POLÍTICA INTERNACIONAL
Coreias estão de acordo em realizar nova cúpula em setembro
Cartazes com os líderes das duas Coreias, Kim Jong-un e o presidente Moon Jae-in.
Em 13/08/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Kim Jong-un, líder supremo da Coreia do Norte, e Moon Jae-in, presidente da Coreia do Sul, se reunirão novamente em setembro. Os negociadores de ambos os países confirmaram o encontro na segunda-feira, que será o terceiro cara a cara entre os maiores líderes dos dois países tecnicamente em guerra, mas envolvidos em um acelerado processo de degelo. A reunião, cuja data ainda não foi divulgada, será desta vez em Pyongyang, ao contrário das duas cúpulas intercoreanas realizadas este ano na Zona Desmilitarizada, a fronteira terrestre que divide as duas nações.
O objetivo formal da cúpula é avançar na Declaração de Panmunjom, documento assinado por ambos os líderes em sua primeira e histórica reunião, em abril. Nele, Moon e Kim defenderam a normalização das relações bilaterais tanto quanto possível e se comprometeram a trabalhar para “a completa desnuclearização da península coreana”, depois de vários anos sem qualquer diálogo entre o Norte e o Sul. O objetivo informal será testar pela enésima vez as habilidades de Moon como mediador entre Pyongyang e Washington, protagonistas de um processo de negociação paralelo muito mais complicado.
Moon Jae-in viajará no próximo mês, portanto, para Pyongyang. Será a primeira vez que um chefe de Estado sul-coreano visita o país desde 2007, quando o presidente Roh Moo-hyun se encontrou com Kim Jong-il, pai do atual líder norte-coreano. Já em seu primeiro encontro com o jovem Kim, Moon demonstrou sua esperança de visitar “em breve” a capital norte-coreana e o líder norte-coreano concordou em recebê-lo. Estava previsto que o encontro de Pyongyang fosse o segundo entre os dois líderes, mas os altos e baixos que ameaçaram a cúpula de junho entre Kim e Donald Trump em Singapura forçaram Moon a se reunir novamente com seu colega norte-coreano antes do previsto e de surpresa.
A vontade é que a declaração de Panmunjom, considerada um gesto de compromisso mínimo, se traduza ao longo do tempo em ações concretas. Além da desnuclearização, o documento também fala da assinatura de um tratado de paz para substituir o atual armistício, que pôs fim à Guerra da Coreia em 1953. Mas antes de chegarem a esses marcos históricos, ambas as Coreias acreditam que as relações bilaterais podem melhorar com o restabelecimento de projetos econômicos conjuntos ou inclusive a construção de infraestruturas que liguem os dois países, como estradas ou ferrovias.
Mas qualquer iniciativa nesse sentido é atualmente impossível de ser realizada sob as pesadas sanções econômicas que o Conselho de Segurança da ONU impôs a Pyongyang depois de seus repetidos testes atômicos e de mísseis balísticos. Os Estados Unidos reafirmaram que não cederão nessa questão até que a Coreia do Norte tome medidas definitivas, completas e verificáveis de que esteja se desfazendo do seu arsenal nuclear. Pyongyang, por outro lado, defende uma negociação em fases e concessões de ambos os lados, que inclua, o quanto antes, uma flexibilização do embargo econômico. A assinatura de um tratado de paz entre os dois países também exige a aprovação dos Estados Unidos, que assinaram o armistício.
A Coreia do Norte considera que está fazendo vários gestos de boa vontade em relação aos Estados Unidos, como a suspensão dos testes de mísseis, o desmantelamento de seu silo nuclear e de sua base de lançamento de foguetes, bem como a devolução dos restos mortais de soldados norte-americanos caídos durante a Guerra da Coreia. Washington, por enquanto, cancelou suas manobras militares anuais com a Coreia do Sul e se recusa a fazer novas concessões. A falta de acordo provocou alguns episódios de tensão entre as equipes de negociação.
Segundo a agência sul-coreana Yonhap, a equipe norte-coreana de negociações ficou “frustrada” porque o progresso nessas frentes com Seul é mais lento do que esperavam. As conversações entre Pyongyang e os Estados Unidos tampouco estão encaminhadas a priori em uma via que satisfaça a todos para conseguir a desnuclearização da península. O enorme esforço diplomático feito durante todo este ano pelo presidente sul-coreano, Moon Jae-in, parece novamente decisivo para desfazer os equívocos.