POLÍTICA NACIONAL

Como foi a reação do mundo econômico à crise de Temer.

O que é melhor para a economia: uma queda rápida do presidente ou sua permanência?

Em 20/05/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

São Paulo – Na noite de quarta-feira, o jornal O Globo soltou a bomba: Joesley Batista, um dos controladores do grupo JBS, havia gravado um diálogo explosivo com Michel Temer.

O presidente teria concordado com a compra de silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha e expressado aprovação a tentativas de obstrução de Justiça.

No mercado financeiro, a quinta-feira foi de pânico: a sessão chegou a ser interrompida temporariamente na Bolsa, que acabou fechando com a maior queda dos últimos 9 anos.

Temer avisou que não renunciava e a divulgação do áudio mostrou que o trecho sobre Cunha não era tão claro quanto se pensava.

Ainda assim, outros detalhes da gravação e das delações são altamente comprometedores para o presidente.

Um inquérito será aberto pela Procuradoria Geral da República para investigar as práticas de corrupção passiva, constituição e participação em organização criminosa e obstrução à investigação de organização criminosa.

Na sexta-feira, o índice Ibovespa subiu 1,69% e o dólar, que havia batido em R$ 3,40 na véspera, recuou para R$ 3,25 com a ajuda de intervenções do Banco Central.

Veja como foi a reação de alguns atores do mundo econômico ao longo da quinta-feira e da sexta-feira:

LCA Consultores

Na manhã da quinta-feira, antes da divulgação do áudio, a consultoria econômica LCA Consultores divulgou uma nota assinada por seu economista-chefe Bráulio Borges.

“A paralisia perdurará enquanto Temer permanecer na Presidência. Do ponto de vista da economia e da restauração da normalidade do país, quanto mais rápido Temer cair, melhor.”

A nota especula sobre quem poderia assumir na hipótese de renúncia ou impeachment (que levariam a uma eleição indireta pelo Congresso, salvo por aprovação de uma nova emenda à Constituição) ou de cassação pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que levaria a uma eleição direta.

“É muito difícil vislumbrar quem assumirá a Presidência, escolhido pelo Congresso ou pelo povo. No primeiro caso, será alguém pró establishment, de perfil mais conservador e habituée das rodas de poder em Brasília. No segundo, a conjuntura favorece nomes novos, de perfil outsider.”

GO Associados

Na manhã da sexta-feira, a consultoria GO Associados fez uma conferência online e deu cenários para a crise, de acordo com o Estadão Conteúdo.

“O melhor cenário é um processo estável, obviamente com a continuidade das investigações necessárias” mas sem a saída do presidente, disse o economista-chefe Gesner Oliveira.

Na sua opinião, o áudio foi inconclusivo e mostrou “distorção brutal” na notícia divulgada inicialmente.

O economista Luiz Castelli, também da GO, exibiu seu um exercício de “pior cenário”: Risco País chegando ao patamar do auge da crise do governo Dilma, Bolsa caindo 48 mil pontos e dólar em R$ 3,66 e juros em 10% no final do ano.

Fitch

A agência de classificação de risco Fitch reafirmou nesta sexta-feira o rating do Brasil em “BB” com perspectiva negativa.

Segundo a agência, “o rating do Brasil é contido pela fraqueza estrutural em suas finanças públicas, peso crescente da dívida do governo, perspectivas fracas de crescimento, indicadores mais fracos de governança em relação a outros, e repetidos episódios de instabilidade política que afetam a política e têm implicações negativas para a economia”.

Moody’s

Outra agência de classificação de risco que se manifestou nessa sexta-feira foi a Moody’s, que não mudou a nota do país (por enquanto) mas demonstrou preocupação.

“Embora não estejam claras quais as implicações para o presidente Temer, as consequências políticas das alegações provavelmente comprometerão o ímpeto da reforma – algo negativo para o perfil de crédito soberano”

Fundo Monetário Internacional (FMI)

O FMI anunciou nesta sexta-feira que mantém, “por enquanto”, sua previsão de crescimento de 0,2% para este ano no Brasil, e acompanha de perto a aguda instabilidade política no país.

Ueslei Marcelino/REUTERS/Reuters