MOTOR

Chinesa Geely deve voltar ao Brasil no próximo ano

Geely chegou a vender 2 modelos no Brasil entre 2014 e 2016.

Em 17/07/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Em 2018, as importadoras de veículos devem respirar livres com o provável fim das restrições impostas pelo programa Inovar-Auto, e isso pode abrir caminho para a volta de marcas. Uma delas é a chinesa Geely, que encerrou as vendas no Brasil em 2016, depois de 2 anos e apenas 1 mil unidades emplacadas.

"Temos que agir com segurança agora. Todos falam que o imposto maior (IPI) será retirado, mas vamos esperar pra ver no papel", afirmou Michael Gao, diretor comercial da Geely na América Latina.

A marca chinesa é a que mais cresce no mundo atualmente, com avanço de 84% nos emplacamentos no 1º semestre do ano, segundo dados da consultoria focus2move.

No ano passado, as vendas subiram quase 50%, impulsionada por novos modelos e pelo prestígio de ser a atual dona da Lotus e da sueca Volvo, com quem deve compartilhar tecnologias cada vez mais.

"Agora temos também novos SUVs, que são os mais desejados, e podemos entrar melhor no mercado brasileiro", disse Gao.

Nada de 'baratinhos'

Caso a nova política industrial para o setor confirme a expectativa, a Geely deve voltar rapidamente ao mercado, apostando em novos SUVs, em vez do compacto GC2 e do sedã EC7 vendidos em sua primeira passagem pelo Brasil.

Com desenho assinado por Peter Horbury, ex-chefe de design da Volvo, o Emgrand GS é um crossover que apareceu no mercado argentino com motor 1.8, de 140 cv, e câmbio manual ou automático, ambos de 6 velocidades. Na China, há opção de 1.3 turbo.

A versão mais completa tem 6 airbags, controle de estabilidade, sensor de estacionamento, câmera de ré e teto solar. Na Argentina, onde carros importados são vendidos em dólar, o preço começa em US$ 24.380 (cerca de R$ 78 mil).

Já o Emgrand X7 Sport tem mais características de SUV e vem com motor 2.0, de 141 cv, ou 2.4, de 162 cv, com tração nas 4 rodas na versão topo de linha, que inclui sistema de entretenimento com conectividade para smartphones. O preço na Argentina parte de US$ 31.250 (R$ 100 mil).

Questão comercial

A Geely iniciou a operação no Brasil em 2014 por meio do Grupo Gandini, que também representa a Kia no país. A interrupção em 2016 criou um desconforto com os chineses, mas de acordo com Luiz Gandini o contrato de representação no Brasil ainda é válido.

No entanto, o diretor da Geely na América Latina não confirmou quem comandará o retorno. Não está descartada uma operação oficial da marca no Brasil, assim como foi feito na Argentina, onde as vendas começaram no final de 2016.

Os veículos podem vir do Uruguai, onde a Geely tem uma parceria para montar veículos no esquema CKD (em que o carro chega completo, mas desmontado), ou então diretamente da China.

"A planta no Uruguai está pronta para atender o mercado brasileiro quando a situação melhorar", afirmou Gao.

O representante brasileiro espera retomar as conversas com a Geely em breve. "Posso voltar a conversar a partir de agora, com essa nova realidade (para 2018). O que posso dizer é que os SUVs são bem comercializáveis no Brasil, ", afirmou Gandini.

Segundo Gandini, que também é presidente da associação de importadoras (Abeifa), as marcas que retornarem deve focar em produtos com maior valor agregado, não mais nos modelos de entrada.

"Ficou muito difícil de competir neste segmento sem ter fábrica no Brasil. Nos SUVs acima de R$ 100 mil já consegue brigar melhor, mas não vai ser fácil fazer volume porque os carros nacionais também melhoraram bem", completou Gandini.

(Foto: Peter Fussy/G1)