POLÍTICA INTERNACIONAL
Desafios de Biden: Crise diplomática, pandemia e economia
Presidente dos Estados Unidos fez um pronunciamento nesta quarta-feira (19) na Casa Branca.
Em 20/01/2022 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
No primeiro ano de mandato, o presidente dos EUA, Joe Biden, enfrentou obstáculos como a retirada de tropas no Afeganistão e a tensão entre Rússia e Ucrânia.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, marcou seu primeiro ano no cargo com um pronunciamento e uma entrevista coletiva da Casa Branca nesta quarta-feira (19). Biden destacou as realizações de seu governo, assim como os desafios que tem pela frente, já que prioridades de sua agenda permanecem paralisadas, como a lei Build Back Better (projeto de lei de gastos de US$ 1,9 trilhão).
Apesar dos obstáculos, o presidente norte-americano disse que o governo será capaz de sancionar “boa parte” de sua agenda.
A vacinação contra a covid-19, a reabertura da economia e a geração de empregos no país foram destacados pelo presidente norte-americano como “progressos notáveis”.
Dentre as medidas de contenção da variante Ômicron, Biden afirmou que serão disponibilizados 1 bilhão de testes de coronavírus aos cidadãos do país. Biden destacou o avanço na imunização e afirmou que o país está vacinando 9 milhões de pessoas por semana.
Porém, a pandemia e os problemas econômicos gerados pela Covid-19 não foram os único desafios no primeiro ano de gestão de Biden. Os percalços envolvem ainda crises diplomáticas e políticas.
Pedras no caminho de Biden
Rússia e Ucrânia
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, previu nesta quarta-feira (19) que a Rússia “vai atacar” a Ucrânia, citando preocupações existenciais do presidente do país, Vladimir Putin, mesmo alertando sobre consequências econômicas significativas caso isso ocorra.
Porém, Biden sugeriu que uma “pequena incursão” pode provocar uma resposta menor do que uma invasão em grande escala do país.
“Não tenho tanta certeza do que ele vai fazer. Meu palpite é que ele vai atacar. Ele tem que fazer alguma coisa”, disse Biden, descrevendo um líder em busca de relevância em um mundo pós-soviético. “Ele está tentando encontrar seu lugar no mundo entre a China e o Ocidente”, acrescentou
Um membro do governo ucraniano disse a Matthew Chance, da CNN, que está “chocado que o presidente dos EUA, Biden, faça distinção entre incursão e invasão”. “Isso dá luz verde a Putin para entrar na Ucrânia a seu bel prazer”, acrescentou o funcionário.
“O presidente Biden foi claro com o presidente russo: se quaisquer forças militares russas cruzarem a fronteira ucraniana, isso é uma invasão renovada, e será recebida com uma resposta rápida, severa e unida dos EUA e nossos aliados”. disse a secretária de imprensa Jen Psaki em um comunicado emitido depois da entrevista coletiva.
Pandemia
O presidente norte-americano admitiu que deveria ter sido feito mais em termos de disponibilidade de testes de Covid-19. “Olha, também estamos aumentando os testes. Deveríamos ter feito mais testes antes? Sim. Mas estamos fazendo mais agora”, disse ele.
Mas em seu discurso, Biden defendeu as vacinas, a dose de reforço, o uso de máscaras e afirmou que não adotará mais lockdown no país, incentivando que as crianças retornem às escolas.
“Estamos em um momento bem melhor que o ano passado, não vamos voltar a ter lockdown, não vamos fechar as escolas, as escolas devem permanecer abertas, com ventilação e higiene nas salas e nos ônibus, com testes sendo administrados nas escolas. Eu motivo que os estados usem os fundos para manter as escolas abertas, a Covid-19 não vai embora imediatamente, mas não vamos desistir”, destacou o presidente.
Vacinação a trabalhadores
A Suprema Corte dos Estados Unidos bloqueou a exigência de vacina contra a Covid-19, projeto do presidente Joe Biden, além do requisito de teste destinado a grandes empresas, mas permitiu que um mandato de vacina para certos profissionais de saúde entrasse em vigor em todo o país.
