ECONOMIA CAPIXABA

Crise hídrica no ES exige adoção de medidas urgentes de economia.

Nível dos rios está abaixo do limite crítico e ameaça abastecimento.

Em 02/09/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Com risco iminente de racionamento de água na Grande Vitória, uma série de medidas devem ser adotadas para evitar um quadro hídrico ainda pior. As alternativas vão desde a economia dentro de casa até investimentos do governo e grandes empresas, como apontam especialistas.

Uma das soluções com resultado a curto prazo é a perfuração de poços com profundidade suficiente para alcançar as águas subterrâneas, denominados aquíferos, onde a água entra, circula e sai.

Diferentemente dos lençóis freáticos, os aquíferos não perdem volume com estiagens, como explica o presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas Claudio Pereira de Oliveira.

“Alguns aquíferos não sofrem diminuição do volume mesmo passando por um período de dez anos sem chuvas. No Estado, não utilizamos 10% do que a natureza repõe nas águas subterrâneas. Para perfurar os poços é preciso fazer um estudo hidrobiológico prévio, que determina, inclusive, a profundidade necessária do poço”, ressaltou.

Na quarta-feira (31), o governo estadual anunciou situação de racionamento na Grande Vitória caso não chova no mês de setembro, ou se a vazão dos rios – que já está abaixo do limite crítico – cair em 10%.

De acordo com a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), a vazão do Rio Jucu, no ponto onde a Cesan faz a captação de água, está 23% abaixo do limite crítico. Em outros dois pontos ela está ainda pior, chegando a 78% abaixo do nível. Já a vazão do Rio Santa Maria da Vitória está 37% abaixo da medição crítica.

Alternativas
A forma mais simples e rápida para afastar uma crise hídrica com proporções ainda maiores, é o racionamento de água. “Se as pessoas gastam menos água, a Cesan distribui menos e também capta menos do único reservatório que existe”, explicou o secretário executivo do Comitê de Bacia do Rio Santa Maria, Roberto Ribeiro.

O diretor presidente da Agerh, Paulo Paim, reforça a participação da população como crucial para mudar o quadro: “A sociedade precisa entender que se o rio perde 10% de vazão, a economia deve ser proporcional”.

Apesar da importância de mudanças dentro de casa ou nos comércios, investimentos a médio e longo prazo devem ser executados. Processos de irrigação mais eficientes, além da construção de reservatórios devem fazer parte do planejamento do Estado.

“As bacias necessitam de planos que possibilitem um diagnóstico da situação. É possível haver melhor aproveitamento da água subterrânea, construir poços, a exemplo de açudes e ampliar a cobertura florestal. São ações estruturais que levam tempo, mas que precisam começar logo. Se tivesse sido pensado há um tempo, estaríamos evitando essa situação atual”, explicou o doutor em Engenharia de Recursos Hídricos, Antonio Sergio Ferreira.

Aracruz
A 75 quilômetros de distância de Vitória, em Aracruz, a população já vive o drama do racionamento de água. Nas torneiras das residências só há água em dois dias da semana. Tonéis, baldes e caixas d'águas reservas agora fazem parte das casas dos moradores.

No meio da crise hídrica, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Aracruz dividiu a cidade em dois grupos: os bairros do grupo A têm água na segunda e quinta-feira. Já os do grupo B são abastecidos na terça e sexta-feira.

A área de serviço da dona de casa Madalena Milbratz virou um verdadeiro depósito de água. Tonéis, baldes, tanque e até a máquina de lavar são utilizados como reservatório. A precaução é para a família não correr o risco de ficar sem água aos finais de semana.

A situação não é inédita para a população de Aracruz, em junho deste ano, foi necessário racionar à água. Assim como em Aracruz, outras 17 localidades do Estado fazem racionamento de água. Nos próximos dias, os município da Grande Vitória podem entrar para essa lista.

Mais cidades
Assim como em Aracruz, outras 17 localidades do Estado fazem racionamento de água e nos próximos dias os município da Grande Vitória podem entrar para essa lista. De acordo com a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), se não chover nos próximos 30 dias, haverá racionamento de água na Região Metropolitana de Vitória.

Fonte: g1-ES