Cascas de abacaxi e frutas estragadas, que iriam direto para o lixo, podem virar um cicatrizante com efeito comparável ao de antibióticos.
A descoberta é de pesquisadores da Universidade de Sorocaba e da Estadual de Campinas.
O estudo identificou que a proteína do abacaxi, a bromelina, combinada à nanocelulose bacteriana, obtida de frutos passados, tem ação antimicrobiana aumentada em até dez vezes.
Outro resultado é o efeito potencializador de atividades importantes para a cicatrização, como o aumento de antioxidantes e da vascularização.
Por isso, o produto é indicado para ferimentos que demoram a fechar, queimaduras e até de feridas ulcerativas.
Ângela Jozala, coordenadora do Laboratório de Microbiologia Industrial e Processos Fermentativos da Universidade de Sorocaba, detalha a ação combinada da proteína do abacaxi com a nanocelulose bacteriana.
Sonora: “A bromelina removeria a pele morta ou aquilo que está infeccionado e a nanocelulose protegeria a bromelina também para ela fazer a ação e seria muito fácil de remoção, pra troca, sem ferir novamente o paciente. Então traria alívio, pra dor, pra ação de qualquer outra coisa que você queira aplicar e conseguir mais fácil essa revitalização da pele”.
O cicatrizante, anti-inflamatório e antimicrobiano foi comparado com medicamentos disponíveis no mercado e, de acordo com Ângela, o produto à base de proteína de abacaxi mostrou-se tão eficiente quanto antibióticos padrão.
Na próxima fase da pesquisa, serão feitos testes com bactérias mais difíceis de se combater, as de hospitais.
Também haverá mais testes direcionados, visando a comercialização do novo curativo.
Sonora: “A gente ainda tem muito a trilhar porque uma que a ciência não pára né e duas que faltam os ensaios clínicos, que são os testes de eficácia, segurança, tal, o que tem que ter provado para Anvisa aprovar pra ser comercializado”.
De acordo com a pesquisadora, a proteína do abacaxi tem ainda a vantagem sobre os antibióticos de não causar resistência antimicrobiana.
(Foto: Divulgação)