POLÍTICA INTERNACIONAL
Em discurso à nação, Obama defende combate ao terrorismo e reforma eleitoral.
Durante quase uma hora, Barack Obama fez o balanço dos sete anos de governo.
Em 13/01/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Com um tom progressista, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apontou na noite dessa terça-feira (12), em seu último discurso do estado da União, que o país não deve isolar-se como defendem os que usam retórica do medo do terrorismo; deve buscar uma economia mais justa e igualitária e defendeu mudanças no sistema eleitoral americano, com o fortalecimento do voto direto.
Durante quase uma hora, ele fez o balanço dos sete anos de governo, mas frisou que seu enfoque seria o futuro e em como os Estados Unidos deveriam ser construídos por todos: brancos, negros, latinos, democratas e republicanos.
Ao falar da ação de grupos como o Estado Islâmico (EI), ele disse que o país deve ir atrás dos terroristas, mas que não deve acreditar que eles “representam uma à existência da nação”. Obama defendeu que o combate ao EI é uma prioridade, porque eles usam a Internet para envenenar as mentes dos indivíduos dentro do próprio país.
Na visão dele, no entanto, isso não quer dizer que os Estados Unidos devam ser radicais contra a diversidade religiosa e ideológica em seu território. “Nosso inimigo [EI] está escondido em garagens e apartamentos e vamos atrás deles, que representam um perigo para civis. Mas não precisamos destruir alianças ou afastar aliados vitais nesta luta baseados em uma mentira de que o Estado Islâmico representa uma das maiores religiões do mundo (Islamismo)”, afirmou.
Obama enfatizou bastante o tema, especialmente porque a ideia de endurecer as regras para muçulmanos é uma das propostas que vem alavancado o crescimento do multimilionário, Donald Trump, pré-candidato presidencial e líder nas pesquisas entre os Republicanos.
O presidente lembrou que os Estados Unidos lideram uma coalizão de mais de 60 países na estratégia de cortar o financiamento do EI e nos ataques aéreos. “Além disso, estamos assumindo a liderança de seus campos de treinamento e apreendendo suas armas”, disse.
Mas ele também exortou o Congresso a autorizar o uso de forças militares contra o EI. Afirmou que embora o enfoque primordial da política externa de segurança do país deva ser o combate ao EI e a Al Qaeda, também é importante trabalhar pela estabilidade na África, América Central e Ásia.
Obama também lembrou das conquistas da política externa baseada na diplomacia, como o acordo nuclear com o Irã e falou da importância do restabelecimento das relações diplomáticas com Cuba, depois de 50 anos. Ele chamou a atenção do Congresso para que retire o embargo econômico e ressaltou mais uma vez que a prisão de Guantánamo deve ser fechada.
Nova economia
Obama ressaltou as conquistas econômicas e como o país saiu da crise em 2008 para manter-se a maior economia do mundo e em ascensão em 2015, com mais de 14,1 milhões de novos empregos no ano passado - o melhor desempenho desde a década de 1990. “Qualquer um que diga que a economia da América está em declínio, está disseminando uma ficção. Mas a verdade, que deixa muitos americanos ansiosos, é que a economia tem mudado de forma profunda”, comentou.
Crítico, ele disse que os critérios da economia devem ser repensados e que grandes corporações financeiras, industriais e petroleiras deveriam ser reguladas. Obama admitiu não ter conseguido chegar a um acordo em seus dois mandatos sobre qual deve ser o papel do governo para garantir que o sistema não seja manipulado em favor das companhias mais ricas. “Aqui, o povo americano tem uma escolha a fazer, nosso enfoque nesta nova economia deve ser o trabalhador, a pequena empresa e como garantir que exista justiça e igualdade de oportunidades”, destacou.
Obama Defendeu ainda a manutenção e a ampliação das mudanças no sistema de saúde e no plano de assistência que criou, o “Medicare”, apelidado de “Obama Care” e o sistema de seguridade social.
O presidente também apelou para que as empresas coloquem seus lucros e seu poder a serviço da tecnologia para encontrar caminhos sustentáveis, ao mencionar o aquecimento global. “Temos de acelerar a transição para energia limpa”, defendeu, mencionando que o país deixou de importar 60% de petróleo, mas precisa colocar dinheiro na construção de um sistema de transporte do século 21.
Sistema eleitoral
Ao terminar o discurso, Obama refletiu sobre o sistema político e eleitoral no país. Disse que a política norte-americana precisa de mudanças e de a construção de um debate de alto nível. “Uma melhor política não significa que nós temos que concordar em tudo. Este é um grande país, com diferentes regiões e atitudes e interesses. Esse é um dos nossos pontos fortes, também”, afirmou.
Indiretamente, voltou a condenar discursos radicais como o de Donald Trump. “Nossa vida pública murcha quando apenas as vozes mais extremas chamar a atenção", disse.
Obama foi enfático ao defender maior peso do voto direto nas eleições. Para ele, é preciso acabar com a prática de desenhar distritos congressionais de modo que os políticos podem escolher seus eleitores, e não o contrário. E defendeu uma mudança no sistema de financiamento eleitoral. “Temos de reduzir a influência do dinheiro em nossa política, de modo que um punhado de famílias e interesses ocultos não pode financiar nossas eleições”.
Obama exortou os cidadãos norte-americanos a buscarem esta mudança "não apenas em quem é eleito, mas como eles são eleitos ". Para ele, isso só acontecerá quando o povo americano a exigir (a mudança). " Vai depender de você. Isso é o que se entende por um governo de, por e para o povo”, disse.
O presidente terminou o pronunciamento dizendo que isso (mudança) não vai ser fácil. “Mas posso prometer que um ano a partir de agora, quando já não ocupar este cargo, eu estarei lá com você como um cidadão, inspirado por essas vozes da equidade que nos ajudam a ver a nós mesmos não em primeiro lugar como negros ou brancos, asiáticos ou latinos; não como gay ou hetero, imigrantes ou nativos; não como democratas ou republicanos, mas como americanos primeiro, vinculados por um credo comum”, acrescentou.
Agência Lusa