POLÍTICA NACIONAL
Eleições: Três estados brasileiros pode influir no futuro do País
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ampliou na reta final a vantagem sobre Bolsonaro.
Em 01/10/2022 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Apesar de Lula estar bem nas últimas pesquisas, as disputas em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro são essenciais para sua eventual governabilidade – e para impedir um bolsão relevante da oposição.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ampliou na reta final a vantagem sobre Jair Bolsonaro nos três maiores colégios eleitorais do País, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Mas isso não significa que um eventual governo do PT terá vida fácil. O PT e seus aliados têm um caminho difícil pela frente na disputa pelos governos locais. No caso desses três poderosos estados, a vitória de adversários pode influenciar na governabilidade e criar um bolsão relevante de oposição — condição fundamental para o bolsonarismo, em caso de derrota, manter-se vivo.
Na região Sudeste, o Partido dos Trabalhadores (PT) tem candidatura própria apenas em São Paulo, com Fernando Haddad. No maior colégio eleitoral do País, com 22% dos eleitores, Haddad lidera a corrida, mas estagnou nas pesquisas. O ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo vê o crescimento de seus dois principais adversários, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o governador Rodrigo Garcia (PSDB), que tenta a reeleição. O estado pode repetir a polarização nacional entre petistas e bolsonaristas, o que, claro, é do interesse de Lula e Bolsonaro, que garantiriam palanques locais caso a disputa presidencial não se encerre no primeiro turno. Para reforçar essa tendência e garantir a manutenção do atual cenário, Haddad e Tarcísio se uniram nos ataques ao tucano no último debate antes da votação de domingo, realizado na terça, 27 e transmitido pela TV Globo. Tarcísio e Rodrigo brigam pela vaga no segundo turno, portanto é natural que o bolsonarista mire no atual governador.
O petista prefere ter um bolsonarista como adversário o atual governador seria o único com chances de vencer Haddad, apontam as pesquisas. Apesar da “dobradinha” entre petistas e bolsonaristas, Rodrigo não é carta fora do baralho e ainda pode virar o jogo e chegar ao segundo turno. Nesse caso, uma eventual vitória daria seguimento, no estado, a uma hegemonia tucana que vem desde 1996. Está em jogo não apenas a posição no maior estado da Federação, mas a própria sobrevivência do PSDB, que precisará lutar para se manter relevante — o Rio Grande do Sul, com Rodrigo Leite, é o estado em que a legenda tem mais chances de ganhar no segundo turno.
Em Minas, o governador Romeu Zema (Novo) vê diminuírem suas chances de garantir sua recondução ao Palácio Tiradentes já no primeiro turno, com o crescimento do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), aliado de Lula. Eleito em 2018 com o bordão “Bolsozema”, o agora envergonhado bolsonarista não deu palanque para Bolsonaro no primeiro turno, e evita bater em Lula, embora siga fazendo duras críticas ao PT. Aparentemente, não quer se indispor de antemão com o provável próximo presidente da República. Apesar de pragmático, Zema não deve ser um aliado de Lula em um eventual governo petista.
No Rio, o bolsonarista Cláudio Castro (PL), líder nas pesquisas, tenta encerrar a disputa já no primeiro turno, enquanto o candidato de Lula no estado, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB), busca arrastar a eleição até o dia 30 de outubro. Freixo aposta suas fichas na vitória do ex-presidente Lula no primeiro turno, o que liberaria o petista, já eleito, a se dedicar à sua candidatura. Com a provável vitória de Castro, um eventual governo Lula terá um bolsonarista como adversário.
Bahia e Ceará
No Nordeste, Bahia e Ceará também são palanques estratégicos. Na Bahia, a disputa é entre o prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), que lidera, e o petista Jerônimo Rodrigues, que vem conseguindo reduzir drasticamente a distância do primeiro colocado. ACM Neto tenta de desvincular de Bolsonaro, que no estado tem apenas um terço das intenções de voto de Lula. Estreante e ancorado na popularidade de Lula, Jerônimo sonha em manter localmente a hegemonia do PT — já são 16 anos no poder. A provável vitória de ACM Neto não dará um aliado a Lula no estado. caso o petista chegue ao Planalto.
No Ceará de Ciro Gomes (PDT), o petista Elmano de Freitas e o bolsonarista Capitão Wagner (União Brasil) estão empatados. Já o candidato de Ciro, Roberto Cláudio (PDT), segue em terceiro, praticamente sem chances. Ciro Gomes reproduz em seu berço político a guerra que trava nacionalmente. Rompeu aliança de 16 anos ao insistir na candidatura de Roberto Cláudio, razão pela qual brigou com os próprios irmãos, o senador Cid Gomes e o prefeito de Sobral, Ivo Gomes. Ciro se diz “esfaqueado pelas costas” e anunciou que não vai pedir voto no estado natal, onde tem 10% dos eleitores — Lula tem mais de 60%. Se ganhar, o petista deverá torcer para conquistar um aliado no estado. Apesar de popular no Nordeste, o ex-presidente tem sua maior aposta na região na reeleição da governadora petista Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte. É pouco para alguém que, se vitorioso, terá um enorme desafio para pacificar o País, polarizado nos anos bolsonaristas. (Gabriela RÖLKE/INSTOÉ - https://istoe.com.br/autor/gabriela-rolke/)
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