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Corrupção na Petrobras deveria ter sido apurada nos anos 90, diz Dilma

Fernando Henrique Cardoso deveria ter iniciado as investigação lá nos anos 90, durante seu mandato.

Em 20/02/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (20), no Palácio do Planalto, que se os atos de corrupção na Petrobras tivessem sido investigados já na década de 1990, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o esquema criminoso que atuou na estatal nos últimos anos não teria se propagado.

Sem citar nomes, a chefe do Executivo se referiu ao depoimento do executivo da Toyo Setal Augusto Mendonça à Justiça Federal do Paraná. Um dos delatores da Operação Lava Jato, Mendonça relatou em juízo que o "clube" de empreiteiras que dividia entre si obras da estatal passou a combinar resultados de licitações desde meados da década de 1990, quando o país era governado por FHC.

"Se em 1996 e 1997 tivessem investigado e tivesse naquele momento punido nós não teríamos o caso desse funcionário da Petrobras que ficou durante mais de 20 anos praticando atos de corrupção", disse Dilma ao final da cerimônia de entrega das credenciais dos embaixadores de cinco países.

Mendonça, no entanto, contou à Justiça que o cartel passou a ter efetividade a partir de 2004, segundo ano do governo Luis Inácio Lula da Silva (2003-2010). De acordo com o executivo da Toyo Setal, foi neste momento que as construtoras passaram a negociar com os ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa e Renato Duque – ambos investigados pela Lava Jato – e começou a ocorrer cobrança de propina para que as empresas obtivessem contratos.

A reportagem entrou em contato com assessoria do Instituto FHC e com a direção nacional do PSDB, mas até a última atualização desta reportagem não havia obtido resposta.

Na ocasião em que Mendonça deu a declaração ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira instância, o Instituto FHC afirmou, por meio de nota, que, conforme o próprio depoimento, o cartel só passou a ser efetivo em 2004, ano em que o país já era governado por Luis Inácio Lula da Silva.

Empreiteiras
Durante a entrevista coletiva, a presidente da República defendeu que as investigações contra executivos e acionistas das empreiteiras suspeitas de participarem do esquema de corrupção não devem interferir nas obras de infraestrutura no país.

Segundo a petista, é preciso tratar as empresas tentando "considerar que é necessário criar emprego e gerar renda no Brasil".

"Isso não significa, de maneira alguma, ser conivente, ou apoiar, ou impedir qualquer investigação ou qualquer punição a quem quer que seja, doa a quem doer", enfatizou.

Dilma ressaltou que, apesar das denúncias, não irá tratar a Petrobras como responsável pelos crimes de corrupção investigados pela Lava Jato. Na visão da presidente, quem tem de responder pelas irregularidades cometidas na empresa são os funcionários que praticaram atos de corrupção.

"Quem praticou foram funcionários da Petrobras, que vão ter de pagar por isso. Quem cometou malfeito, quem participou de atos de corrupção vai ter de responder por eles, essa é a regra do Brasil", destacou.

Relações com a Indonésia
Nesta sexta-feira (20), a presidente Dilma Rousseff recebeu as credenciais dos embaixadores de cinco países: Edwin Emílio Vergada Cárdenas (Panamá), Maria Lourdes Urbaneja Durant (Venezuela), Diana Marcela Vanegas Hernández (El Salvador), Amadou Habibou Ndiaye (Senegal) e Nikolaos Tsamados (Grécia).

O recebimento das credenciais dos embaixadores pelo presidente da República é uma formalidade que marca oficialmente o início das atividades dos diplomatas no país. Na prática, com o ato, o presidente passa a reconhecer que o embaixador representa o Estado no Brasil.

Além dos cinco embaixadores, estava prevista a entrega das credenciais do embaixador da Indonésia, Toto Riyanto, o que não ocorreu. Após a cerimônia, a presidente explicou que o Brasil decidiu “atrasar” o recebimento para ter clareza de como estão as relações diplomáticas entre as duas nações.

Em janeiro, o brasileiro Marcho Archer foi executado no país do sudeste asiático após ter sido condenado à morte por tráfico de drogas. Outro brasileiro, Ricardo Gularte, também foi condenado pelo mesmo crime e aguarda a data do fuzilamento.

“Achamos importante que haja uma evolução na situação para que a gente tenha clareza em que condições estão as relações da Indonésia com o Brasil. Na verdade, o que fizemos foi atrasar um pouco o recebimento de credenciais, nada mais que isso”, disse a presidente.

Fonte: SecomPR/G1