CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Cientistas acompanham fenômeno de afastamento lunar
Afastamento a uma velocidade de 3,78 centímetros por ano.
Em 18/03/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
A Lua está se afastando da Terra a uma velocidade de 3,78 centímetros por ano. De acordo com especialistas, o satélite está 18 vezes mais longe do que há 4,5 bilhões de anos, quando se formou.
O fenômeno provoca consequências em solo terrestre. De acordo com a astrônoma Britt Scharringhausen, a razão para o aumento da distância é que a Lua levanta marés na Terra.
Como o lado do planeta voltado para a Lua fica mais perto, ele sente um puxão gravitacional mais forte do que o centro. Do mesmo modo, a face oposta da Terra – que não está virada para a Lua – sente menos a gravidade da Lua do que o centro da Terra.
O efeito é como se estivéssemos esticando um pouco a Terra, tornando-a levemente oblonga – são os chamados “bojos de maré”. O corpo sólido real da Terra é distorcido de alguns poucos centímetros, embora o efeito mais notável sejam as marés levantadas sobre o oceano.
Entenda o fenômeno
Como toda massa exerce uma força gravitacional, os bojos de maré sobre a Terra exercem uma força gravitacional sobre a Lua. Como a Terra gira mais rápido (uma vez a cada 24 horas) do que a Lua (uma vez a cada 27,3 dias), os bojos de maré têm como efeito “acelerar” a Lua, o provoca esse afastamento.
Ainda que outras explicações concentrem-se na redução da velocidade da Terra, o efeito líquido é uma alteração da velocidade relativa entre a Terra e seu satélite que tem como resultado o afastamento da Lua – quando algo que está em órbita de outro corpo acelera, essa aceleração o empurra para fora.
Interações
A interação entre a Lua e a Terra afeta nosso planeta de várias formas. Para começar, à medida que a Terra gira mais devagar, os dias ficam mais longos – dois milésimos de segundo a cada século. Isso tende a deixar os invernos mais frios e os verões mais quentes.
E se a força gravitacional da Lua torna-se mais fraca, nossas marés não serão tão acentuadas. No entanto, mesmo sem a Lua, existiriam marés – ainda que muito mais suaves – pelo efeito gravitacional do Sol.
No entanto, segundo os cientistas, nenhuma dessas consequências é causa para preocupações, pois as mudanças são sutis demais para que possamos testemunhá-las. Em algum momento, a Terra e a Lua vão chegar a um equilíbrio e a Lua deixará de se afastar.
Mas, eventualmente antes que isso aconteça, o Sol vai se expandir até virar uma gigante vermelha e engolir a Terra e seu satélite – daqui a cerca de 5 bilhões de anos, mais ou menos.
Monitoramento
Os primeiros monitoramentos sobre o afastamento lunar aconteceram durante missões espaciais dos Estados Unidos e da União Soviética, nas décadas de 1960 e 1970.
Em três das missões Apollo os astronautas deixaram na Lua unidades retrorrefletoras cheias de pequenos espelhos. O robô lunar soviético Lunokhod-1 também fez o mesmo.
Desde então, os astrônomos têm disparado raios laser em direção a essas unidades refletoras, para manter um registro exato de o quanto a Lua está se afastando.
Apesar de à primeira vista um fóton parecer pouco, ele é suficiente para medir a distância entre a Lua e da Terra até o seu último milímetro. Segundo a última medição feita, a distância exata da Terra à Lua era de 393.499.257.798 milímetros, mas isso varia largamente ao longo da órbita da Lua, cuja diferença entre perigeu e apogeu é de cerca de 42.500 km.
Fonte: Agência Espacial Brasileira