POLÍTICA NACIONAL

Eleição 2016 pode não ter vencedor, mas PT deve ser o maior perdedor.

E é justamente este turbilhão que forma quase um consenso entre observadores.

Em 02/10/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Primeira eleição realizada sob novas regras de campanha eleitoral e de financiamento, a eleição municipal deste domingo não deve mostrar um vencedor claro após a conclusão da apuração, mas a expectativa geral é que o PT, que enfrenta um tempestade de más notícias nos últimos meses, seja o maior perdedor.

Pouco mais de 144 milhões de eleitores irão às seções eleitorais nos 5.568 municípios do país, após uma campanha ofuscada pelos montantes mais modestos destinados às candidaturas, o tempo menor de propaganda eleitoral no rádio e na TV e o turbilhão político, alimentado especialmente pelo processo de impeachment de Dilma Rousseff, que monopolizou o noticiário pouco antes do pleito.

E é justamente este turbilhão que forma quase um consenso entre observadores da cena política nacional de que o PT, partido que governou o Brasil por 13 anos, deve ser o principal derrotado quando contados os votos de uma eleição que servirá também para medir os impactos eleitorais das investigações da operação Lava Jato.

O PT vai perder muita substância

"A resposta mais óbvia é imaginar que o PT vai perder muita substância e que a máquina do PT vai chegar muito reduzida em 2018", disse o cientista político do Insper Carlos Melo.

Ao mesmo tempo, uma pergunta mais difícil de se responder é que partido poderá se declarar o grande vencedor desta eleição.

Com um novo presidente da República empossado efetivamente há apenas um mês, novas regras que mudaram drasticamente o jogo eleitoral e a fragmentação partidária que tem crescido a cada eleição, pode ser arriscado tentar antecipar quem vai levar esse troféu, se é que alguém poderá levantá-lo.

O presidente Michel Temer, do PMDB, tem evitado se envolver na disputa, alegando cautela para não melindrar partidos que compõem uma base parlamentar formada por grande número de legendas. Mas a baixa popularidade de Temer, apontada pelas pesquisas e demonstrada em vaias recentes ao presidente, pode ter desempenhado um papel nessa decisão.

O PSDB

Já no PSDB, outro partido que tem sido protagonista na política brasileira ao lado de PT e PMDB, a expectativa é que, se confirmadas as pesquisas de intenção de voto, os resultados nos dois maiores colégios eleitorais do Brasil --São Paulo e Minas Gerais-- fortaleçam o governador paulista, Geraldo Alckmin, e o senador mineiro Aécio Neves.

Um resultado que certamente será comemorado pelo tucanato se confirmado, mas pode embaralhar ainda mais a definição do candidato tucano à Presidência da República em 2018, com chances de um racha mais profundo dentro do partido.

Diante de um cenário tão nebuloso, provavelmente a única certeza é que lideranças de todos os partidos se debruçarão a partir de segunda-feira sobre os resultados da apuração para traçar estratégias em cidades onde haverá segundo turno daqui a quatro semanas, mas principalmente para entender os impactos das novas regras e do momento político atual para começar a colocar as peças no tabuleiro para 2018.

Por Eduardo Simões/Reuters