sacaria do café importado.
4) Cochonilhas
São insetos pequenos que sugam a seiva. As perdas econômicas destas pragas incluem os custos do controle que globalmente são estimados ser de aproximadamente US$ 5 bilhões por ano.
5) Striga
Planta parasita que penetra através do sistema radicular da plana hospedeira, causando efeitos como a redução na fotossíntese.
6) Monilíase do cacaueiro
É uma doença causada pelo fungo Moniliophthora Roreri, que pode reduzir em até 80% a produção de cacau.
7) Mal-do-Panamá
Em países como o Brasil, o cultivo de bananeiras costuma ser consorciado com o café, passando a doença dee uma planta para a outra.
8) Xanthomonas da Bananaeira
É uma nova e altamente devastadora doença da bananeira. A transmissão ocorre através dos insetos, pássaros e morcegos.
g1/Espirito Santo