MOTOR
Cruze hatch agrada na mecânica, mas acabamento deixa a desejar.
Totalmente renovado, hatch médio quer liderar segmento enfraquecido.
Em 14/12/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
A avalanche de SUVs no mercado parece ter “minado” alguns segmentos do nosso mercado. O de hatch médios é um dos que mais sofreram. Enquanto os 5 representantes desta categoria emplacaram pouco menos de 20 mil unidades entre janeiro e novembro, o Honda HR-V, líder entre os utilitários esportivos compactos, foi a escolha de mais de 50 mil consumidores no mesmo período.
Mas o aparente desinteresse do público não significa apatia nas fabricantes para apresentar novidades. A Chevrolet acaba de lançar no Brasil o Cruze Sport6 (que todos conhecem como Cruze Hatch) totalmente renovado – e com ambições de liderar o segmento com folga.
Para quem conheceu a geração anterior, a novidade é uma baita notícia positiva, tendo em vista que houve uma notável evolução em termos de produto. Os preços, infelizmente, acompanharam o salto tecnológico.
VEJA PREÇOS E VERSÕES:
A mais "barata", LT, custa R$ 89.990, e traz controles de tração e estabilidade, luz de condução diurna, sensor e câmera de ré, rodas de 17 polegadas, ar-condicionado digital, controle de velocidade de cruzeiro, start-stop, bancos de couro e central multimídia de 7 polegadas com conexão Android Auto e Apple CarPlay.
O pacote intermediário, LTZ, sai por R$ 101.190, e adiciona airbags laterais e de cortina, luz diurna de LED, sensores de estacionamento dianteiro, de luz e de chuva, maçanetas cromadas, abertura e partida com chave presencial, retrovisor interno antiofuscante, teto solar elétrico, acabamento interno na cor cinza e central multimídia com navegação e tela de 8 polegadas.
Por fim, a opção mais cara e completa é a LTZ+, de R$ 110.990. Ela conta com itens de segurança, como farol alto adaptativo, indicador de distância do veículo à frente, alertas de ponto cego, colisão frontal e mudança de faixa (com correção) e sistema de estacionamento autônomo.
Não é o sedã
Os pacotes e preços são bem parecidos com os do Cruze sedã (R$ 89.990, R$ 99.980 e R$ 109.790, respectivamente). Mas há diferenças entre os dois modelos. O hatch recebeu para-choques exclusivos da versão RS americana, com acabamento em preto brilhante no lugar dos cromados e um visual mais esportivo. Na traseira, há detalhes que remetem a falsos difusores e entradas de ar.
A engenharia também trabalhou para que, dinamicamente, o Cruze hatch incorporasse a pegada mais “nervosa”, apesar de eles terem o mesmo conjunto mecânico. A direção está mais direta e a suspensão ganhou ajustes até 10% mais rígidos. A resposta do motor também é mais esperta, apesar de os dados técnicos serem rigorosamente iguais.
Um dos pontos fortes do carro é justamente o “coração”. O ´propulsor 1.4 turbo, apesar de pequeno, é competente. São 153 cavalos e 24,5 kgfm de torque, capazes de levar o hatch de 1.336 kg de 0 a 100 km/h em 9 segundos, com máxima superior aos 200 km/h.
Só ficou faltando a opção de trocas de marcha por borboletas atrás do volante. A transmissão automática de 6 marchas só permite que elas sejam trocadas na própria alavanca.
Mas é melhor do que o 'irmão'?
Outra diferença para o Cruze sedã é o porte. Com 4,45 metros de comprimento, o hatch é 22 cm mais curto – fator que cobra a conta no tamanho do porta-malas São apenas 300 litros, 140 litros a menos do que no sedã. Todas as demais medidas, incluindo os bons 2,70 m de entre-eixos, são idênticas.
O hatch, apesar de ter nível de equipamentos semelhante e ser menor, custa mais do que o sedã. Mas é melhor de guiar? O G1 testou o Cruze hatch em um percurso de cerca de 80 km, entre São Paulo e a região de Campinas.
'Não é um sedã que foi transformado em hatch": a frase do diretor de engenharia da Chrevrolet, Emerson Fischler, pode parecer um tanto exagerada, mas o fato é que o Cruze menor é mais bem acertado do que a opção com porta-malas saliente.
