POLICIA
Delatores da Lava Jato depõem em processo contra a Andrade Gutierrez.
Audiências serão realizadas nesta sexta (11) na Justiça Federal, em Curitiba.
Em 11/09/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
A Justiça Federal do Paraná marcou mais duas audiências relacionadas a processos da Operação Lava Jato para esta sexta-feira (11). Ambas envolvem processos contra a empreiteira Andrade Gutierrez, uma das maiores empreiteiras do país e investigada na operação. Entre os interrogados estão quatro delatores do esquema.
De acordo com as investigações, a Andrade Gutierrez agia de forma mais sofisticada no esquema de corrupção e fraudes de licitações da Petrobras. Ela formava um cartel, obtendo preços favoráveis e, com isso, lucros extraordinários. Parte do lucro excedente era usado para pagar propina a agentes públicos e partidos políticos, conforme os procuradores. A Odebrecht agia da mesma forma, ainda de acordo com as investigações.
A primeira audiência começa às 9h30 e terá como testemunhas de acusação os delatores Eduardo Hermelino Leite, vice-presidente da Camargo Corrêa, Júlio Camargo, ex-consultor da empresa Toyo Setal, e Rafael Angulo Lopes, um dos operadores do esquema e também delator.
Em depoimento de delação premiada, Júlio Camargo explicou à Justiça como funcionava o esquema de corrupção abastecido com dinheiro pago por empresas que formaram o cartel para dividir entre si projetos da Petrobras, cobrando o valor máximo previsto nas licitações e pagando suborno equivalente a 3% dos contratos.
Lopes era uma espécie de braço direito de Alberto Youssef e cuidava da contabilidade do doleiro. Em um dos depoimentos de delação premiada, o operador declarou que a partir de 2009 passou a viajar frequentemente para entregar dinheiro para políticos.
Em uma audiência em agosto deste ano, o juiz Sergio Moro apresentou a Rafael Angulo Lopez uma planilha que ele reconheceu ter elaborado como contabilidade do esquema de distribuição de dinheiro.
Questionado sobre o significado da expressão “Band”, que figurava ao lado de alguns dos valores, o operador explicou que era uma abreviação de “Bandido”, e que essa alcunha era utilizada como referência a políticos destinatários de dinheiro.
Agenda da tarde
A outra audiência envolvendo a Andrade Gutierrez está marcada para as 13h30 e terá como testemunhas de acusação o delator e dono da construtora UTC Ricardo Pessoa.
Em seu primeiro depoimento à Justiça após a homologação da delação, no dia 3 de setembro, Pessoa disse que pagou propina para o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e para o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto.
Pessoa foi preso na 7ª etapa da operação, em novembro do ano passado, junto com diversos executivos e ex-executivos de empreiteiras. Ele foi solto em abril para cumprir prisão domiciliar. Pessoa é réu em processo originado na Lava Jato, mas ainda não foi condenado.
Primeiras testamunhas
Nesta quinta-feira (10), a Justiça Federal em Curitiba ouviu as primeiras testemunhas de acusação no processo contra executivos da Andrade Gutierrez. Augusto Mendonça e Marcos Berti, ligados à Setal, confirmaram a existência do cartel de empresas para fraudar licitações da Petrobras.
Augusto Mendonça ainda falou sobre o pagamento de propina a executivos da Petrobras e também ao PT, por meio de doações declaradas oficialmente. A resposta que o PT repete é que todas as doações foram legais e declaradas à Justiça Eleitoral. A Andrade Gutierrez afirmou que não vai comentar os processos em andamento.
Fonte:G1