ECONOMIA INTERNACIONAL

Dólar passa a recuar após subir e chegar a R$ 4,16

Cenário eleitoral segue no radar dos investidores.

Em 06/09/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

(Foto: Reprodução/TV Globo)

O dólar opera em queda nesta quinta-feira (6), em meio à recuperação de divisas de países emergentes no exterior e cautela com a cena eleitoral no Brasil, alimentada ainda pelo feriado do Dia da Independência no dia seguinte e que manterá os mercados locais fechados, segundo a Reuters.

Às 15h35, a moeda norte-americana recuava 0,67%, vendida a R$ 4,1146.

Na máxima da sessão, o dólar chegou a R$ 4,1646, e na mínima, a R$ 4,1026. No ano, o dólar acumula alta de 25% e, no mês, de 11%.

"O exterior está bom e ajudou na abertura, mas não há motivos para melhorar muito porque o cenário (eleitoral doméstico) não está tão claro", comentou à Reuters a estrategista de câmbio do banco Ourinvest, Fernanda Consorte.

O dólar recuava frente a moedas de países emergentes, mas com menos intensidade do que no final da manhã, após recentes altas em meio ao cenário delicado em diversos países, como Turquia e Argentina, mas sem deixar de lado as preocupações com a guerra comercial patrocinada pelos Estados Unidos com seus parceiros.

A cautela com a cena política continuava no radar após a publicação de nova pesquisa Ibope na noite passada.

O mercado também estava cauteloso pelo feriado brasileiro no dia seguinte, quando saem nos Estados Unidos números sobre o mercado de trabalho, indicador bastante acompanhado pelo Federal Reserve, banco central norte-americano, na formulação de sua política monetária.

Previsões

Em meio a tantas incertezas, pesquisa da Reuters com estrategistas e economistas mostrou mais cedo que o dólar deve recuar 8,7%, a R$ 3,79 em 12 meses, se comparado com o atual patamar ao redor de R$ 4,15, de acordo com a mediana de 30 estimativas coletadas entre 31 de agosto e 4 de setembro.

Seria uma taxa um pouco mais alta do que o resultado de R$ 3,60 apurado na pesquisa do mês passado, revisão surpreendentemente pequena após a moeda marcar sua maior alta mensal em três anos no mês passado. O dólar saltou 8,46% em agosto.

Mas esse dado provavelmente não representa adequadamente o quanto os especialistas estão correndo para atualizar suas estimativas. O desvio padrão, uma medida de dispersão, atingiu o maior nível desde maio de 2016, época do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, superando um pico atingido em junho.

Atuação do BC

O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 10,9 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando US$ 2,18 bilhão do total de US$ 9,801 bilhões que vence em outubro. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.

Novo patamar e perspectivas

A recente disparada do dólar, que voltou a romper a barreira dos R$ 4 após 2 anos e meio, acontece em meio às incertezas sobre o cenário eleitoral e também ao cenário externo mais turbulento, o que faz aumentar a procura por proteção em dólar.

Investidores têm comprado dólares em resposta a pesquisas que mostram intenção de voto mais baixa para candidatos considerados mais pró-mercado e comprometidos com a agenda de reformas e ajuste das contas públicas.

 

As incertezas e o nervosismo geram maior demanda por proteção em dólar, o que pressiona a cotação da moeda. Importadores, empresas com dívidas em dólar e turistas preocupados passam a comprar mais dólares também e contribuem para elevar o preço da moeda norte-americana.

Outro fator que pressiona o câmbio é a elevação das taxas básicas de juros nas economias avançadas como Estados Unidos e União Europeia, o que incentiva a retirada de dólares dos países emergentes. O mercado tem monitorado ainda a guerra comercial entre Estados Unidos e seus parceiros comerciais e a crise em países como Argentina e Turquia.

A visão dos analistas é de que o nervosismo tende a continuar e que o mercado ficará testando novas máximas até achar um novo piso ou até que se tenha uma maior definição da corrida eleitoral.

A projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2018 foi elevada de R$ 3,75 para R$ 3,80 por dólar, segundo boletim Focus divulgado na segunda-feira (3) pelo Banco Central. Para o fechamento de 2019, ficou estável em R$ 3,70 por dólar.

Em agosto, a retirada de dólares da economia brasileira superou o ingresso de recursos em US$ 4,250 bilhões, segundo dados do Banco Central. Essa foi a primeira saída de divisas do país desde março deste ano, ou seja, em cinco meses. No acumulado do ano, ainda há ingresso US$ 24,17 bilhões.

Os analistas destacam, contudo, que embora todas as moedas de países emergentes estejam sendo fortemente desvalorizadas, o Brasil se encontra em melhor situação em razão dos mais de R$ 382 bilhões em reservas e que, até o momento, não tem sido observada falta de liquidez ou fuga de dólares do país.