Dono de arrancadas mais vigorosas, o hatch também demonstra que a GM fez um “ajuste fino” que deixou o modelo prazeroso ao dirigir – o colocando no mesmo patamar do Volkswagen Golf e do Ford Focus, as referências da categoria há gerações.
A suspensão, que no sedã é mais mole, dá ao Sport6 uma condução interessante, estável. A direção, apesar de ter menos assistência, não chega a ser pesada.
A unidade avaliada, abastecida com gasolina, registrou consumo médio de 12 km/l, em um trecho majoritariamente rodoviário. A GM fala em 11,3 km/l de consumo urbano e 13,6 km/l em rodovias, em média.
O consumo é parecido com o da versão sedã e com seu maior rival, o Golf 1.4, também turbo. O Cruze de três volumes marcou 11,2 km/l na cidade e 14 km/l na estrada. Já o Volkswagen fez 11,3 km/l em ciclo urbano e 13,7 km/l em trajeto rodoviário, sempre considerando números do Inmetro e o tanque abastecido com gasolina.
O Focus, nas mesmas condições, vai pior. Dono de motor 2.0 aspirado, o modelo registrou 9,7 km/l em ciclo urbano e 13 km/l em rodoviário.
Bem equipado, mas mal montado
O nível de equipamentos do Cruze está entre os melhores de seu segmento (se não o melhor). A versão mais completa conta com diversos assistentes de condução, com o que impede o carro de mudar de faixa e o que estaciona o veículo sozinho.
Já a cabine acompanha o moderno visual exterior – o volante é bonito, o quadro de instrumentos tem fácil leitura e o motorista fica muito bem acomodado no banco. Porém, a qualidade de montagem do Cruze poderia melhorar – muito.
Em mais de uma unidade, o vão entre as peças plásticas do console central era maior do que o aceitável até para um carro da metade do valor do Cruze. Ainda há outros deslizes na montagem dos painéis de porta.
O sedã, por exemplo, apresenta qualidade superior, apesar de ambos serem produzidos na mesma fábrica, em Rosário, na Argentina. Neste quesito, o Cruze se distancia negativamente do Golf, que tem acabamento impecável.
Sem saudades do Cruze anterior
Percebeu que este texto falou poucas vezes do Sport6 anterior? Não é proposital. A evolução do Cruze hatch foi tão grande, que a geração anterior sai de linha praticamente sem ser lembrada.
E a nova promete alçar voos bem mais altos, já que a GM espera emplacar 1,5 mil unidades do modelo a cada mês. Se isso se concretizar, e os rivais continuarem no mesmo patamar, o Cruze alçará o posto de líder do segmento, hoje ocupado pelo Focus, que tem média mensal de 580 unidades. O Golf é o segundo, com 502 emplacamentos médios mensais.
Sim, a GM espera com o novo Cruze, comercializar mais unidades do que seus dois maiores concorrentes juntos. Uma expectativa e tanto.
Conclusão
A ambição do Cruze é grande – crescer em um segmento que encolhe. Mas os atributos também. Ele encosta no Golf em dirigibilidade, já que seu motor tem cilindrada semelhante e também traz turbo (no Golf são 150 cv e 25,5 kgfm de torque) e supera o rival com um excelente pacote de equipamentos, apesar de perder feio em acabamento.
O Volkswagen até pode ser recheado com vários itens do Cruze – caso das rodas de 17 polegadas, acesso e partida presenciais, teto solar elétrico e alguns sistemas de segurança, como o controle de velocidade adaptativo e o estacionamento autônomo.
Porém, como a marca alemã vende seus opcionais em pacotes fechados e caros, a conta subiria para R$ 138.738 – preço suficiente para adquirir um sedã premium. Já o Focus traz a receita que vai ficando ultrapassada, de motor de 2 litros aspirado. A potência, de 178 cv pode até ser maior, mas o torque de 22,5 kgfm é inferior.
Considerando o conjunto da obra, o Cruze evoluiu a ponto de ser considerado uma das melhores escolhas em sua faixa de preço. Mas sempre há espaço para melhorias.
Fonte: Auto Esporte