CIDADE
Comerciantes abandonam Regência (ES) por causa da lama.
Turistas pararam de frequentar a vila, conhecida por atrair surfistas.
Em 28/02/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Comerciantes de Regência, na região Norte do Espírito Santo, estão abandonando a vila em busca de melhores oportunidades. A mudança aconteceu por causa da chegada da lama de rejeitos da Samarco, cujos donos são a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, que contaminou a foz do Rio Doce.
Segundo os comerciantes, não é possível sustentar os negócio, que dependiam dos turistas que frequentavam as praias da região. Esse é o caso de Robson, que tem uma pousada em Regência. Por causa da lama, o comerciante não está recebendo hóspedes e, há um mês, teve a conta de luz cortada por falta de pagamento.
"A gente tem que tentar agora é buscar uma outra fonte de renda fora de Regência, porque aqui não dá mais, então vamos embora para nos manter e honrar nossos compromisso, é melhor sair daqui para tentar pagar o que ficou para trás", disse Robson.
Ele e a esposa Aline estão se mudando para o município de Vila Velha, em busca de melhores oportunidades.
"A gente não tem renda, não tem mais surfista, então a gente resolveu, pelo meu filho, pela segurança e educação dele, abrimos a mão de Regência nesse momento. Mas a gente continua lutando", contou o comerciante.
Já a padaria do Lucas de Jesus Almeida será aberta em outro lugar, ele vai se mudar para Nova Almeida, no município da Serra.
"Caiu muito do carnaval pra cá, no carnaval já não foi bom, e agora então não tem como mesmo. E a tendência agora é só piorar, enquanto o rio estiver assim, e o mar. E pra mim não tem como continuar aqui", disse Lucas.
No entanto, para muitos comerciantes da região, ir embora de Regência não é uma opção. "Eu não tenho para onde ir, então tenho que ficar aqui mesmo. Eu abro meu restaurante todo dia, mas tem dia que não vendo nem uma bala", disse a comerciante Zenaide Pereira Monteiro.
Para esses moradores, resta a esperança de que um dia lama vá embora e os turistas voltem para a Vila. "Vai demorar, mas um dia eu tenho fé em deus de que vai voltar a tudo que era antes", completou Zenaide.
Fonte: G1