ECONOMIA INTERNACIONAL
Dólar sobe pelo 6º pregão seguido e se aproxima de R$ 4,10
Real é a 7ª moeda que acumula a maior desvalorização no ano.
Em 22/08/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O dólar opera em alta pelo 6º pregão seguido nesta quarta-feira (22), após ter passado na véspera dos R$ 4 pela primeira vez em dois anos e meio, embalado pelo cenário eleitoral, com os investidores repercutindo as primeiras pesquisas de intenção de voto.
Oportunidade de Negócios. Seja um "Distribuidor Independente" da RACCO. Cadastre-se e receba informações: https://loja.racco.com.br/vip/negocioeoportunidade
Às 14h29, a moeda norte-americana subia 1,11%, vendida a R$ 4,0804 Na máxima do dia até o momento, chegou a R$ 4,0908. Veja mais cotações.
Já o dólar turismo era negociado a R$ 4,25, sem considerar o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF).
Desde o início do ano, a moeda norte-americana já acumula avançou de mais de 20%. A tendência de alta, que havia perdido fôlego a partir de junho, voltou a ganhar força em agosto em meio às incertezas eleitorais e cenário externo menos favorável, fazendo o dólar saltar de cerca de R$ 3,70 para os atuais R$ 4.
O mercado cambial no Brasil opera nesta quarta na contramão do exterior, onde a moeda norte-americana cedia ante uma cesta de moedas e divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano.
O peso da incerteza eleitoral
Investidores têm comprado dólares em resposta a pesquisas que mostram uma fraqueza de candidatos voltados a reformas alinhadas com o mercado. A busca pela moeda indica que o mercado prefere ativos mais seguros em momentos de incerteza, o que leva ao enfraquecimento do real.
“Quanto mais próximas estiverem as eleições, maior será a volatilidade do câmbio”, prevê Indech, que considera que a moeda ficará ainda mais instável quando começar a propaganda eleitoral na televisão, quando se acredita que o tempo de exposição dos candidatos pode influenciar a decisão do eleitorado.
Histórico do dólar desde 2015. (Foto: Igor Estrella/G1)
Alvaro Bandeira, sócio e economista-chefe da Modalmais, vê o avanço da moeda nesta terça-feira como uma resposta do mercado à percepção de que o segundo turno não terá candidatos voltados a propor reformas fiscais.
“Não dá para descartar a possibilidade de o dólar ir a R$ 4,50 e até a R$ 5 neste cenário. Tudo vai depender do que será definido para o segundo turno”, aponta Bandeira.
Ele também vê a possibilidade de a moeda americana voltar para um patamar mais baixo, em torno de R$ 3,70, caso outras pesquisas mostrem chances maiores de algum candidato reformista figurar no segundo turno.
Luis Gustavo Pereira, estrategista-chefe da Guide Investimentos, trabalha com a possibilidade de um dólar entre R$ 4,25 e R$ 4,27 nas próximas semanas.
Cenário externo
A piora das tensões comerciais entre os Estados Unidos e outras potências também tem ajudado a desvalorizar o real e outras moedas emergentes, de países como Turquia e Argentina.
Outro fator que pressiona o câmbio é a elevação das taxas básicas de juros nas economias avançadas como Estados Unidos e União Europeia, o que incentiva a retirada de dólares dos países emergentes.
Depois de manter os juros num patamar baixo por muitos anos para estimular o crescimento econômico, os principais países estão fazendo o movimento contrário em meio a um aumento da inflação. O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), por exemplo, já aumentou a taxa de juros duas vezes este ano e deve, segundo os economistas, elevar mais duas até dezembro. Neste mês, a Inglaterra colocou os juros no patamar mais alto desde 2009.
Real é a 7ª moeda que acumula a maior desvalorização no ano
As moedas dos países emergentes estão entre as que mais se desvalorizaram neste ano, segundo ranking com 140 países feito pelo economista da Austin Rating, Alex Agostini. O real é a 7ª moeda que mais perdeu valor na comparação com o dólar em 2018 até o fechamento da véspera dos mercados. Veja gráfico abaixo:
A Venezuela, que sofre uma hiperinflação, lidera o ranking de moedas mais desvalorizadas no mundo. Na sequência, vem a nova libra sudanesa (-61,3%), o kwanza da Angola (-37,9%) e o peso argentino. Com uma forte desvalorização do peso, a Argentina teve de recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para receber uma ajuda de US$ 50 bilhões.
Real é a 7ª moeda que acumula a maior desvalorização no ano (Foto: Infografia: Juliane Souza/G1)
Outro emergente em crise cambial é a a Turquia, que enfrentou uma forte desvalorização da lira turca nas últimas semanas, levando pânico aos mercados. No ano, a moeda acumula derreteu 37,9% frente ao dólar.
Analistas avaliam que o volume expressivo de reservas internacionais garante ao Brasil um colchão maior de proteção para enfrentar volatilidades e maiores turbulências nos fluxos de entradas e saídas de dólares do país. O país possui atualmente reservas cambiais que chegam a US$ 380 bilhões.
Última sessão
Na véspera, o dólar encerrou o dia cotado a R$ 4,0358, maior cotação de fechamento desde 18 de fevereiro de 2016 (R$ 4,0484). A alta foi puxada, segundo analistas, pela pesquisa de intenção de voto do Ibope para presidente. Foi o quinto pregão consecutivo de alta.
Já o dólar turismo fechou a R$ 4,20 na terça. Para o consumidor final, porém, a cotação encostou nos R$ 4,50 nos cartões pré-pagos, incluído o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), segundo comparativo site Melhor Câmbio. Em espécie, o dólar chegou a ser vendido a R$ 4,25.
O Banco Central realiza nesta sessão leilão de até 4,8 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares para rolagem do vencimento de setembro, no total de US$ 5,255 bilhões. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.
Profissionais do mercado já comentam que o salto do dólar aumenta a pressão para que o Banco Central volte a intervir no câmbio.