POLÍTICA INTERNACIONAL

China e sanções à Rússia são pautas da Cúpula do G7, no Japão

Hiroshima acolhe, entre a próxima sexta-feira (19) e domingo (21), mais uma Cúpula do G7.

Em 18/05/2023 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: ISSEI KATO/REUTERS

Os líderes da Cúpula do G7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá), já começaram a chegar a Hiroshima, onde tentarão apresentar uma frente unida contra a Rússia e a China, bem como, outras questões estratégicas em que os seus interesses nem sempre estão alinhados.

A cidade japonesa de Hiroshima acolhe, entre a próxima sexta-feira (19) e domingo (21), mais uma Cúpula do G7. As sanções contra a Rússia depois da invasão da Ucrânia, as ambições da China em relação a Taiwan e o desarmamento nuclear vão estar em debate.

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, deverá receber os líderes das outras seis grandes democracias industrializadas do grupo na cidade marcada pela destruição nuclear em 1945 e que alberga atualmente numerosos monumentos à paz, de sexta-feira a domingo.Os líderes dos países do G7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá) tentarão apresentar uma frente unida contra a Rússia e a China, mas também sobre outras questões estratégicas em que os seus interesses nem sempre estão perfeitamente alinhados.

Invasão da Ucrânia

A invasão da Ucrânia, lançada pela Rússia há 15 meses, vai dominar a agenda, com “discussões sobre a situação no terreno”, revelou o conselheiro de Segurança dos EUA, Jake Sullivan.

Os Estados Unidos e os seus aliados aumentaram o envio de armas para a Ucrânia. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky deverá participar na cimeira do G7 por videoconferência.

As conversações devem centrar-se no reforço das sanções a Moscovo, que já levaram a uma contração da economia russa no primeiro trimestre de 2023.Os líderes do G7 vão também discutir sanções contra o comércio russo de diamantes, que rende anualmente vários milhares de milhões de dólares a Moscovo.

As repetidas ameaças de Putin de transformar a guerra na Ucrânia num conflito militar já foram condenadas pelo grupo dos sete países mais industrializados do mundo.

Chantagem económica

Os líderes da Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e União Europeia deverão também dedicar parte das discussões à China e, em particular, à forma de se protegerem de uma eventual chantagem económica de Pequim, diversificando a produção e as cadeias e as cadeias de abastecimento. Isto numa altura em que o Governo de Xi Jinping se mostra disposto a recorrer a barreiras comerciais.A escalada de ameaças de Pequim contra Taiwan vai também estar em cima da mesa.

No entanto, os países europeus, nomeadamente França e Alemanha, querem garantir que a eliminação dos riscos não significa o corte de relações com a China, um dos maiores mercados mundiais, com um conselheiro de Emmanuel Macron a insistir que o G7 “não é um G7 anti chinês”

Outro dos temas em debate vai ser o desarmamento nuclear. Esta semana, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou aos países do G7 para que declarem que não usarão “em nenhuma circunstância” armas nucleares.

"Este é o momento em que devemos insistir na necessidade de revitalizar o desarmamento e especialmente o desarmamento nuclear", disse Guterres aos órgãos de comunicação social japoneses, antes de visitar Hiroshima.

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, quer aproveitar a cimeira para pressionar os restantes líderes do G7 a comprometerem-se com a transparência em matéria de stocks e de redução dos arsenais nucleares.

Armas nucleares

As autoridades norte-americanas afirmaram que Washington não irá promover uma agenda independente sobre armas nucleares em Hiroshima, enquanto fontes governamentais alemãs afirmaram que o desarmamento nuclear não era uma prioridade, acrescentando que era "importante principalmente para o Japão".

O Japão também convidou oito países terceiros para Hiroshima, incluindo grandes economias emergentes como a Índia e o Brasil, numa tentativa de conquistar alguns líderes relutantes em se oporem à guerra da Rússia na Ucrânia e às crescentes ambições militares de Pequim.Hiroshima destruída por bomba atómica.

Os líderes do G7 já começaram a chegar a Hiroshima, a cidade que ficou destruída por uma bomba atómica norte-americana, a 6 de agosto de 1945, que provocou a morte a 140 mil pessoas.

Para sábado está prevista uma visita ao Museu Memorial da Paz da cidade, que contém exposições que mostram a dimensão da tragédia.

Custo humano

Espera-se que Kishida, Joe Biden, Rishi Sunak e outros líderes do G7 vejam as exposições, incluindo uma simulação que reproduz a onda de destruição que se seguiu ao bombardeamento, com o custo humano representado pelo mundano - uniformes escolares rasgados, o conteúdo enegrecido de uma lancheira e um triciclo cujo dono de três anos morreu 24 horas depois do bombardeamento.

A decisão do primeiro-ministro japonês de escolher Hiroshima para acolher a cimeira vem acompanhada de uma forte dose de simbolismo, cuja presença física mais marcante, a cúpula da bomba atómica, estará à vista dos líderes quando depositarem flores num memorial fúnebre para as 333.907 pessoas cujas mortes foram atribuídas à bomba atómica há quase oito décadas.Além disso, a família de Fumio Kishida é natural de Hiroshima e o atual primeiro-ministro japonês foi um funcionário eleito da cidade.

Kishida pretende usar a cimeira do G7 para exortar os seus convidados, incluindo o Reino Unido, a França e os EUA, que, em conjunto, possuem milhares de ogivas nucleares, a comprometerem-se com a transparência sobre os seus arsenais e a reduzi-los.

No período que antecedeu a cimeira, Kishida falou do seu desejo de "um mundo sem armas nucleares".

"Acredito que o primeiro passo para qualquer esforço de desarmamento nuclear é proporcionar uma experiência em primeira mão das consequências do bombardeamento atómico e transmitir firmemente a realidade", afirmou o primeiro-ministro japonês. (Por Cristina Sambado - da RTP - c/ agências)

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