ESPORTE NACIONAL
Comitê de Ética da Fifa suspende Marco Polo Del Nero por 90 dias
Decisão impede que presidente da CBF realize qualquer atividade ligada ao futebol.
Em 15/12/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O Comitê de Ética Independente da Fifa anunciou nesta sexta-feira a suspensão do presidente da CBF, Marco Polo del Nero, por 90 dias. Neste período, o dirigente ficará impedido de realizar qualquer atividade ligada ao futebol - e a punição pode ser estendida por mais 45 dias. Segundo o comunicado divulgado pela Fifa, "a decisão foi tomada diante do pedido do presidente da câmara de investigação, levando em conta a investigação formal sobre o senhor Polo Del Nero".
Antônio Carlos Nunes, o Coronel Nunes, assumirá a presidência da CBF no período, como manda o estatuto da confederação. Presidente da federação do Pará, ele é o vice-presidente mais velho em exercício. Em dezembro de 2015, quando Del Nero se licenciou do cargo por quatro meses, foi o Coronel Nunes quem comandou a confederação.
Marco Polo del Nero tinha planos de convocar uma nova eleição para abril de 2018, para tentar mais uma mandato até 2023, quando poderia buscar uma nova reeleição, até 2027. Seu mandato atual terminaria em abril de 2019.
A investigação da Fifa
A Fifa reabriu a investigação sobre Del Nero após documentos e depoimentos serem revelados durante o julgamento de José Maria Marin nos Estados Unidos. Na última quarta-feira, promotores do "Caso Fifa" afirmaram que Del Nero recebeu US$ 6,5 milhões em subornos para beneficiar empresas de marketing esportivo em contratos relacionados a Copa América, Copa Libertadores e Copa do Brasil. O presidente da CBF nega todas as acusações e afirma ser inocente.
Desde maio de 2015 o presidente da CBF não sai do Brasil, país que não extradita seus cidadãos, e por isso não foi julgado nos EUA junto com Marin, Juan Angel Napout e Manuel Burga. No Brasil, Del Nero não é acusado de nenhum crime. Mas as dezenas de menções a seu nome em depoimentos, planilhas, gravações e outros documentos tornados públicos pela investigação americana levaram a Fifa a destravar um processo interno aberto há dois anos.
Em dezembro de 2015, imediatamente após Del Nero ter sido indiciado pelo departamento de Justiça dos EUA por sete crimes (três de fraude, três de lavagem de dinheiro e mais um por integrar uma organização criminosa), o Comitê de Ética da Fifa abriu uma investigação interna, que pouco ou nada avançava. Até o julgamento em Nova York começar. Todas as citações a Del Nero foram enviadas a Zurique.
Procurado para falar especificamente sobre a investigação do Comitê de Ética da Fifa, Marco Polo Del Nero, informou que não poderia comentar, por se tratar de caso em andamento. Segundo o GloboEsporte.com apurou com pessoas que conhecem o caso, todos os documentos solicitados pela investigação foram enviados pela CBF.
Em todas as suas manifestações anteriores sobre o "Caso Fifa", Del Nero afirmou que "nunca participou, direta ou indiretamente, de qualquer irregularidade ao longo de todas atividades de representação que exerce ou tenha exercido". O presidente da CBF também declarou que "jamais foi membro do Comitê Executivo da Conmebol". Algo desmentido por documentos da própria Conmebol.
Assim que foi indiciado, Del Nero chegou a se licenciar da presidência da CBF por alguns meses. Quando recebeu um sinal verde da Fifa, reassumiu a chefia do futebol brasileiro. Mas nunca voltou a sair do Brasil.
A influência do julgamento de Marin
O julgamento do ex-presidente da CBF José Maria Marin na Justiça dos Estados Unidos provavelmente teve peso decisivo na decisão do Comitê de Ética de suspender Del Nero. As sete acusações que pesam contra Marin são as mesmas formuladas contra Del Nero – três de fraude, três de lavagem de dinheiro e uma por integrar uma associação criminosa. Os dois são acusados de receber propina para beneficiar empresas de marketing esportivo. A exemplo de Marin, Del Nero nega todas as acusações e afirma ser inocente.
Na última segunda-feira, a juíza Pamela K. Chen afirmou que Del Nero "talvez tenha mais amigos na cúpula da Fifa" do que Marin. A defesa do ex-presidente da CBF, por sua vez, apelou ao argumento de que Marco Polo era o operador da corrupção no futebol brasileiro, em sua última chance de convencer os jurados do Caso Fifa. O julgamento em Nova York pode ter fim nos próximos dias.
– O futebol brasileiro é uma monarquia, e o rei era o Marin. Daqueles reis que não decidem nada. Marco Polo era o presidente, que fazia as coisas – afirmou Charles Stillman, advogado de Marin.