ESPORTE INTERNACIONAL
Djokovic bate Murray, é campeão em Roland Garros e faz o coração de Guga.
A emoção de Djokovic, deitado sobre a quadra de saibro e o coração desenhado.
Em 05/06/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Quando chegou à decisão de Roland Garros pela primeira vez, em 2012, Novak Djokovic já era número 1 do mundo e campeão nos outros três Grand Slams - Aberto da Austrália, US Open e Wimbledon. Ao perder para Rafael Nadal na ocasião, começou então uma epopeia na carreira do sérvio. Vencer em Paris se tornou uma obsessão e as cobranças, internas e externas, colocaram uma pressão absurda para seu ato final de ser tornar um dos maiores tenistas da história. Em 2014, novamente Nadal interrompeu seu sonho. E, em 2015, sem o espanhol, foi a vez de Stan Wawrinka triunfar. Djokovic chorou. Mas, retomou o caminho, continuou ganhando títulos em sequência até chegar a este fatídico domingo. Ao entrar em quadra, o público gritava seu nome. Um cenário perfeito para o que aconteceria ao longo de 3h03 na quadra Philippe-Chatrier. Diante de Andy Murray, começou nervoso, mas manteve os brios no lugar, foi brilhante nos momentos certos e, com 3 sets a 1, parciais de 3/6, 6/1, 6/2 e 6/4, completou a peça que faltava em sua tão vitoriosa carreira: o título de Roland Garros. Para marcar seu nome na história, decidiu repetir um dos gestos mais emblemáticos do torneio: desenhou um coração e deitou sobre ele, assim como o brasileiro Gustavo Kuerten havia feito em 2001.
Antes mesmo do início do torneio, em uma ação com uma patrocinadora de Guga e Djokovic, o sérvio havia confessado que o gesto do coração em Roland Garros era uma das lembranças mais marcantes de sua vida. E, assim, pediu permissão ao brasileiro para que pudesse repetir o desenho caso conquistasse o torneio pela primeira vez. Sem titubear, Guga autorizou Djoko a repetir o seu gesto e esteve, neste domingo, nas tribunas da Philippe-Chatrier para acompanhar o jogo e se emocionou com a homenagem.
Assim, Novak Djokovic alcança o tão sonhado "Career Slam", vencendo os quatro títulos de Grand Slam e se iguala a outros sete tenistas que conseguiram a proeza: Fred Perry (1935), Don Budge (1938), Rod Laver (1962), Roy Emerson (1964), Andre Agassi (1999), Roger Federer (2009) e Rafael Nadal (2010). Porém, o sérvio tem algo a mais a comemorar. É o primeiro jogador na era aberta a vencer quatro slams de forma consecutiva - Wimbledon e US Open, em 2015, e Aberto da Austrália e Roland Garros, nesta temporada. Antes dele, apenas Don Budge e Rod Laver conseguiram a proeza.
O jogo
Os três minutos deram uma falsa impressão de que Novak Djokovic comandaria a partida diante de Andy Murray. Sem ceder um ponto sequer, ele quebrou o britânico dando show em drop shots. Porém, logo no game seguinte, a história começou a mudar. Murray devolveu na mesma moeda, usou de drop shots e de um lindo lob para quebrar de volta e passou a mandar no jogo. Com um número muito baixo de erros, ele via o sérvio se complicar e abriu vantagem em nova quebra no quarto game, fazendo 4/1 na sequência ao confirmar seu serviço. De cabeça baixa, Djokovic parecia sentir o momento e, nem mesmo o apoio dos torcedores franceses, mudaram o panorama do primeiro set. Vibrante, Murray não baixava o nível e incomodava o número 1 a cada ponto, até conseguir fechar o set em 6/3.
A moral de Murray foi nas alturas. Se defendendo com maestria, ele chegou ao break point logo na largada do segundo set em um ponto espetacular, onde salvou duas bolas incríveis e matou o ponto com o voleio. Ainda assim, Djokovic foi buscar, confirmou o serviço para abrir com 1/0 e ganhou mais uma vez o apoio do público. Desta vez, serviu como combustível para o sérvio. Aproveitando os erros do britânico, que começaram a acontecer, ele chegou à quebra após uma dupla falta e, em seguida, abriu 3/0 de forma rápida com seu saque. Djokovic, por pouco, não chegou ao quarto game consecutivo, mas errou uma "deixadinha" no break point, e Murray conseguiu confirmar logo depois. O sérvio já vibrava mais e manteve o alto nível, não deixou o rival respirar, conseguindo mais uma quebra e, dominando a rede de forma arrasadora, empatou a partida com um 6/1 na parcial.
O alto nível de Djokovic seguiu no início da terceira parcial. Incomodando bastante o saque de Murray, ele chegou ao duplo break point e conseguiu a quebra no terceiro game com um erro crasso do britânico na rede. O britânico pareceu se perder em quadra. Mudou o estilo de jogo e buscou arriscar mais. Os erros se somavam e abriam caminho para Djokovic, que conseguiu uma segunda quebra no quinto game em uma deixada espetacular, fazendo 4/1. O número 1 do mundo chamou o público e sentou no banco já vibrando bastante. Porém, não dava para comemorar antes da hora. Djokovic precisou de muito controle para salvar nada menos que quatro break points no game seguinte. Ele ainda contaria com uma marcação errada do juiz no último ponto, que viu bola fora de Murray, para fazer 6/2 no set.
Empurrado pela torcida, que não parava de gritar o seu nome, Djokovic iniciou mais uma vez dominando as ações no quarto set. Abriu logo três break points e, na segunda oportunidade, quebrou o saque de Murray. O britânico ainda tentava e vibrava quando conseguia seus pontos, mas já não encontrava forças para conseguir reagir e o sérvio aproveitava o momento. Com um sétimo game arrasador, Djokovic conseguiu quebrar de zero, finalizando com uma bela passada de forehand e abriu 5/2, sacando para o jogo na sequência. Porém, como uma final épica, era preciso dar um toque de drama. Murray arriscou o quanto pôde, salvou uma deixada de Djokovic de forma espetacular e, com um winner, devolveu uma das quebras. Em seguida, vibrou demais ao confirmar o serviço com um erro do número 1 do mundo, diminuindo para 5/4. Tenso, o sérvio perdeu dois match points como uma dupla falta e uma paralela para fora. Na terceira chance, porém, a bola na rede de Andy Murray, garantiu o título inédito de Novak Djokovic, que se jogou no saibro de Paris para comemorar. Sem saber para onde correr, pegou a raquete, desenhou o coração em quadra e repetiu o gesto de Gustavo Kuerten de 2001. O brasileiro, nas tribunas, sorriu emocionado e aplaudiu o campeão.
Fonte: GE