POLÍTICA INTERNACIONAL
Conservador Mario Abdo Benítez é eleito presidente do Paraguai
Com 46,5% dos votos, direitista derrotou o liberal de centro-esquerda Efrain Alegre.
Em 23/04/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O candidato direitista Mario Abdo Benítez venceu a eleição presidencial no Paraguai neste domingo (22). Com 96% das urnas apuradas, ele recebeu 46,49% dos votos, informou o presidente do Tribunal Eleitoral do país, Jaime Bestard.
Seu principal oponente, o liberal Efrain Alegre, de uma coalizão de centro esquerda, recebeu 42,72% da preferência dos eleitores.
Benítez sucederá em agosto o presidente Horacio Cartes, um empresário da indústria do tabaco que, nestas eleições, candidatou-se ao Senado.
Os centros de votação fecharam às 16h local (17h de Brasília), sem incidentes, informou a autoridade eleitoral. Participaram da eleição cerca de 65% dos 4,2 milhões de eleitores.
Outros oito candidatos competiram pela presidência, mas sem chances reais de vencer.
Nas eleições, de um só turno, também esteve em jogo a composição do Congresso (Senadores e Deputados) e os governos dos 17 departamentos, além das cadeiras no Parlasur (Parlamento do Mercosul).
Em conjunto, foram apresentadas mais de 15 mil candidaturas desde as fileiras de 23 partidos, 17 alianças, outros tantos movimentos e quatro combinações.
Foram desdobrados cerca de 300 observadores internacionais em todo o país de organismos como a União Europeia (UE), a Organização de Estados Americanos (OEA) e a União Interamericana de Organismos Eleitorais (Uniore).
Veja abaixo o perfil do novo presidente paraguaio:
Marcado por ser de uma família muito próxima do ex-ditador Alfredo Stroessner, o candidato do partido governista à presidência do Paraguai, Mario Abdo Benitez, do partido Colorado, se esforça para provar suas credenciais democráticas e republicanas.
Com 46 anos, graduado em marketing nos Estados Unidos, "Marito" era favorito segundo as pesquisas, com até 20 pontos de vantagem sobre o candidato liberal Efraín Alegre, da coalizão de centro-esquerda Alianza Ganar.
Seu pai foi secretário particular de Stroessner. Entre eles havia um parentesco por parte das avós.
"Lamento a parte negra da nossa história, mas, como muitos paraguaios, acho que não deve ser uma desculpa para manter uma divisão entre compatriotas. Eu tinha 16 anos quando Stroessner caiu", afirma.
Mas esse passado foi deixado de fora de sua carreira política e da campanha eleitoral.
"Quem tem menos de 40 anos não se lembra da ditadura. E é por isso que não está na discussão desta campanha", afirma o analista político Francisco Capli à AFP.
Divorciado de Fátima María Díaz Benza, com quem teve dois filhos, Abdo se casou novamente com Silvana López Moreira Bo, filha de uma família da alta sociedade de Assunção.
Tem apenas uma irmã e sete meio-irmãos.
Afirma ter construído uma identidade própria, apesar de sua origem, tendo sido criado como um pequeno príncipe. Seu pai foi processado por enriquecimento ilícito. Foi um dos primeiros prisioneiros da democracia que se instalou após a queda de Stroessner, mas finalmente foi absolvido.
Juntou-se à militância política dentro do movimento Paz e Progresso, o lema do governo da ditadura.
Em 2013, foi eleito senador e depois presidente do Congresso em 2015, ano que marcou o ponto de virada e o ponto de ruptura de suas relações com o presidente Cartes.
Na crise de março de 2017, os opositores reagiram com violência e incendiaram uma parte do Congresso em protesto contra a pretensão do presidente Cartes de aprovar uma emenda que o qualificaria para a reeleição.
"Estava na praça, defendi nosso sistema republicano", diz ele, com convicção.
(Foto: Reuters/Mario Valdez)