Em resposta à decisão, o governo de Joe Biden divulgou uma carta onde afirma que se sua gestão não houvesse estabelecido requisitos de vacinação, o país estaria agora enfrentando um número ainda maior de internações e mortes por Covid-19.
“Estou desapontado que a Suprema Corte tenha optado por bloquear os requisitos de bom senso para salvar vidas para funcionários de grandes empresas, que foram fundamentados diretamente na ciência e na lei”, divulgou em carta aberta.
Lei Build Back Better
Biden sinalizou que está disposto a quebrar o Build Back Better Act e aprovar seções da lei separadamente. “Acho que podemos dividir o pacote, obter o máximo que pudermos agora, voltar e lutar pelo resto mais tarde”, disse o presidente.
O pacote econômico foi paralisado no mês passado por falta de acordo no Congresso.
O Build Back Better deve expandir drasticamente o alcance dos serviços sociais para os americanos, como o acesso aos cuidados de saúde, e prestar ajuda a famílias e crianças. Além disso, será utilizado para financiar medidas de mitigação da crise climática.
Trump
Em seu pronunciamento, o presidente Joe Biden lamentou o controle de seu antecessor sobre o Partido Republicano, já que sua ampla agenda e as prioridades de reforma eleitoral permanecem paralisadas no Congresso.
Sem citar o ex-presidente, Biden criticou as ameaças de Donald Trump de apoiar oponentes de políticos que assumem posições que o republicano discorda.
“Você já pensou que um homem fora do cargo poderia intimidar um partido inteiro onde eles não estão dispostos a votar contra o que ele acha que deveria ser votado, por medo de ser derrotado nas primárias?”, Biden perguntou retoricamente durante a entrevista desta quarta-feira.
Ataque ao Capitólio
Biden ainda não havia assumido a presidência, mas a contestação a sua vitória gerou a maior crise da democracia do país. No dia 6 de janeiro de 2021, centenas de manifestantes invadiram o Capitólio dos Estados Unidos em um motim que justificava, erroneamente, uma fraude na eleição que derrotou o ex-presidente Donald Trump.
Um comitê do Congresso dos EUA ainda investiga os acontecimentos daquele dia. Diversas testemunhas afirmam que Trump instigou seus apoiadores a atacar o Capitólio.
Pelo menos dois manifestantes e três policiais morreram nos dias seguintes ao ataque. Nos meses seguintes, outros quatro agentes de segurança que defenderam o Capitólio se suicidaram. Outros 140 policiais ficaram feridos.
Inflação
Biden reconheceu que os americanos estão lutando com o alto custo de vida e colocou seu peso nos esforços do Federal Reserve (Banco Central do país) para combater a inflação.
“O trabalho crítico de garantir que os preços elevados não se tornem arraigados cabe ao Federal Reserve, que tem um mandato duplo: pleno emprego e preços estáveis”, disse Biden.
Biden também detalhou esforços de seu governo para combater a inflação, com a desobstrução das cadeias de suprimentos e o combate à concorrência desleal no mercado.
Crise no Afeganistão
Sob pressão, o presidente Joe Biden cumpriu o prazo para retirar todas as tropas americanas do Afeganistão, 20 anos depois da invasão a Cabul e da deposição do governo do Talibã da época por proteger os perpetradores dos ataques de 11 de setembro de 2001.
Porém, o governo e o exército afegão desapareceram quando o Talibã entrou na capital, em 15 de agosto – o que marcou a volta do grupo ao poder e causou pânico em decorrência de suas visões estritas sobre a colaboração com o Ocidente e direitos humanos.
Sob um acordo com os Estados Unidos, o Talibã disse que permitiria que estrangeiros e afegãos saíssem do país.
A crise desencadeada no Afeganistão com a retirada das tropas norte-americanas do país impactou a popularidade de Joe Biden, conforme avaliou na época a coordenadora do curso de Relações Internacionais da FAAP, Fernanda Magnotta.
“Não seria possível deixar o Afeganistão sem caos”, disse Biden em entrevista à rede ABC.
A CNN teve acesso à informação de que um grupo de diplomatas avisou, em julho, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, de que a situação no Afeganistão poderia sair do controle rapidamente. (Por Anna Gabriela Costada CNN* em São Paulo - *Com informações de Chris Cillizza, da CNN)
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