ESPORTE INTERNACIONAL

Defasagem física e dura adaptação, Ganso sofre em início pelo Sevilla.

Meia chegou ao clube lesionado e tem estilo de jogo diferente do europeu.

Em 30/09/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Paulo Henrique Ganso chegou animado ao Sevilla, afinal, a chance de jogar na Europa enfim havia aparecido, além de ser um sonho pessoal realizado. Mas o início da trajetória do meia no clube espanhol não tem sido fácil. Dez jogos atrás ele ficou à disposição do técnico Jorge Sampaoli, porém só atuou em quatro deles. De um total de 900 minutos, esteve em campo em apenas 213 - sem gol e sem assistência -, ficando até fora do banco de reservas algumas vezes. Um saldo por enquanto aquém daquilo que todos esperavam.

Esse mau começo de Ganso tem explicação. Um dos principais motivos é a defasagem física em relação ao restante do elenco. O brasileiro sofreu um estiramento na coxa direita ainda no São Paulo, onde atuou pela última vez em 30 de junho, contra o Fluminense. Nesse período de recuperação, foi concretizada a transferência para o Sevilla. O meia se esforçou no dia a dia e chegou ao novo clube achando que estava recuperado, mas exames realizados pelos espanhóis detectaram que ainda havia um edema no local. Com isso, Ganso precisou fazer um trabalho físico à parte e não conseguiu participar da pré-temporada, ficando atrás dos companheiros nesse quesito. Só foi estrear no dia 14 de agosto, um mês e meio depois da despedida no Tricolor Paulista.

Outro fator é a dificuldade de adaptação ao futebol espanhol, o que de certa forma já era esperado. Ganso é um jogador que pensa muito o jogo, cadencia, dita o ritmo do meio-campo. Na Espanha e na Europa em geral o futebol é mais corrido, mais intenso e com menos espaços, o que não é o melhor dos cenários para as características do camisa 19.

Jogando de forma um pouco mais recuada do que fazia no Brasil - ideia de Sampaoli -, Ganso deu mostras de seu talento e visão de jogo ao conseguir encaixar alguns bons passes durante o tempo em que esteve em campo, mas ao mesmo tempo já foi possível vê-lo sendo cobrado pelos companheiros para se movimentar mais, ser mais dinâmico.

- Todo jogador que chega a um clube precisa de uma adaptação, que pode ser imediata, lenta ou que nunca aconteça - analisou Sampaoli na semana passada.

Ganso jogou uma partida inteira apenas uma vez, no empate com o modesto Eibar por 1 a 1. Teve atuação discreta. Nos dois jogos seguintes, contra Betis e Athletic Bilbao, não foi nem relacionado por opção do treinador. No último, contra o Lyon, voltou ao banco, mas não saiu dele. A estratégia de Sampaoli é ir devagar com o brasileiro. Tanto o técnico quanto a diretoria do Sevilla gostam muito do futebol de Ganso e confiam no sucesso dele, mas estão trabalhando o jogador com cuidado.

- A comissão técnica do Sevilla considera que Ganso está passando por um momento de adaptação a um novo país, a um novo futebol, a novas condições de treinamento. Neste momento, não o veem em condições adequadas para competir de forma contínua no Sevilla, que joga o Campeonato Espanhol e a Liga dos Campeões, duas competições de máxima exigência. Sampaoli e Monchi, o diretor esportivo, confiam em Ganso, mas têm um temor: de que ele não seja capaz de poder colocar-se no nível físico que exige a competição na Europa - opinou o jornalista Rafael Pineda, setorista do Sevilla para o jornal espanhol "El País".

Ganso, por sua vez, optou por se fechar totalmente, focado em inverter essa situação inicial. Não concedeu entrevista exclusiva desde que chegou ao Sevilla e nem pretende fazer isso tão cedo. Só falou na coletiva de imprensa em sua apresentação oficial. Ele até tomou a decisão de romper com seu assessor de imprensa há cerca de um mês, após quatro anos trabalhando juntos. O assessor tinha até se mudado para Sevilha, mas teve de voltar ao Brasil. O meia atualmente mora com a esposa e o filho e é acompanhado por seu empresário, Giuseppe Dioguardi.

- O que acontece com o Ganso é a pergunta que todos nós fazemos. É um jogador muito, muito bom. Já deu passes aqui que mostraram que é diferenciado. A única coisa que falta é uma intensidade maior, um ritmo maior. É um jogador lento de movimentos, mas rápido com a cabeça. Se melhorar um pouco fisicamente, estou certo de que ele será uma espécie de novo Banega do Sevilla - disse o jornalista espanhol Jesus Márquez, do "Canal SUR" de televisão e rádio.

Utilizando pouco os serviços de Ganso até aqui, o Sevilla ocupa a sexta posição do Campeonato Espanhol após seis rodadas, a 3 pontos do líder Real Madrid, e está em segundo no Grupo H da Liga dos Campeões com 4 pontos, a mesma quantidade que tem o líder Juventus. O próximo jogo é neste sábado, às 11h15 (horário de Brasília), em casa contra o Alavés pelo Espanhol. E a expectativa é que Ganso volte a ganhar minutos, talvez até começando a partida.

Globo Esporte