ESPORTE NACIONAL

Em reunião na CBF, técnicos pedem limite de transferências.

Ideia é que em todas as séries do Brasileiro, clubes possam trocar o comando duas vezes.

Em 21/08/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Reconhecimento no exterior e limite para transferência de treinadores. Essas são as principais pautas levantadas por vários técnicos que estiveram reunidos na manhã desta segunda-feira, na sede da CBF, em evento promovido pela Federação Brasileira da categoria (FBTF). O grupo discutiu vários temas e repassou as propostas para a diretoria da CBF. A intenção é que algumas regras sejam incluídas no Regulamento Geral de Competições da entidade a partir de 2018.

A reunião foi mediada por uma mesa composta por nomes como Zico, Falcão, Parreira, Tite, Alfredo Sampaio, Vágner Mancini, Vanderlei Luxemburgo e Zé Mário, que é presidente da FBTF. A proposta dos treinadores é que, a partir de 2018, haja o limite de duas transferências de comando por clube em cada série do Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil. O técnico só poderá trabalhar em mais de uma equipe na mesma competição. Após o evento, um comitê de treinadores se reuniu com a diretoria da CBF.

– (É um tema discutido) da nossa parte e da parte da CBF, que tem que anuir isso. Nós também somos levianos nesse sentido das trocas. Somos uma classe meio desunida. Se pudermos trabalhar três, quatro vezes por ano em clubes diferentes, nós trabalhamos. Temos que ter a ética e respeito entre nós. Estamos reinvidicando que sejam duas transferências na categoria que estão trabalhando, primeira e segunda divisão, e dali para frente não se possa mais trabalhar – destacou Luxemburgo.

Somente no Brasileirão, até este momento, já houve 12 demissões de técnico. A equipe que mais trocou foi o Vitória, que já teve quatro treinadores diferentes, incluindo um interino. Técnico do Atlético-MG, Rogério Micale esteve presente na reunião e endossou o discurso dos treinadores. Espera ver menos rotatividade e um futebol "mais organizado".

– O contrato proporciona, ao empregador e ao empregado, o poder de rescisão. O que a gente quer é algo mais organizado para que não afete tanto o desenvolvimento do nosso futebol. Não estamos aqui pensando apenas nos treinadores, mas sim no desenvolvimento do futebol. Vamos tomar algumas atitudes para que a gente possa melhorar cada vez mais e estarmos comparados ao resto do mundo – opina o ex-técnico da seleção brasileira sub-20, que comanda o Galo após a demissão de Roger Machado.

A entidade também exige que os atuais cursos de treinadores promovidos pela CBF sejam reconhecidos no exterior. A partir de 2019, os téncnicos terão queter Licença A para trabalhar em competições nacionais. A categoria espera que a liberação também valha em outros países e, para isso, pede à CBF que articule com as demais associações nacionais para aceitá-la. O primeiro passo deve ocorrer em 2019. A Conmebol tem um cronograma para unificar todas as licenças de cursos promovidos nos países da América do Sul.

A pauta ganhou repercussão maior depois da chegada de Reinaldo Rueda para o comando do Flamengo. O técnico do Botafogo, Jair Ventura, criticou a falta de mercado para os brasileiros no exterior, comentário que soou como reclamação pela chegada de Rueda ao país e levou o treinador alvinegro a ter de explicar sua posição em nota. Os participantes da reunião desta segunda na CBF garantem que o evento está marcado desde antes da contratação do colombiano no Rubro-Negro.

Técnicos tentam driblar clubes para aprovar medidas

A proposta para limite de trocas de técnicos não é recente no futebol brasileiro. Foi levantada pela CBF aos clubes nos últimos dois conselhos técnicos do Brasileirão Série A. No entanto, os dirigentes reprovaram as medidas. Para tentar driblar uma nova resistência dos times, os técnicos foram direto à entidade nacional. Para a possível inclusão das novas normas no Regulamento Geral de Competições (RGC), a CBF não precisa ouvir os clubes. Os conselhos só servem para os regulamentos específicos de cada torneio. Vice-presidente da FBTF, Vágner Mancini, técnico do Vitória, evitou comentar uma possível resistência dos clubes. Mas reforça que, para eles, a melhor maneira de garantir a estabilidade da categoria é a inclusão das regras no RGC.

– Fica difícil a gente falar porque não estávamos no Conselho. Deve ter tido um debate sobre isso. Sinceramente, em todos os clubes que passei, nunca tive dificuldade para dizer isso. Você tem que sentar e deixar claro quando está chegando. A porta de saída é muito mais estreita do que a chegada. A sua saída do clube é dificultada por uma série de coisas. O ambiente não é propício, vive pressão. Por isso a gente quer que a CBF torne isso como norma. Que conste no regulamento para que não haja esse tipo de desgaste – disse Mancini.

Confira os pontos reivindicados pelos técnicos na reunião na CBF:

- Apoio da CBF à Lei Caio Júnior:

Foi um ofício para ser encaminhado ao Deputado Federal Sandro Alves, relator do Projeto de Lei 7.560/2014 (Lei Caio Júnior) na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados. A tramitação do projeto está parada sob a alegação de que a lei não tem o apoio dos treinadores, e o ofício tem o objetivo de confirmar o apoio da categoria e destravar a tramitação.

- Demissão e contratação de treinadores:

A FBTF deseja que a CBF inclua no regulamento geral de competições a partir de 2018 regra que obrigue os clubes a quitar todas as dívidas trabalhistas, incluindo o direito de imagem, com o técnico demitido para poder registrar o contrato de trabalho do treinador substituto. Enquanto não houver o acordo de quitação com o técnico demitido, o clube só poderá utilizar profissionais da base com contrato registrado, e não contratar um novo treinador.

- Limite para transferência de treinadores:

Também para ser incluído no regulamento de competições da CBF o limite de duas transferências de treinador por clube em cada série do Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil. Se um técnico deixar um time, só poderá trabalhar em mais um da mesma competição na temporada.

- Registro de contrato de trabalho dos treinadores:

Mais uma exigência para o regulamento de competições da CBF: que as federações estaduais sejam obrigadas a registrar o contrato de trabalho dos treinadores para que ele possa atual em qualquer competição, nacional ou estadual.

- Atuação de treinadores estrangeiros no Brasil:

A FBTF deseja que os profissionais estrangeiros tenham licença de trabalho equivalente às licenças exigidas aos brasileiros para atuação no país. A partir de 2019, todos os treinadores brasileiros precisarão ter a Licença A da CBF para trabalhar em competições nacionais.

- Reconhecimento internacional da licença brasileira

Os treinadores pedem à CBF que atue junte à Conmebol e à Fifa para obter reconhecimento e validação da licença brasileira. Mercados antes abertos aos treinadores brasileiros, como o Oriente Médio e a Ásia, começam a exigir que os treinadores tenham licença da Uefa.