POLÍTICA NACIONAL

Conheça as armas de Dilma e Aécio no segundo turno.

O segundo turno da corrida presidencial está marcado para 26 de outubro.

Em 06/10/2014 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, enfrentará o senador Aécio Neves, do PSDB, no segundo turno da corrida presidencial, marcado para 26 de outubro. Com 95,17% das urnas apuradas, Dilma registra 40,746 milhões de votos, ou 41,14% dos votos válidos. Já Aécio foi o escolhido, até agora, por 33,752 milhões de eleitores, ou 34,08% do total. O resultado marca a virada do candidato tucano, que enfrentou a possibilidade real de terminar em terceiro lugar, após a morte de Eduardo Campos e a entrada de Marina Silva na disputa, pelo PSB. Marina, contudo, não resistiu às campanhas do PT e do PSDB, focadas nas inconsistências de suas propostas, e perdeu votos a cada rodada de intenções. Neste momento da apuração, Marina conta com 20,989 milhões de votos, ou 21,19% dos votos válidos.

A disputa entre Dilma e Aécio repete a polarização das eleições entre o PT e o PSDB, que ocorre desde o pleito de 1994, quando Fernando Henrique Cardoso se elegeu no primeiro turno, impulsionado pelo Plano Real, que derrubou a inflação. Desde então, os partidos centralizam a briga pelo Palácio do Planalto, seja na situação, seja na oposição. Para os especialistas, a campanha deste ano deve ser bastante acirrada.

“O segundo turno não vai ser um mero passeio para Dilma”, afirma o cientista político Carlos Melo, professor do Insper. Confira, a seguir, as principais armas dos dois candidatos para vencer a eleição presidencial:

Dilma Rousseff

Programas sociais – os programas de inclusão social são um importante trunfo de Dilma para o segundo turno. No ano passado, mais de 14 milhões de famílias foram beneficiadas pelo Bolsa Família, o principal cartão de visitas da candidata nessa área. “Dilma vai destacar as realizações do seu governo, principalmente nas políticas sociais”, afirma a professora Roseli Martins Coelho, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp).

Defesa dos direitos dos trabalhadores – para se diferenciar de Aécio, Dilma deve insistir que representa a garantia da manutenção de direitos trabalhistas e tentará colar, no adversário, a pecha de candidato dos “patrões”. Uma das declarações da presidenta que mais repercutiram, no primeiro turno, foi a de que ela não mexerá nesses direitos “nem que a vaca tussa”.

Discurso nacionalista – uma das estratégias recorrentes do PT, em disputas majoritárias, é afirmar que o PSDB defende a privatização de empresas públicas. Em 2006, Luiz Inácio Lula da Silva, então concorrendo à reeleição, conseguiu colar no adversário, o tucano Geraldo Alckmin, a pecha de que iria privatizar a Petrobras. Agora, Dilma deve repetir a fórmula, acusando Aécio de pretender entregar as estatais para a iniciativa privada.

Lula – sem dúvida, o ex-presidente Lula é um dos cabos eleitorais mais importantes do País. Em dezembro de 2010, dias antes de deixar a presidência da República, uma pesquisa da CNT/Sensus mostrava que seu governo era aprovado por 83% dos entrevistados – um recorde. Sua avaliação pessoal era positiva para 87% dos brasileiros. Com isso, Lula deve intensificar suas aparições nas propagandas do segundo turno e na campanha em geral.

Aécio Neves

Pibinho – o fraco desempenho da economia, durante o governo Dilma, é a maior arma do senador mineiro. O País fechou junho em recessão técnica, ou seja, apresentou dois trimestres consecutivos de queda do PIB. Entre janeiro e março, o recuo foi de 0,2%. Já de abril a junho, a baixa foi de 0,6%. Aécio se apresentará como o candidato mais preparado para reconduzir o Brasil ao crescimento, com austeridade nas contas públicas e inflação sob controle. Para tanto, já nomeou Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso, como seu futuro ministro da Fazenda.

Fernando Henrique Cardoso – ao contrário de outras eleições, em que FHC se queixou de que os candidatos tucanos não defendiam seu legado, Aécio faz questão de destacar o apoio do ex-presidente e suas conquistas na área econômica. Pertencer ao partido que lançou no Plano Real, neste pleito, é um trunfo e tanto. “Aécio é o candidato mais difícil, para Dilma, porque as realizações de FHC não são qualquer coisa. Foram importantes”, afirma a professora Roseli Martins Coelho, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp).

Desejo de mudança – as manifestações de junho do ano passado marcaram o fim da lua-de-mel da população com o governo Dilma. Em poucas semanas, a aprovação pessoal da presidenta caiu de 74% para 49%, segundo pesquisa CNT/MDA. Diversas pesquisas mostraram que, desde então, os brasileiros alimentam um desejo de mudança na política brasileira. “Doze anos no poder efetivamente desgastaram o PT”, afirma a cientista política Christiane Romeo, do Ibmec/RJ. “Dilma vai ser confrontada com a contradição de seu discurso, que oferece continuidade e promessas de mudanças”, diz.

Escândalos do governo – com o mensalão, a prisão de petistas históricos e as recentes denúncias de corrupção na Petrobras, o PT perdeu uma bandeira e tanto: o da ética na política. Aécio deve explorar esse flanco e colar, em Dilma, a imagem de pertencer a uma agremiação que compactua com os malfeitos que diz combater. “Aécio deve, ainda, adotar um discurso mais republicano, de defesa das instituições contra interesses pessoais”, afirma o cientista político Carlos Melo, professor do Insper. “As revelações de Paulo Roberto da Costa e Alberto Youssef devem repercutir muito ainda”, diz, referindo-se ao ex-diretor da Petrobras e ao doleiro que fizeram acordos de delação premiada com a Polícia Federal.

Por Márcio Juliboni-Terra