POLÍTICA INTERNACIONAL
Conferência de Paris pede a Israel e palestinos que evitem ações unilaterais.
Essa medida de força pode ameaçar uma solução baseada em dois Estados.
Em 15/01/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Em um comunicado, a conferência pediu a ambas as partes que evitem passos que "prejudiquem os resultados da negociação, principalmente sobre as fronteiras, sobre Jerusalém, sobre os refugiados".
Nesse sentido, o anfitrião do encontro, o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, lembrou que a resolução do conflito deve se basear nas fronteiras de 1967 e nas grandes resoluções da ONU.
"É bom lembrar a base, e a base são as fronteiras de 1967 e as grandes resoluções das Nações Unidas", declarou Ayrault, referindo-se aos textos que pedem a Israel para se retirar dos territórios ocupados desde a Guerra dos Seis Dias, de 1967.
Com muitas "reservas" sobre a conferência de paz de Paris, a Grã-Bretanha não assinou a declaração final, informou o Ministério britânico das Relações Exteriores, em comunicado divulgado no domingo à noite.
"Temos reservas particulares sobre uma conferência internacional destinada a promover a paz entre duas partes sem que estas estejam presentes, uma conferência realizada contra a vontade dos israelenses", explicou a nota, acrescentando que, por essa razão, Londres participou como observador e não assinou a declaração.
Hoje, o secretário de Estado americano, John Kerry, disse que os Estados Unidos haviam negociado na conferência para impedir que Israel fosse tratado injustamente.
Kerry agradeceu à França por sediar a conferência internacional e saudou sua declaração final em favor de uma solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina.
Mas, segundo ele, a conclusão positiva só foi alcançada depois que diplomatas dos Estados Unidos insistiram em uma linguagem forte para condenar a incitação palestina e os ataques contra israelenses.
"Chegamos aqui e, onde pensamos que havia desequilíbrio e que não se estava expressando o tipo de unidade de que eu falei, nós lutamos para resolver isso", garantiu.
"Nós não suavizamos. Nós fizemos o que era necessário para ter uma resolução equilibrada e, se você olhar para ela, ela fala de maneira positiva, e não negativa, para ambos os lados", avaliou.
O secretário observou que as principais nações árabes estiveram presentes nas negociações e concordaram com a linguagem condenando a incitação, além de apoiarem o esboço dos Estados Unidos de uma solução de dois Estados.
Esse projeto, revelado por Kerry no mês passado, insiste na necessidade de dois Estados - um deles, Israel, reconhecido como um Estado judeu.
"Essa resolução não prejudica o resultado das negociações de status permanente para Jerusalém Oriental, as quais devem refletir os laços históricos e as realidades no terreno", concluiu.
A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) também comemorou a declaração final do encontro e voltou a pedir "o fim da ocupação israelense", informou seu secretário-geral, Saeb Erekat.
Além disso, a OLP solicitou o "imediato reconhecimento do Estado da Palestina com suas fronteiras de 1967 e Jerusalém Oriental como sua capital".
Nesse sentido, Erekat pediu aos cerca de 70 governos presentes na Conferência de Paris que "reconheçam a Palestina, em consonância com o reconhecimento que fizeram de Israel".
AFP