ESPORTE INTERNACIONAL
Com lágrimas, Brasil fecha estreia em Olimpíadas com derrota para a China.
Jogadoras choram após o última partida do torneio feminino.
Em 19/08/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Contra seu adversário mais equivalente em termos técnicos e de experiência, o time feminino de polo aquático do Brasil tinha a chance de se despedir da Olimpíada com vitória. Mas a equipe comandada pelo técnico canadense Patrick Oaten não conseguiu passar pela China e, com uma derrota por 10 a 5, na manhã desta sexta-feira, encerrou em oitavo lugar sua primeira participação na história dos Jogos. Foram oito as seleções participantes do torneio. No entanto, as lágrimas das jogadoras e até do treinador após a partida nada tiveram a ver com o resultado, mas principalmente com a incerteza do futuro.
- É difícil porque nesses dois anos de trabalho essas meninas me abraçaram e nunca me abandonaram. Elas precisavam de mais jogos e mais experiência, mas nunca pararam de trabalhar. Sei o quanto de trabalho foi feito sem as melhores condições. Por isso essa emoção. Minha permanência vai depender da confederação, e eu estou aberto às conversas, mas ainda não aconteceu. Eles dizem que estão felizes com a evolução, mas fica a cargo deles a decisão - disse Oaten.
Uma das mais emocionadas era Izabella Chiappini. Autora de três gols na partida, a melhor jogadora do Brasil começou a chorar ainda na piscina. Aos 20 anos ela sabe que terá outras Olimpíadas pela frente, mas se emocionou ao ver o fim de uma geração com renovação incerta.
- Estou muito feliz e triste ao mesmo tempo, porque muitas jogadoras do nosso time vão parar, e não vai ser mais a mesma família que treinou para estar aqui. É a felicidade de realizar um sonho e a tristeza de que agora acabou. Depois de participar de uma Olimpíada eu quero estar em todas até ficar velha e não aguentar mais.
Patrick Oaten se disse satisfeito com o desempenho da seleção brasileira - apesar de ter perdido todos os cinco jogos -, mas disse que sua principal preocupação é com o futuro do polo aquático brasileiro como um todo.
- A Olimpíada fez muito pelo polo aquático do Brasil, a experiência foi fantástica. É um esporte no qual o Brasil pode ser muito bom pela criatividade das jogadoras. Deveria haver um investimento maior. Fico preocupado com o futuro desse esporte. Não deveria, porque o talento aqui é grande, mas estou preocupado.
No processo de renovação do polo aquático do Brasil pode estar o técnico da China. O brasileiro Ricardo Azevedo, que encerrou sua sétima Olimpíada, incluindo as disputadas como treinador, desconversou quando perguntado se já havia conversas com a Confederação Brasileira.
- Pode ser que sim. Estou há muitos anos nos Estados Unidos e trabalhei também na Europa e na Ásia, mas sou brasileiro. Seria ótimo voltar para o Brasil, ficar perto da minha família e ajudar o esporte a se desenvolver.
Ainda nesta sexta será formado o pódio do polo aquático feminino da Olimpíada. Estados Unidos e Itália decidem a medalha de ouro às 15h30 (de Brasília), e Hungria e Rússia brigam pelo bronze a partir das 11h20. O quinto lugar sairá do vencedor de Espanha e Austrália.
Como foi o jogo da despedida
Assim como ocorreu em todo o torneio, o Brasil fez um primeiro quarto disputado, mas dessa vez deixou muito a desejar no aspecto defensivo. Isso fez com que a China se mantivesse sempre perto do placar até passar a frente no segundo período. A primeira metade da partida chegou com as chinesas vencendo por 4 a 2 e tendo chances de ampliar a vantagem, mas a goleira Victoria Chamorro esteve bem. Do outro lado, as brasileiras eram imprecisas nos arremessos a gol e tinham dificuldades para acompanhar na marcação.
A China se aproveitou das falhas das brasileiras na defesa para anular o ataque do Brasil, que passou dois quartos da partida sem marcar um gol sequer. Além da imprecisão nos arremessos, as brasileiras esbarraram na ótima atuação da goleira Jun Yang. Assim, as chinesas fecharam o terceiro período com a confortável vantagem de 6 a 2.
No último período, Izabella Chiappini, melhor jogadora do Brasil na competição, ainda tentou comandar uma reação com dois gols e algumas boas jogadas. Mas as chinesas se mantiveram firmes taticamente e terminaram a partida sem levar sustos.
Fonte: GE