ECONOMIA NACIONAL
Dívidas tributárias ainda são ameaças para a Petrobras.
Ainda não foi detectado nenhum outro passivo que possa ser incluído no programa Refis da Copa.
Em 08/08/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O pagamento de dívidas tributárias à União poderá pesar sobre os resultados da Petrobras ainda no futuro. No segundo trimestre deste ano, a empresa teve o desempenho afetado pela provisão de R$ 2,8 bilhões para quitar parcelas atrasadas de IOF que estavam sendo questionadas na Justiça. Segundo o presidente da petroleira, Aldemir Bendine, os argumentos jurídicos da empresa eram fracos para sustentar a ação. Agora, os técnicos da companhia avaliam se novos passivos se inserem em medida recém implementadas pela Receita Federal, que garantem desconto no pagamento de débitos tributários.
Segundo o diretor Financeiro da companhia, Ivan Monteiro, ainda não foi detectado nenhum outro passivo que possa ser incluído no programa Refis da Copa, que, apesar de encerrado no fim do ano passado, foi reaberto a contribuintes que já haviam aderido. Mas, como a Instrução Normativa da Receita é recente, o caso ainda está sendo analisado pelo setor jurídico da empresa.
Apesar de ser vantajoso para a Petrobras, segundo Bendine, a adesão ao Refis da Copa não agradou ao mercado. Ontem, no dia seguinte à divulgação do resultado financeiro do segundo trimestre, as ações ordinárias caíram 7,42% e as preferenciais, 6,10%.
Relatório do Morgan Stanley, intitulado "Bons resultados operacionais... Na superfície. Onde está o lucro líquido?", demonstra certa surpresa com o reconhecimento de despesas tributárias. "O que é particularmente preocupante é que a empresa fez esse provisionamento antes mesmo de ser notificada pela Receita Federal", diz o texto do banco, assinado por Bruno Montanari e Madalena Carmona e Costa.
"Diante da dificuldade do governo quanto à política fiscal, pegou mal o momento de pagamento e provisionamento desses tributos", disse um analista que acompanha o setor e preferiu não se identificar. "Os investidores não consideraram que este era um bom momento e agora estão com receio de novos impactos negativos nesse sentido à frente. Parece que o acionista minoritário é sempre o último dos stakeholders a receber dinheiro da estatal", acrescentou. Já o presidente da Petrobras, em coletiva na quinta-feira, argumentou que o momento é de promover uma faxina nas contas da empresa.
Ontem, o mercado recebeu ainda a confirmação de que o conselho de administração autorizou a estatal a dar entrada no processo de abertura de capital da Petrobras Distribuidora, a BR, na Comissão de Valores Mobiliários. A medida faz parte do processo de venda de ativos para a geração de caixa e redução do alto patamar de endividamento.
"Todos os atos necessários para realização da oferta estarão sujeitos à aprovação dos órgãos internos da Petrobras e da Petrobras Distribuidora, bem como à análise e à aprovação dos respectivos entes reguladores, supervisores e fiscalizadores, nos termos da legislação aplicável", comunicou a petroleira, acrescentando ainda que a oferta de ações em bolsa "dependerá de condições favoráveis dos mercados de capitais nacional e internacional". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.