POLICIA
Empreiteiras criavam contratos fictícios, diz ex-contadora de Youssef.
Meire Poza disse que prestará os esclarecimentos necessários à Justiça.
Em 03/02/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, afirmou em depoimento à Justiça Federal nesta terça-feira (3) que a empresa GFD Investimentos, do doleiro, emitiu em nome da empreiteira Engevix, investigada na Operação Lava Jato, dez notas fictícias no valor total de R$ 2,13 milhões, por serviços nunca prestados.
“Os tipos de serviços que foram descritos nas notas emitidas para as empreiteiras não foram prestados”, disse Meire, primeira a ser ouvida, após deixar a audiência. Ela voltou a dizer que a GDF Investimentos era uma empresa de fachada utilizada pelo doleiro para captar recursos ilícitos de construtoras.
Por meio de nota, a Engevix informou que não vai comentar as declarações de Meire Poza e que prestará os esclarecimentos necessários à Justiça.
Foram retomados às 14h, em Curitiba, os depoimentos das testemunhas de acusação do Ministério Público Federal em seis processos relacionados à corrupção na Petrobras. Nesta terça, são ouvidas testemunhas arroladas no processo que envolve executivos da Engevix. As audiências das ações penais originadas da sétima fase da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), começaram na segunda-feira (2).
“As notas comprovam que as empreiteiras, por algum motivo, deviam algum valor para o Alberto”, afirmou. Segundo a ex-contadora, o motivo nunca lhe foi informado.
“A própria empreiteira dizia o que era, eles acordavam o que era para ser colocado no objeto do contrato.”
Ela citou três das empresas investigadas: Mendes Jr, Sanko Sider e Engevix. Meire disse que não tem conhecimento do envolvimento de políticos no esquema investigado.
Para esta tarde, também estão previstos os depoimentos da funcionária da Petrobras Venina Velosa da Fonseca, dos executivos da Toyo Setal Augusto Ribeiro e Júlio Gerin, do sócio do laboratório Labogen Leonardo Meirelles.
Venina da Fonseca era gerente executiva da Diretoria de Refino e Abastecimento da Petrobras e foi subordinada do ex-diretor Paulo Roberto Costa, réu no processo. Ela diz que alertou a diretoria e a presidente da empresa, Graça Foster, sobre as irregularidades em contratos da estatal.
A funcionária foi transferida para a Ásia após denunciar o esquema de corrupção e, posteriormente, foi afastada. O depoimento de Venina é um dos mais aguardados.
São réus no processo:
- Alberto Youssef (suspeito de liderar o esquema de corrupção)
- Carlos Alberto Pereira da Costa (representante formal da GFD Investimentos, pertencente a Alberto Youssef e réu em outros processos ligados a Lava Jato)
- Carlos Eduardo Strauch Albero (diretor da Engevix)
- Enivaldo Quadrado (ex-dono da corretora Bônus Banval, que atuava na área financeira da GFD e réu em outros processos ligados a Lava Jato)
- Gerson de Mello Almada (vice-presidente da empreiteira Engevix)
- Luiz Roberto Pereira (ex-diretor da Engevix)
- Newton Prado Júnior (diretor da Engevix)
- Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras)
- Waldomiro de Oliveira (dono da MO Consultoria) foi afastada.
Dos nove réus nesta ação, dois estão presos na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba – Alberto Youssef e Gerson de Mello Almada. Paulo Roberto Costa está em prisão domiciliar, no Rio de Janeiro, enquanto os demais respondem em liberdade.
Na segunda-feira, foram ouvidos os executivos da Toyo Setal Augusto Ribeiro Mendonça Neto e Júlio Grein de Almeida Camargo, delatores que assinaram acordo de delação premiada, e o delegado da PF Márcio Anselmo.
A sétima etapa da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), foi deflagrada em novembro de 2014 e culminou na abertura de seis ações penais contra executivos de empreiteiras, além de ex-diretores da estatal e pessoas acusadas de operar o esquema de pagamentos de propina.
Os executivos são ligados às empresas Engevix, Mendes Júnior, Galvão Engenharia, OAS, Camargo Corrêa e UTC.
Fonte: MP/PR