POLÍTICA NACIONAL

Cinco presidenciáveis falam de propostas de tecnologia e inovação

Alckmin, Marina, Meirelles, Boulos e Amoêdo foram entrevistados por Luciano Huck.

Em 08/08/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Suamy Beydoun/Agif/Estadão Conteúdo e Aloisio Mauricio/FotoArena/Estadão Conteúdo)
Evento de tecnologia da BrazilLab e do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), comandado pelo apresentador Luciano Huck, convidou apenas cinco dos candidatos à Presidência da Repúlbica para apresentarem suas propostas para o setor e agenda de inovação.
 
Sem o candidato do PT à disputa, Luiz Inácio Lula da Silva, e também sem contar com a presença do registrado a vice, Fernando Haddad, o apresentador ouviu as propostas de Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e João Amoêdo (Novo).
 
Denominado GovTech Brasil, o evento foi realizado no hotel Tivoli Mofarrej, próximo da avenida Paulista, em São Paulo, nesta terça-feira (07).
 
A justificativa usada pelas empresas para a limitação dos convidados foi que os convites foram enviados a todos que detêm a partir de 1% das intenções de voto. Mas que Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (vice na chapa de Lula, do PT) e Álvaro Dias (Podemos) não puderam comparecer por outros eventos já previamente agendados para a data.

Tecnologia para todos

Em sua fala, o único candidato da esquerda a participar, Guilherme Boulos, afirmou que é a favor da implementação da identidade digital para facilitar a gestão pública.
 
"É preciso uma unificação dos documentos e, a partir daí, fazer uma ouvidoria, usar a tecnologia como forma de participação e consulta das pessoas. Seguramente, hoje no país, se pudessem fariam isso pelo celular, que está em maior número do que a própria população. As pessoas precisam participar da decisões - metade daqueles que compõem o Congresso já estariam fora de lá. Há formas de participação que precisam ser valorizadas", disse.
 
Também alertou para a falta de internet em diversas regiões do país, como Acre, Mato Grosso do Sul e Pará, e defendeu a universalização do acesso, já previsto no marco civil, e fazer chegar a internet por todo o Brasil. 
 
Como exemplo para o investimento público na área, lembrou que marcar célebres, como a Apple, foram criadas com dinheiro do Estado. "A ciência e a tecnologia no mundo vêm do investimento público. No Brasil, hoje, menos de 1% do PIB é destinado à Ciência e Tecnologia", criticou. 
 
"Acreditar que o setor privado é a panaceia que vai resolver tudo; eu não compartilho dessa ideia", concluiu. Mas diz ser contra o uso da tecnologia quando visa substituir empregos e, com isso, ser mais barato para as empresas. "O debate não é simplesmente substituir postos de trabalho por tecnologia. É preciso avaliar como a tecnologia pode servir em cada caso."

Presidente Geek

O indicado sucessor de Michel Temer pelo MDB, Henrique Meirelles, voltou-se mais ao passado, do que ele já fez, para seguir na mesma linha: "Como ministro fiz projetos importantes, como a digitalização de todas as operações da receita federal. Temos o problema da complexidade burocrática".
 
Mencionou, por exemplo a existência de 48 aplicativos criados pelo governo à população. E decidiu usar termos da área para tentar mostrar que domina o tema: "Temos uma serie de aplicativos feitos por cada ministério. Precisamos de algo unificado, centralizado, único. Para isso precisa de um geek como presidente".
 
Sem dizer como, defendeu que a tecnologia seja usada para "dar um salto de crescimento na educação, saúde, segurança e produtividade" e que, para estudar como isso se daria, seria necessária a criação de "um gabinete digital".

Fã de concessão e PPP

O tucano Geraldo Alckmin tentou aliar as propostas da área digital com o controle do país. "Essa não é uma questão de ministério. O Brasil tem 17 mil km de fronteira seca. Sem tecnologia é impossível monitorar isso. Então precisa ser implementado na segurança, na saúde, na educação, visando redução de custos e de ser uma vacina contra desvios", disse.
 
Ao falar sobre identidade digital, disse que é preciso mudar a "cultura do carimbo, do selo, do documento", e também sem dar muitas explicações de como, disse que "nosso tempo é o da mudança e da velocidade da mudança".
 
Por fim, o presidenciável do PSDB foi na contramão do que defendeu Boulos sobre os investimentos públicos para a área, e disse ser "fã de concessão e PPP", ou seja, a privatização de setores e áreas que deveriam ser de investimentos do Estado. 
 
"O estado precisa planejar, regular, fiscalizar. Não precisa ser empresário. Fica mais forte assim. Estabelece as prioridades, os marcos regulatórios, sem partido. A PPP é um bom caminho", defendeu.

Transparência

A representante da REDE para disputar as eleições foi a única que mencionou a tecnologia digital para auxiliar na transparência públicas. "São informações e dados utilizados a partir da boa gestão, com combate a toda e qualquer forma de desvio."
 
Para ela, "a tecnologia tem que impulsionar os serviços para que sejam mais acessíveis e de qualidade". 
 
E destacou, mais de uma vez, o uso da tecnologia para disponibilizar dados sobre o meio ambiente e o desmatamento da Amazônia. "É possível implementar a tecnologia nas áreas da segurança, saúde, em ações de combate aos crimes ambientais, na detecção de desmatamento, na proteção da biodiversidade, no envolvimento da sociedade em diferentes níveis."
 
E também defendeu a proteção de dados de cada um: "É preciso segurança, a proteção dos indivíduos, pois são informação que poderiam ser usadas para interesses escusos. Trabalhamos com a ideia de criar um sistema para proteger os cidadãos. É desejável uma base integrada, mas proteger o cidadão, sem deixá-lo vulnerável."