ECONOMIA INTERNACIONAL

Dólar sobe e atinge R$ 3,60 pela primeira vez em quase 2 anos

Na véspera, o dólar fechou em alta de 0,49% sobre o real, vendida a R$ 3,5705.

Em 09/05/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O dólar continua em trajetória de alta nesta quarta-feira (9) e chegou à marca de R$ 3,60, cotação que não era atingida desde junho de 2016. O cenário externo ainda pesa sobre os mercados diante de temores de juros maiores nos EUA e tensões geopolíticas envolvendo os Estados Unidos e Irã.

Às 10h46, a moeda norte-americana subia 0,85%, cotada a R$ 3,6011 na venda. Veja mais cotações.

A última vez que o dólar fechou acima dos R$ 3,60 foi em 31 de maio de 2016, quando terminou o dia cotado a R$ 3,6142.

Perto do mesmo horário, o dólar turismo era cotado a R$ 3,76.

Nesta seção, o dólar se valorizava mais em relação ao real do que moedas de países emergentes por conta do chamado diferencial de juros. Há expectativa de que o Banco Central brasileiro reduza a taxa básica de juros, a Selic na próxima semana para nova mínima histórica, a 6,25% ao ano. Ao mesmo tempo, há temores de que o banco central dos EUA, o Fed, pode eleve ainda mais os juros no país. Com uma diferença maior entre as taxas, os investidores tendem a migrar para a maior economia do mundo atrás de rendimentos com baixíssimo risco.

"Acredito que se a moeda furar R$ 3,60, o BC voltará a atuar, porque se trata de um movimento especulativo", afirmou o gerente de câmbio do grupo Ourominas, Mauriciano Cavalcante.

Os preços do petróleo avançavam cerca de 3% nesta manhã, acima de US$ 70,98 por barril, perto das máximas do fim de 2014.

A alta também é um reflexo das sanções anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Irã, integrante da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep).

As sanções econômicas ao Irã podem afetar a produção e exportação de petróleo do país, afetando os preços da commodity. Preços mais caros de petróleo impactam a inflação e podem levar o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, a elevar mais do que o esperado os juros no país.

O mercado monitora pistas sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos porque, com taxas mais altas, o país se tornaria mais atraente para investimentos aplicados atualmente em outros mercados, como o Brasil, motivando assim uma tendência de alta do dólar em relação ao real.

Em entrevista à Globonews na terça-feira (8), o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, explicou que a alta do dólar é um movimento global e não exclusivo ao Brasil, mas garantiu que a autoridade está monitorando o mercado para seu bom fundamento e intervirá quando necessário.

O Banco Central realiza nesta sessão novo leilão de até 8,9 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de junho.

Se mantiver e vender esse volume diário até o final do mês, o BC terá rolado integralmente os US$ 5,650 bilhões que vencem no mês que vem e terá colocado o equivalente a US$ 2,8 bilhões de adicionais.

(Foto: Shutterstock)