ESPORTE NACIONAL

Corinthians vota impeachment de presidente.

Clube vai reunir conselheiros nesta segunda-feira, no Parque São Jorge.

Em 20/02/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Roberto de Andrade viverá nesta segunda-feira o dia mais importante de seu mandato como presidente do Corinthians, iniciado em 2015.

Acusado de fraudar atas de assembleias da arena e o contrato do estacionamento do estádio, o dirigente tem o futuro nas mãos de 341 conselheiros que votarão pela permanência dele no cargo ou pela destituição, que obrigaria o clube a passar por uma nova eleição.

A primeira chamada da reunião do Conselho Deliberativo do clube está marcada para as 18h (horário de Brasília). O GloboEsporte.com explica o processo e as possíveis consequências para o clube – e para Roberto de Andrade.

Quantos votos são necessários para o impeachment?
Maioria simples dos conselheiros presentes na reunião desta segunda (metade mais um). São 341 no total, mas normalmente nem todos comparecem.

Se o Conselho votar pelo impeachment, o que acontece?
Roberto perde a presidência de maneira preventiva, mas ainda é submetido a nova votação – desta vez dos sócios, em assembleia geral do clube. Tal assembleia deve ser convocada em até cinco dias depois da reunião do Conselho. O pleito também funciona no sistema de maioria simples. A votação dos sócios é a definitiva para o futuro do presidente.[

Em caso de destituição, quem assumiria o cargo?
Pelo estatuto, o primeiro vice-presidente assume de forma interina. Trata-se de André Luiz Oliveira, o André Negão. Caso ele não tenha condições, o cargo passa para o segundo vice-presidente: Jorge Kalil. O próximo da fila é Guilherme Strenger, presidente do Conselho.

Esse interino fica até o fim do mandato original?
Não. Ele tem de convocar novas eleições em até 30 dias. O vice só cumpre o mandato do presidente se ele estiver a menos de seis meses do fim.

E se Roberto não for destituído?
O processo é encerrado, e o presidente cumpre seu mandato, que vai até fevereiro de 2018.

Como Roberto chegou a essa situação?
O processo de impeachment foi deflagrado em novembro do ano passado, depois que a revista "Época" revelou fraude na assinatura de um contrato de estacionamento da Arena. O caso teve desdobramentos, virou alvo de uma investigação da Polícia Civil e, como envolve o fundo que comanda a Arena Corinthians, pode ter consequências também na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula a Bolsa de Valores no Brasil. 

HISTÓRICO DO CASO

Roberto de Andrade assinou dois contratos como presidente do Corinthians, mas bem antes de assumir. Um deles, no dia 10 de janeiro e outro em 5 de fevereiro de 2015. Ele só foi eleito presidente em 7 de fevereiro daquele ano.

Em entrevista ao GloboEsporte.com, o presidente declarou que se tratou de "erro administrativo".

– Todos os conselheiros receberam a conclusão da comissão de ética dizendo a verdade do que houve: que eu assinei (as atas e o contrato) quando era presidente – disse.

A desculpa apresentada pelo cartola enfureceu a oposição, que tratou de atuar ainda com mais força para derrubá-lo.

Os contratos da Arena são a base do pedido apresentado por conselheiros de oposição, mas há muito mais por trás do descontentamento do grupo opositor: os contratos polêmicos assinados pelo marketing, as trapalhadas em contratações e até o fraco desempenho do futebol no último ano.

Em outubro, o GloboEsporte.com revelou a ligação de um empresário investigado pela Operação Lava Jato com empresas que haviam assinado contratos com o Corinthians.

A Apollo, uma dessas empresas, que havia comprado espaço na camisa do time para revendê-lo a eventuais interessados, deu calote no clube. Procurado pela reportagem, o Corinthians não quis responder quanto dinheiro perdeu com isso.

Depois da conquista do título brasileiro em 2015, a gestão de Roberto de Andrade não conseguiu segurar no clube a base campeã, e o resultado foi um 2016 desastroso.

No ano passado, o Corinthians teve quatro técnicos – começou com Tite, que foi para a Seleção, depois teve Cristóvão Borges, Oswaldo de Oliveira e Fábio Carille. O time não se acertou.

O ponto mais alto – ou mais baixo – desse processo foi a tentativa frustrada de contratar o atacante marfinense Didier Drogba. 

Fonte: GE