POLÍTICA INTERNACIONAL
Catalunha pode declarar independência nesta terça (10)
Governo não ficará sem resposta, diz vice-presidente do governo espanhol.
Em 10/10/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Nesta terça-feira (9) às 13h (horário de Brasília) ocorre a sessão no Parlamento da Catalunha em que é esperado que o presidente desta região autônoma, Carles Puigdemont, possa declarar unilateralmente a independência em relação à Espanha.
A Catalunha realizou um referendo pela independência no dia 1º de outubro, que teve comparecimento de apenas 43%, dos quais 90% afirmaram que querem a separação do país e a formação de uma república. A votação do referendo foi considerada ilegal pelo governo de Madri desde o primeiro momento em que a região anunciou sua intenção.
A consulta foi marcada pela violência policial, quando as forças de segurança enviadas por Madri tentaram evitar sua realização em cem diferentes seções eleitorais.
Da decisão de Puigdemont depende o destino de 16% da população espanhola que vive nessa região do nordeste da Espanha, grande como a Bélgica e que contribui com 19% do PIB do país. A União Europeia já alertou que, em caso de separação, o território ficaria fora do bloco.
No último fim de semana, milhares de espanhóis foram às ruas e pediram que Puigdemont voltasse atrás. Na segunda, a prefeita de Barcelona, que é a capital da Catalunha, também pediu que ele não declarasse a independência porque "a coesão social" pode estar em risco.
"Se a independência for declarada unilateralmente, o governo não ficará sem resposta", insistiu nesta segunda a vice-presidente do governo espanhol, Soraya Saenz de Santamaria.
O que dizem as leis
As autoridades espanholas argumentam que a separação não é legal porque a Constituição do país declara que o país é indivisível. Além disso, a Constituição também estabelece que só o rei pode convocar um plebiscito, depois de ser proposto pelo chefe do governo, com autorização do Congresso.
O governo espanhol ainda considera que Puigdemont e outras autoridades catalãs que incentivam a independência cometem o delito de rebeldia.
Puigdemont, por sua vez, defende que a declaração de independência está prevista na lei do referendo, aprovada no Parlamento regional, e que seu governo vai adotar “o que diz a lei”. A lei foi aprovada em setembro, um ano depois de os partidos separatistas conquistarem a maioria absoluta dos assentos no Parlamento.
A lei catalã que determinou a realização do referendo diz que o Parlamento da Catalunha deve declarar a independência da região após uma proclamação de vitória do "sim" pela comissão eleitoral da Catalunha.
Puigdemont chegou a pedir uma mediação para a crise, mas o governo central tem afirmado que não haverá diálogo até que se desista da ideia.
O que pode acontecer
Diante do risco de separação da região, que é uma das mais ricas do país, o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, diz que fará o que for possível para impedir a independência da região e preservar a unidade nacional.
De acordo com o jornal espanhol “El País”, o governo em Madri está estudando algumas opções legais:
- Ativar o artigo 155 da Constituição, que pode suspender a autonomia da região.
Para ativar este artigo, que diz que o governo pode adotar medidas para obrigar as regiões autônomas a seguir suas instruções, o governo precisa da aprovação do Congresso espanhol. Mas isso não deve ser um empecilho, já que o partido PP, de Rajoy, tem a maioria absoluta. No entanto, essa medida nunca foi tomada e há dúvidas sobre se pode ser efetivo.
De acordo com a agência France Presse, se Carles Puigdemont avançar em sua determinação, uma suspensão da autonomia da Catalunha por parte do Estado poderia, por sua vez, levar a um conflito na região.
- Decretar situação de interesse para a segurança nacional.
Neste caso, o governo poderá nomear uma autoridade para “dirigir e coordenar” a situação. Fontes ouvidas pelo “El País” dizem que a medida foi feita para situações de catástrofes e atentados e que, por isso, não está claro como seria nesta questão.
- Decretar estado de alarme, sítio ou exceção.
A aplicação do estado de alarme possibilita que os funcionários e a polícia da região autônoma passem a depender do governo central. No entanto, tampouco há certeza sobre sua aplicação para a crise na Catalunha.
O estado de sítio, que precisa de aprovação de maioria simples no Congresso, suspende os direitos fundamentais e permite, entre outras medidas, detenções administrativas e proibição de protestos.
Por último, o estado de exceção precisa da aprovação de uma maioria absoluta e permitiria a suspensão dos direitos de presos e a autoridade civil do governo seria substituída por uma militar.
(Foto: REUTERS/Ivan Alvarado)