SAÚDE

Clínica usa música durante quimioterapia, em Vitória(ES).

Iniciativa partiu dos pacientes. Eles recebem a visita de músicos uma vez por semana.

Em 22/07/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Há sete anos, uma paciente que sofria com o câncer declamou uma poesia durante uma sessão de quimioterapia para quebrar o silêncio na sala, em uma clínia em Vitória. Esse foi um impulso para um outro paciente começar a cantar. Logo, um grupo se formou para cantar durante as sessões, que antes eram sempre marcadas pelo sofrimento.

A ideia foi conquistando os pacientes e, há cerca de um ano, a clínica contratou um grupo de músicos que se apresenta uma vez por semana para os pacientes.

A quimioterapia é a administração de substâncias químicas de combate ao tumor. Os pacientes submetidos a esse tratamento podem sofrer alguns efeitos colaterais, como náusea, dor, fadiga e perda de cabelo. A assistente social e paciente Iolanda Duarte conta como temia o tratamento.

"Eu tinha muito medo, a primeira vez que eu vim aqui (na clínica) eu saí fugindo. Quimioterapia, como eu vou aguentar isso? Aquela coisa dos efeitos colaterais", lembra.

A iniciativa que surgiu com um paciente foi se espalhando, até que cerca de 15 pessoas participavam das cantorias. Só que, há cerca de dois anos, um dos cantores mais empolgados, o Milton, morreu e o grupo perdeu a força.

"Começou pequeno e aí foram chegando outros pacientes, foram agregando àquele grupo grande, umas 15, 18 pessoas. Cantavam Jovem Guarda, MPB, sertanejo. O Milton era o vocal principal, então o grupo, às vezes, ficava assim, triste, com a falta daquela voz, daquele amigo, da solidariedade que o grupo tem em si, então deu uma parada", lembra uma outra paciente.

A direção da clínica percebeu que a música estava fazendo bem aos pacientes e oficializou as apresentações, contratando três músicos para tocarem uma vez por semana, em dias e horários alternados, para que todos os pacientes possam escutar.

A enfermeira Kely Detoni conta que a música ajuda a lidar com o dia a dia da clínica. "Não incomoda em nada, ajuda muito. Faz com que a gente trabalhe melhor, se sinta melhor", diz Kely.

A copeira Dabula Rodrigues faz o tratamento acompanhada pelo marido e tamborila os dedos ao ritmo da música. "É gostoso. Você está tenso, mas acaba relaxando, ouvindo, vai acompanhando. Viaja mesmo, você bate papo com o marido aqui do lado", conta.

O marido Carlos Cleto diz que a iniciativa agrada. "Mais tranquilo pra ela, mais tranquilo pra gente também. É uma hora que a gente passa aqui mais suave, na onda da música", conta.

O músico Jovaldo Gonçalves toca para os pacientes há cerca de um ano e disse que ficou apreensivo no início. "De início eu não poderia imaginar qual seria a reação das pessoas. Se eles iam estranhar, se eles iam falar 'ah, não quero música não, quero silêncio'. Fiquei pensando qual seria a reação deles, mas foi ótima", conta.

Fonte: G1-ES