POLICIA
Documentos revelam offshores de políticos ligados a sete partidos.
Há ligações com PDT, PMDB, PP, PSB, PSD, PSDB e PTB.
Em 04/04/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Os arquivos da Mossack Fonseca mostram que o escritório panamenho de advocacia criou ou vendeu empresas offshore para políticos brasileiros e seus familiares. Há ligações com PDT, PMDB, PP, PSB, PSD, PSDB e PTB.
Entre outros, aparecem vinculados a empresas offshores o deputado federal Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG) e o pai dele, o ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso; o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto; os ex-deputados João Lyra (PSD-AL) e Vadão Gomes (PP-SP); e o ex-senador e presidente do PSDB Sérgio Guerra, morto em 2014.
Há também alguns parentes de políticos que têm ou tiveram offshores registradas. É o caso de Gabriel Nascimento Lacerda, filho do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), e de Luciano Lobão, filho do senador Edison Lobão (PMDB-MA).
Funcionários da Mossack Fonseca dizem, em trocas reservadas de e-mails, que a política da companhia é “não atender pessoas que têm ou tiveram cargos políticos”.
A lei brasileira permite a qualquer cidadão ter uma empresa em um paraíso fiscal. É necessário, entretanto, que a operação esteja registrada no Imposto de Renda do proprietário. Quando há envio de recursos para o exterior, é também obrigatório informar ao Banco Central sobre a operação, em casos que superem determinado valor.
A documentação usada nesta reportagem foi obtida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), organização sem fins lucrativos e com sede em Washington, nos EUA. O material está sendo investigado há cerca de um ano para a preparação da série Panama Papers. No Brasil, participam dessa investigação o Estado, o UOL e a Rede TV!.
As informações são originais, da base de dados da Mossack Fonseca. Os dados foram obtidos pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung e compartilhados com o ICIJ.
Algumas das offshores foram utilizadas pelos políticos e seus parentes para comprar bens e imóveis no exterior. Outras serviram para movimentar contas bancárias em países como a Suíça.
No Brasil, foram checados no banco de dados os nomes de pessoas classificadas no mercado financeiro como “PEPs” (do inglês, "politically exposed person" ou “pessoa politicamente exposta”). O cruzamento realizado incluiu os 513 deputados federais, os 81 senadores e seus suplentes, os 1.061 deputados estaduais eleitos em 2014 e os 424 vereadores das 10 maiores cidades brasileiras. Foi checado o nome da atual presidente e os de todos os seus antecessores vivos, além de seus familiares mais próximos. Os ministros atuais e ex-ministros do STF e de todos os tribunais superiores também foram checados, além dos candidatos a governador e à Presidência da República em 2014.
Estadão Conteúdo