POLÍTICA INTERNACIONAL

Caminhões de venda de tacos se tornam símbolo contra Trump.

Frase infeliz de apoiador de Trump gerou campanha de orgulho latino.

Em 09/09/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

De um comentário contra os imigrantes mexicanos e vendedores de tacos feito por um colaborador do candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, surgiu uma campanha de orgulho latino que tem o objetivo de transformar pontos de venda desta comida típica em centros de registro de eleitores.

Tudo começou com um alerta do mexicano-americano Marco Gutiérrez, fundador do grupo Latinos por Trump, sobre o efeito dominante dos imigrantes e as consequências de não eleger o magnata, embora o resultado não tenha sido o que ele provavelmente esperava.

"Minha cultura é muito dominante, se impõe e causa problemas. Se não fizermos algo, vamos ter um caminhão de tacos em cada esquina", disse Gutiérrez, em uma entrevista à emissora "MSNBC", sobre a presença de 'food trucks' e similares nas ruas de todo o país.

A frase "caminhão de tacos em cada esquina" foi recebida primeiro como piada e repetida nas redes sociais, mas depois alguém viu o proveito que se podia tirar disso em nível político, no momento em que a campanha pela Casa Branca está na reta final e é muito disputada.

Em Arizona, Colorado e Nevada, as sedes do Partido Democrata estamparam imediatamente a frase em suas fachadas, como um apelo à participação dos eleitores.

Depois, surgiu na Califórnia o Partido dos Vendedores de Tacos", que, meio de brincadeira e meio a sério, defende as chamadas "loncheras" e os vendedores ambulantes de alimentos, e declara que os 'food trucks' surgidos em Los Angeles representam o melhor dos Estados Unidos: "um empresariado multicultural e de pensamento avançado".

"Queremos que haja 'loncheras' de Montana a Kentucky, e em frente a cada escritório de Trump no país", afirma um manifesto publicado nas redes sociais, que acrescenta um apelo pela legalização de "milhões de pessoas que trabalham como imigrantes ilegais".

Lalo Alcaráz, que aparece como ministro de Propaganda do Taco do partido, disse que o trabalho honesto e o espírito empresarial sempre foram "algo bom" neste país, mas o Partido Republicano "mostra que foi muito baixo ao atacá-lo".

Por sua vez, a Câmara de Comércio Hispânica dos Estados Unidos (USHCC) lançou nesta semana a iniciativa "Guac The Vote" para aproveitar a força de seus quatro milhões de associados e dobrar o registro e a mobilização de eleitores em favor da candidata democrata, Hillary Clinton, a quem apoiaram publicamente.

"Guac" é uma abreviação de guacamole, que tradicionalmente é servido nos tacos e outros pratos mexicanos.

"Os vendedores de tacos são o melhor dos pequenos empresários, e podemos aproveitar seu estímulo para registrar eleitores", declarou Javier Palomárez, presidente da USHCC, em declarações enviadas à Agência Efe.

"Caminhões de tacos nos postos de votação de cada um dos 50 estados durante o dia da eleição mostrariam a realidade do patriotismo dos hispânicos", acrescentou.

Na eleição presidencial de 2004 houve 113.754 postos de votação em todo o país, razão pela qual seria impossível que os "taqueros" cobrissem todos, mas os ativistas de Vozes da Fronteira de Wisconsin consideram positiva a contribuição dos ambulantes a seu esforço de registro.

"Temos que rejeitar com nosso voto o ódio e o racismo de Trump", declarou à Agência Efe a diretora-executiva da organização, Christine Neumann Ortiz.

Ortiz lembrou que, segundo uma pesquisa do Pew Research Center sobre eleitores hispânicos nesta eleição presidencial, os latinos representam 12% dos eleitores e podem inclinar a balança a favor de um ou outro candidato.

"Talvez tenhamos que agradecer a Marco Gutiérrez por esta piada sobre os caminhões de tacos ter estimulado o interesse na eleição e a afluência dos latinos às urnas", comentou a ativista.

Por outro lado, líderes da comunidade hispânica de Denver expressaram sua preocupação após o ataque de vândalos nesta semana a um caminhão de venda de tacos que estava estacionado em frente aos escritórios de campanha de Trump na cidade.

"Infelizmente, em resposta a nosso direito garantido pela Primeira Emenda de protestar em uma assembleia pacífica, o caminhão foi vandalizado. A polícia agora está investigando", informou o vereador Paul López, representante do Distrito 3 de Denver e promotor da iniciativa.

EFE