ESPORTE INTERNACIONAL
CEO da Intel vendeu ações antes de falha em chips
Empresa sabia do erro desde julho de 2017.
Em 05/01/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Brian Krzanich, presidente-executivo da Intel, vendeu parte das ações que detinha da empresa pouco mais de um mês antes de ser revelada uma grave falha nos processadores fabricados pela companhia, que deixam bilhões de aparelhos vulneráveis a ataques de hackers.
O CEO da Intel vendeu 245 mil ações em novembro de 2017.
Já as falhas, chamadas de Spectre e Meltdown, só foram detalhadas publicamente nesta semana por Google, a companhia de segurança Cyberus Technologies e outros especialistas em cibersegurança.
Segundo informaram essas empresas, a Intel sabia da falha, pelo menos, desde julho de 2017, quatro meses antes de Krzanich vender os papéis.
Após a venda, o presidente da empresa ficou com um estoque de 250 mil ações, o mínimo estabelecido por contrato para que ele continue à frente da Intel. A liquidação dos papéis ocorreu três dias antes das ações da Intel atingirem seu maior valor em 2017. Ao longo do ano, Krzanich fez 21 vendas. Todas essas transações foram comunicadas à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês).
Questionada pelo site Business Insider, a SEC evitou informar se conduz uma investigação sobre o negócio.
A Intel informou que a venda das ações não estão relacionadas com as brechas nos processadores da empresa.
“As vendas de Brian não são relacionadas. Foram feitas em consonância com um plano de venda de ações pré-arranjado com uma agenda automática de venda. Ele continua a deter ações em linha com as diretrizes corporativas”, afirmou a Intel, em comunicado.
Falha em processadores
Como a Intel é a maior fornecedora de chips de computadores, especialmente para servidores e notebooks, a falha tem alcance universal. A estimativa é que todos os chips da Intel desde 1995 sofrem do problema, à exceção de modelos Itanium e Atom produzidos até 2013.
Mas os processadores da Intel não são os únicos afetados. Os chips da AMD e da ARM Holding também apresentam a falha.
A fabricante dos iPhones não é a primeira a admitir que o problema com os processadores afeta seus produtos. A Microsoft já informou que vai liberar uma atualização do Windows para contornar a brecha nos computadores em que está instalado. O mesmo vai ocorrer com o Linux. A Mozilla já informou que alterar o Firefox por causa das falhas.
Spectre e Meltdown
Tanto Meltdown quanto Spectre permitem que programas maliciosos explorem brechas na forma como processadores funcionam. Por meio delas, um desses programas pode para ler a memória de outros programas e, a partir daí, acessar informações sensíveis.
A diferença entre as duas brechas é que a Meltdown é exclusiva de chips da Intel, enquanto a Spectre também atinge outros fabricantes. Outro ponto que diferencia as duas é o tipo de memória que pode ser lida.
Enquanto a Spectre permite a leitura da memória de outros programas, a Meltdown permite a leitura da memória do kernel -- o "coração" do sistema operacional.
Em geral, o kernel não possui informações muito úteis, já que quase todos os dados pessoais e sensíveis ficam na memória usada por aplicativos.
O kernel, no entanto, pode conter dados técnicos relevantes para que outras brechas sejam exploradas. Além disso, quem ler a memória do kernel pode, na prática, ver qualquer outra memória do computador, o que garante um acesso mais abrangente.
A falha Meltdown é a mais grave e a mais fácil de ser explorada. Mas também é a mais fácil de ser corrigida, pois basta uma atualização do sistema operacional que roda na máquina atingida.
Já a Spectre é bastante difícil de explorar e a mais difícil de corrigir. Isso porque é provável que diversos programas tenham que seu impacto seja minimizado.
(Foto: Ethan Miller/Getty Images/AFP )